Chamado de sangue

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OI GENTE

A autora aqui está com os dedos da mão meio doloridos (escrevo no trabalho, escrevo após o trabalho, então a mão tá pedindo arrego), então ela vai dar uma relaxada (volto logo, não vou sumir).

Deixei essa coisinha pra vocês aproveitarem e o próximo capítulo é segunda-feira que vem, 08/03.

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Três crianças se encontravam sentadas à mesa colorida da praça de alimentação, cada uma delas expressando na forma como comiam traços de sua personalidade.

Dois deles eram gêmeos idênticos, e mesmo vestidos com roupas diferentes e os cabelos em penteados opostos – um arrumado, o outro bagunçado - era difícil para Gustavo Villar saber quem era Daniel e quem era Heitor. Ele só percebeu as diferenças quando começaram a comer: o primeiro comia primeiro as batatas fritas, colocando cada uma delas na pequena vasilha de catchup. Muito tranquilo, calmo, e Gustavo enxergou um pouco de si mesmo naquele pragmatismo infantil.

Já Heitor encheu o pacote de batatinhas com catchup e comia as batatas ao mesmo tempo que abocanhava o hambúrguer. Era visível que ele não tinha muita paciência, ou queria fazer tudo ao mesmo tempo. Gostava daquela personalidade; bem-direcionado, ele faria grandes coisas no futuro. Ainda se lembrou do menino chutando a perna do segurança e chamando todo mundo de "feio", agora ali, colado à mãe, a pessoa mais importante do mundo para ele.

De repente, uma mãozinha surgiu no seu campo de visão.

- Quer pãozinho, moço?

Era Valentina – ou como os três chamavam, Tininha, um ponto de luz e de inocência infantil que enterneceriam qualquer alma cínica.

- Não, obrigado, estou sem fome. - respondeu, passando seu olhar de Valentina para sua mãe, que apenas comia uma batata aqui e ali. Ele observava os gestos de Agnes, todos para os filhos. Ela os amava, e fazia carinhos nos cabelos, protetora, com um olhar de amor, ao mesmo tempo que havia angústia.

Eram o centro de seu mundo, e Gustavo não conseguia parar de observá-la. Ou às crianças.

- Mamãe, quer pão?

- Obrigada, minha bonequinha. - aceitou, comendo o pedaço. Agnes logo percebeu que alguém a olhava; o homem que ajudou seus filhos. "Gustavo", o nome dele, e o olhar analítico dele, aquelas íris verdes estranhamente familiares, queimavam sua pele de uma forma que ela não esperava.

- Ela sempre oferece a parte dela para as pessoas. É assim comigo, com os irmãos... - explicou.

- Como é a rotina? São três filhos, deve ser... Cansativo, estressante. - "E ela é jovem... O que sacrificou para educar e criar três crianças?"

- Sim. É cansativo, é estressante, e muitas vezes os meninos não ajudam. Mas... Tudo compensa quando eles gritam "eu te amo, mãe", vêm me abraçar, ou mesmo a presença deles. Não consigo pensar em uma vida sem meus filhos.

- E como são, a questão dos gêmeos? Eles costumam fingir que são o outro, algo assim?

Agnes sorriu.

- Quando tentaram, cortei logo. Consigo diferenciar Daniel de Heitor fácil, Heitor é impaciente demais pra ficar calmo.

- Mãe, quero sorvete. - Heitor logo apareceu, falando alto e com o rosto sujo de catchup e molho.

- Mas menino, você nem terminou de comer! - Agnes pegou um guardanapo de papel e limpou o rostinho do garoto, que logo pegou mais um pouco para passar no rosto:

- Não precisa, mãe, sou grande!

- Tão grande que fica todo melado quando vai comer!

O menino continuou limpando o rosto, mas insistiu:

Segredo de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora