Duplo caminho

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Este capítulo vai trazer de volta os embustes que vocês já detestam desde o primeiro dia, além de descobrirmos se Gustavo foi lá na casa de Agnes exigir os meninos...

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- Como é que foi essa história, vaca?

Agnes abriu a lata de refrigerante que estava dentro do isopor, enquanto Gabriela, os pés cruzados no parapeito da varanda, tomava um gole de cerveja gelada.

- Os meninos se perderam, um homem encontrou, protegeu eles e... Passamos boa parte do dia conversando, ele... Enfim, ele é muito simpático, inteligente, tem jeito com crianças...

- E não pegou nem o número do homem no zap? Tu é lerda mesmo, vá pra porra!

- Olhe pra minha cara, eu lá vou pedir zap de homem que conheci hoje, na confusão toda que tive com esses meninos? Última coisa que eu ia pensar é nisso, e não gosto de ficar de frete com ninguém.

- Tá, mas você não achou ele bonito?

- Achar eu achei, que não sou burra, mas tá na cara que um homem daqueles vai olhar pra mim, toda desarrumada, e pensar "nossa, eu super me envolveria com ela", e ele tem cara de que tem menos preocupações com boletos do que eu. Quando um dia eu encontrar um namorado, os meninos têm que estar maiorzinhos e tem que ser alguém que viva uma vida parecida com a minha. Não vou me meter com homem que tem mais ou menos dinheiro que eu, sabe por quê? Porque quando ele tem mais que você, vai querer dominar sua vida; quando ele tem menos que você, vai querer viver às suas custas.

Gabriela tomou mais um longo gole da cerveja e comeu um pouco de um aperitivo apimentado que estava na mesa.

- E os meninos?

- TIA GABIIIII! - como se tivessem sido chamados, Heitor, Daniel e Valentina correram para abraçar Gabriela, que os recebeu com muito carinho.

- Tô sabendo que os demoninhos aprontaram, hein?

- Eu bati no segurança que queria pegar Tininha! - gritou Heitor, orgulhoso do próprio feito, enquanto pegava um pouco do salgado.

- E fala assim como se tivesse feito algo maravilhoso...

- Sim, quem fazer mal a Tininha eu bato! Só não bati no moço grande porque ele era legal.

Gabriela cruzou os braços e deu um sorriso travesso:

- Parece que os meninos gostaram do estranho...

- Gabruxa, não comece...

- O moço de hoje era legal, Tininha? - ela perguntou à menina, que segurava um ursinho de pelúcia rosa. Rosa era a cor favorita da menina, e quando possível, Agnes fazia questão de comprar tudo que Tininha gostava naquela cor.

- Sim, tia... Ele era bonzinho e comprou sorvete pra mim, pra Dandan e pra Totô.

- Ele era tipo o Homem de Ferro, tia! - Daniel estava visivelmente empolgado. - Tinha até aqueles óculos legais e tudo!

- Ou seja, ele foi o herói do dia de vocês...

- Gabruxa, não começa... - Agnes retrucou, tentando cortar a empolgação da amiga.

Virou-se para as crianças, pegando os salgados na mesa inocentemente:

- E vocês, o que estão fazendo? Se metendo em conversa de adulto?

- Eu quero o salgadinho de pimenta, mamãe...

- Ahhh, o salgadinho de pimenta, dona Valentina? - a menina respondeu que sim com a cabeça, abraçada ao ursinho. - Vamos pegar uns salgadinhos pros três dividir, nada de briga, viu?

Segredo de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora