Cap. 9 - If You Want Love (Parte 2)

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TUTOR

— Merda! — o felino gritou, batendo a cabeça algumas vezes na mesa de madeira.

Sabia que Saifah o encarava com uma sobrancelha erguida e um sorriso divertido nos lábios, enquanto pegava o pedaço de carne com os takiap e mordendo-o, sujando um pouco a boca com o molho. Por outro lado, Day olhava o amigo felino com o cenho franzido, passando a mão nas costas do outro, em uma tentativa de acalma-lo, mesmo sem saber exatamente do que estava acontecendo com o outro.

— Você está assim porque passou o cio com o Fighter? — perguntou Saifah, com a boca cheia.

Tutor levantou a cabeça com uma rapidez atordoante, encarando o amigo humano com um olhar constrangido — como quase nunca era visto — e arregalado.

— Saifah! — exclamou, fazendo o mais alto sorrir, engolindo a comida. Então abaixou a cabeça novamente, soltando um sonoro suspiro.

— Pronto, pronto... — disse Day, ainda passando a mão nas costas do amigo, como se estivesse consolando uma criança. — Pronto. Está tudo bem se você passou o cio com o Fighter, Tor. Você não diz que é só uma necessidade física? Só sexo? Então, por que seria diferente agora?

— Dessa vez foi diferente, Day. — respondeu Saifah, dando de ombros.

Tor levantou a cabeça novamente, encarando o amigo mais alto com uma expressão de olhos semicerrados e bochechas infladas.

— Você! — atacou, jogando o corpo sobre a mesa, com as garras esticadas, tentando atingir o rosto do humano de cabelos castanhos avermelhados.

Day o segurou pela cintura, impedindo a aproximação violenta de Tor e Saifah, que havia saltado do banco, largando sua comida na mesa, afastando-se da mesa com os olhos arregalados.

— Eu estou mentindo? — disse Saifah, sua expressão sóbria, sustentando o olhar enraivecido de Tutor. — Você tá fodido. Eu entendi isso, mas... Não é mais fácil seguir a correnteza do que lutar contra?

— Você não sabe de nada! Você não...

— Zon conversou comigo, Tor. — disse o amigo de pé, dando um passo à frente, ainda enfrentando o felino, que relaxou um pouco o corpo à menção do irmão. — Se a teoria dele estiver certa, não é mais fácil ceder do que ficar teimando?

O felino bufou, expirando o ar pelo nariz, enquanto deixava seu corpo cair sentado no banco, voltando a abaixar a cabeça na mesa, sentindo a bochecha encostar na superfície morna de madeira.

Seu amigo tinha razão, porque seu irmão tinha razão.

Lembrava-se da dor que sentiu quatro dias antes, quando o cio tinha acabado de começar. O felino — que antes era tão inclinado a fugir de casa pela janela de seu quarto no apartamento no primeiro andar de um prédio antigo e confortável — sentia falta do cheiro amadeirado de almíscar que o humano — ninguém mais, ninguém menos, que seu veterano no curso de Engenharia — e, junto com a dor que os atormentava, continuava se lamentando, em voz alta, enquanto a consciência de Tutor se tornava cada vez mais delirante, afastando-se de seu corpo e fechando os olhos, completamente inconsciente.

Isso nunca tinha acontecido antes.

O felino acinzentado nunca havia sentido tanta dor por tanto tempo, a ponto de desmaiar, acordando transtornado — transformado, poderia dizer — algumas horas depois, arrastando-se nos móveis tentando procurar pelo cheiro. Ele não queria sair, não queria se encontrar com outros híbridos na rua, que, possivelmente, estariam passando pelo mesmo que ele. O bichano só queria ficar ali, lamentando-se pela falta de um odor e pela dor.

Hybrid [SaifahZon + TutorFigther]Onde histórias criam vida. Descubra agora