Cap. 17 - In My Blood

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Help me, it's like the walls are caving in
Sometimes I feel like giving up
No medicine is strong enough
Someone help me
I'm crawling in my skin
Sometimes I feel like giving up
But I just can't

ZON

Zon estava de volta naquele porão onde era mantido.

Um lugar empoeirado, com um cheiro podre e uma cama de estrado e um colchão fino com lençóis de cor terrosa. Não era pequeno, mas o piso não era limpo e as paredes estavam mofadas. O odor pungente de seu próprio sangue machucava seu sentido olfativo mais apurado e seu próprio cheiro o incomodava.

Os guardas que o guardavam estavam o tocando e rindo de suas orelhas de pelugem castanha, de seu rabo sujo e molhado. Eles o tocavam, e abriam suas calças, abaixavam suas calças. Podia sentir seus odores corporais, cheiros fortes e ruins.

Lágrimas escorriam de sua face quando engasgava, e seu corpo tremia de frio e dor por causa de tudo o que faziam consigo.

— Por favor... Por favor... — implorava, enquanto dormia, e sentiu um braço apertar em torno de si, dedos longos de uma mão grande acariciarem sua cabeça.

— Zon, acorda. — ouviu uma voz conhecida sussurrar em seu ouvido, um cheiro conhecido inundou seu olfato, e Zon enterrou o nariz na pele quente do humano de odor peculiar. — Shh... Estou aqui, gatinho. Estou bem aqui.

Lágrimas quentes escorriam por sua bochecha, quando apertou a cintura de Saifah, com o nariz enterrado na pele de seu peito nu, tentando absorver aquele cheiro tão familiar e calmante, enquanto o estudante de engenharia acariciava sua cabeça, atrás das orelhas felinas. Soluços saíam por entre seus lábios, fazendo seu corpo ter espasmos contra o corpo maior e mais forte, enquanto chorava alto contra a pele nua.

— Está tudo bem agora. — o humano sussurrava em seu ouvido, dando beijos esporádicos em seu ouvido.

Havia anos que as lembranças não o assustavam mais.

Viver doze anos em uma casa que fora cuidado e tratado como uma criança, e não como um bicho que deveria estar na sarjeta — como acabou se tornando mais cedo ou mais tarde — criou novas memórias, substituindo aquelas em que fora maltratado e constantemente abusado.

Lágrimas escorriam de seus olhos, enquanto apertava o corpo maior de seu namorado, tentando garantir que ele estava ali, e que não o deixaria voltar para a casa daquele homem.

— Não me deixa. — implorava, com a voz embargada. — Não deixa ele me pegar.

— Não vou deixar nada acontecer a você, meu gatinho. — respondia Saifah, sussurrando nos ouvidos do jovem híbrido, que tivera um pesadelo.

E, naquela manhã, Zon acordou com dor bem atrás dos olhos inchados por chorar boa parte da noite e durante boa parte da madrugada, e Saifah não estava na cama quando se virou e passou a mão ao seu lado, onde o humano deveria estar.

Suspirou, virando-se na cama novamente e ficou deitado de costas no colchão macio, olhando para o teto azul claro, com nuvens brancas pintadas com uma esponja amarela, as quais ele mesmo pintou com sua família. Depois de dois anos que fora acolhido e finalmente aceitara-os como sua família. Mali e Somcai subiram em uma escada e pintaram nuvens brancas nas quatro paredes, perto do teto, fazendo-as parecer algodões fofos.

Havia um painel com fotos tiradas com uma máquina Polaroid, sempre adorou aquelas fotos, todas eram desde quando entrara para a família Jitattad, e, no centro de todas as fotos, havia um documento — uma cópia dos documentos de adoção, assinadas por um juiz, por Mali e por Somcai. Um papel emoldurado com bordas douradas e um vidro protegendo-o dos efeitos do tempo.

Hybrid [SaifahZon + TutorFigther]Onde histórias criam vida. Descubra agora