Cordeiro santo

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SIIIM os capítulos serão uma vez por semana, mas não terão dias definidos - eu acho que minha ansiedade tá batendo (sim, eu sou diagnosticada igual a Camila de "Hashtag Máfia"), então dessa forma eu não fico tão preocupada com dias e horários e levo a produção com mais tranquilidade.

Este é um longo capítulo em que vamos resolver a aflição do prólogo e apresentar alguns personagens bem curiosos...

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Três crianças estavam sentadas à mesa de jantar, cada uma fazendo um exercício em seu caderno.

As duas mais velhas, meninos gêmeos, estudavam matemática, e a forma como se sentavam refletiam a maneira como organizavam as respostas no papel. Ambos eram altos para a idade, da pele branca com algumas manchas avermelhadas de quem pegou bastante sol e olhos amendoados verdes. Os cabelos eram impossivelmente pretos, um mais arrumado, penteado para o lado, e o outro mais bagunçado.

O menino do cabelo bagunçado, de bermuda azul e uma camiseta de anime, sentava-se com um dos pés no assento da cadeira, e os números se misturavam no papel: "3+3+3+3" e vários resultados no entorno. Já o outro gêmeo, usando uma bermuda branca e uma camisa azul-clara lisa, com uma postura mais "tradicional", ficava com os pés cruzados e respondia com mais rapidez aos exercícios de multiplicação.

A terceira criança era uma menina, menor que os garotos, com seis anos e o rostinho concentrado nos exercícios contidos em seu caderno rosa, com folhas na mesma cor. Eram exercícios de português, e nas lacunas da questão, que indicava sobre o uso do "MP" e do "MB", escrevia "campo", "bombeiro" e "pomba" com uma letra pequena e delicada, como toda a figura da menina. Usava um vestido rosa, maria-chiquinha com laços rosas na cabeça e até mesmo as pulseirinhas no braço eram da mesma cor, contrastando com sua pele negra e os traços igualmente delicados do seu rosto.

Parecia uma boneca, com os olhos grandes e os cílios longos, e até mesmo quando falava, em seu tom de voz baixo e fino, era impossível não chamá-la de "bonequinha" ou fazer carinho em suas bochechas proeminentes.

A concentração dela e dos outros meninos foi observada por outra aparição, de uma mulher adulta, segurando dois papeis na mão, um pouco incerta entre interromper os estudos das crianças ou deixá-las estudando mais um pouco, para só depois iniciar o sermão.

Quando viu um dos meninos fechando o caderno, decidiu interromper.

- Que bom que você foi o primeiro a terminar, Heitor. Quero falar com você.

O menino se virou na direção da mulher, e arregalou os olhos ao ver os papeis. Indicou ao gêmeo com uma cotovelada que o problema ocorreria com ele também.

- Ótimo que seu Daniel vai ouvir também. – virou-se para a menina, que também interrompeu o exercício. – Isso não é com você, Valentina, volta pro caderno.

- Mãe... Eu... Eu não fiz nada! – Heitor iniciou, pulando da cadeira e correndo na direção da mulher, as duas mãos juntas como se fosse uma súplica. – Os idiotas tavam batendo no menino porque ele não ouvia nada aí eu bati neles!

- Heitor, quantas vezes eu disse que não é pra bater nos coleguinhas?

- Mas mãe-

- E você, Daniel, quantas vezes eu disse que não é pra segurar os coleguinhas enquanto Heitor bate neles?

- Mas mãe... – os dois responderam a uma só voz; entretanto a mulher não parecia muito feliz:

- É a segunda vez em um mês que eu recebo essa advertência em relação a vocês, e sabem por que vocês ainda não foram expulsos da escola?

Segredo de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora