Laços de família

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Hora de encerrar as atividades de "Segredo de Sangue" com um casamento...

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A Igreja de Santo Antônio da Barra estava lotada naquele dia, com tudo preparado para um casamento de manhã – rosas brancas, angélicas, roupas em tons mais leves e pasteis, de acordo com o horário da cerimônia; e a presença dos familiares de Agnes Barbosa - sua amiga Gabriela e dona Vilma, além dos colegas da escola, tanto a antiga quanto o colégio que ela lecionava atualmente; como também os representantes do pool de diretores do Conglomerado Villar e os amigos de Gustavo: Marcel e Luciana, de mãos dadas e visivelmente juntos.

- Há quanto tempo que vocês estão juntos e não me contaram?

- Tem alguns meses... – explicou Marcel, sorrindo abertamente, muito bonito em um terno creme com gravata lilás (o dress code dos padrinhos), enquanto Luciana, madrinha do casamento, usava um vestido lavanda com decote profundo e fenda até a coxa, mas naquele dia não usava lace, e sim um coque com seu cabelo ao natural.

- Queríamos manter o mistério e também você e Ag estavam nessa correria toda com a mudança e a proteção das crianças... Aliás, Gus, quantos seguranças à paisana estão nessa igreja? O padre deve ser ex-mercenário, aposto.

- Luciana, olha o filtro...

- Marcel Carneiro, eu estou sendo razoável! Gustavo virou, compreensivelmente, o maior cliente de empresas de segurança que você respeita, eu preciso saber se meus brincos de diamante podem ser usados sem ameaça de roubo.

- Meu Deus... – Marcel levou a mão à testa, incrédulo.

Além do casal, Gabriela e Mathias Moriyama também eram padrinhos do casamento, e observavam um nervoso Gustavo no altar, de terno cinza claro e gravata de um tom um pouco mais escuro, a camisa por dentro creme, os cabelos penteados para o lado e os olhos verdes brilhando um pouco nublados com vontade de chorar. De barba feita, um perfume suave emanando do noivo, o empresário não sabia se colocava a mão dentro do bolso ou atrás, nas costas.

O casamento, que era apenas um acordo, tornara-se tão real que agora ele temia que a felicidade não demorasse tanto quanto ele acreditava que merecia ter.

Porém, seus medos foram superados rapidamente pela visão que adentrava o altar, sua noiva, a única mulher que amou, e a primeira que aprendeu a amar. Agnes entrava sozinha na igreja, um sorriso aberto brincando em seus lábios, visível através do véu transparente, de renda. O vestido branco gelo possuía uma elegância singela, clássica, com os bordados no colo, indo até o pescoço, o vestido de cetim descendo brilhante até o chão, com uma cauda longa, segura pelos gêmeos, que seguiam atrás, os dois completamente iguais – até mesmo na roupa.

Foi uma decisão de Heitor, que convenceu Daniel a entrar na igreja sem óculos, de lente, e confundir os presentes.

Na frente, Valentina segurava, bastante alegre, uma cestinha com as alianças do casal, o sorrisinho tão aberto quanto o de sua mãe.

Mas o sorriso infantil da caçula era diferente da reação da própria Agnes, consciente de que os laços que a uniam a Gustavo se tornariam cada vez mais fortes - de uma maneira que nem ele nem mesmo os outros convidados poderiam adivinhar.


- O QUÊ? Meu Deus, eu vou desmaiar...

- Não desmaia não, Gustavo, você tem três filhos pra criar... Quer dizer, quatro agora.

- Luciana, não faça piadas...

- Lu não está brincando, meu amor... – Agnes segurou uma bandeja, dada gentilmente pelo garçom da festa, a fim de abanar o marido, que passou mal ao saber da notícia sobre a gravidez da professora.

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