Trilha verde

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Aos poucos o casal vai se formando... E este é um capítulo interessante, porque será a semente para o... Vocês já imaginam o que vai acontecer, mas não vou dizer hahah

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Entre o grupo de baianos e turistas que circulava pelo bairro de Piatã, repleto de adolescentes andando de patins, crianças de bicicleta e famílias inteiras andando pelo calçadão, algumas pessoas enchiam os bares locais onde poderiam comer espetinho, uma moqueca, ou mesmo variedades de queijo coalho.

Em uma das mesas na área externa de um restaurante com cardápio variado que incluía churrasco, um casal observava as pessoas caminhando de bicicleta ou patins, ao som do cantor que apresentava boa parte do repertório da MPB em estilo voz e violão. Mesmo com a música tocando no restaurante, Gustavo e Agnes entabulavam uma conversa que estranhamente não incluía as crianças.

O pedido surpreendente do empresário para que os dois saíssem naquele fim de tarde foi aceito prontamente pela jovem, espantada com a própria vontade de aceitar o encontro. Ela ligou para Gabriela e dona Vilma, que foram trazidas de carro até a residência de Gustavo, a fim de cuidar dos filhos.

- Eu jurava que os meninos iam ficar chateados com essa nossa saída sem eles...- comentou Agnes, enquanto tomava água com gás.

Naquela noite, Agnes optou por algo mais próximo de sua personalidade - o vestido longo estilo t-shirt coral, com os cabelos em uma trança longa, penteada de lado, e tênis Converse branco com meia 3/4 estampada. Os poucos acessórios eram pulseiras bem finas prateadas e um anel no dedo indicador direito.

A maquiagem era leve, apenas um gloss nos lábios. Mesmo com aquele estilo despojado, não se sentia incomodada em parecer simples demais diante de Gustavo - os dois estavam ali em uma noite informal, sem nenhuma exigência, e bastante à vontade um com o outro.

- Boa pergunta, também fiquei chocado por eles não terem, sei lá, criado algum plano impedindo a gente de sair!

- Por falar em plano, ainda quero explicações de você e os meninos terem ido lá no largo ficar me observando.

- Resumidamente, Agnes... Heitor e Daniel insistiram muito. Eles estão preocupados... Os gêmeos acham que nenhum homem é bom para você. Eu ainda tentei dizer aos meninos "mas vocês são homens", só que para os dois existem níveis: eles são homens mas são os seus filhos, o resto não presta.

Gustavo, por sua vez, tomava um gole de refrigerante com limão e gelo. Ele estava dirigindo naquela noite, e não beberia.

A tranquilidade e elegância dos pequenos gestos dele, mesmo bastante informal, não passaram despercebidos a Agnes. A professora seguiu seu gestos com os olhos: Gustavo observando as horas no relógio, aguardando a chegada do aperitivo, para logo depois enrolar as mangas da camisa preta, social, até o cotovelo. Sentado com as pernas cruzadas, sempre de preto e com os cabelos penteados para o lado, tinha um ar mais leve e tranquilo, sem a fronte tensa de sempre. Agnes não atinava a razão, mas vê-lo à sua frente mais desencanado, os olhos verdes sempre analíticos com um brilho mais divertido, fizeram a jovem sorrir sem perceber.

- Tá, eu entendi que você não diz "não" aos nossos filhos. – Gustavo sentiu um arrepio bom por todo o corpo ao ouvi-la falar "nossos filhos". - Mas de onde surgiu a alcunha "Capitão América com botox"?

- Ele parecia de plástico!

- Ele também tinha um cérebro de plástico... - confessou a jovem, abaixando a cabeça decepcionada com o insucesso de seu flerte, sem perceber um início de sorriso vindo de Gustavo.

O filé com fritas chegou na hora indicada pelo garçom a Gustavo, e Agnes aproveitou a oportunidade para uma observação sobre a escolha do restaurante por parte de um homem que era milionário.

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