Uma chance

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Pov. Lia

Deus estava me castigando por tudo que eu fiz. Eu sabia e entendia isso.

Usei o sagrado matrimônio para quitar minhas dívidas, me apaixonei por um estranho sabendo que não deveria, menti pra muita gente, quebrei o coração do único homem que gostou de mim de verdade, quebrei a cara da garota que quer rouba-lo de mim, fui presa...

Isso só nesses últimos meses.

E bom, até aonde eu sei, nada disso que eu fiz está descrito na Bíblia como bom comportamento.

Se estiver, me mostrem o versículo.

Eu não julgava Deus por me punir, eu merecia qualquer castigo que ele tivesse guardado pra mim. Eu estava sendo horrível. Eu já não era considerada uma pessoa muito boa no geral sabe, porém, esse ano eu poderia escrever um livro com o título "Como desagradar a Deus" e torna-lo um Best-seller facilmente.

Era o que eu estava fazendo. Eu merecia as punições.

Mas não era justo punir essa criança que ele colocou na minha barriga. Ele estava condenando outra vida pelos meus erros. Isso sim não era justo.

Será que Deus sabe o que pode acontecer se os Yamamoto descobrirem?

Será que ele percebeu que vai me fazer mãe? Eu? Thalia Grace?

Ah não, Deus está sem juízo nenhum, sinceramente, chama um psiquiatra pra ele, por que ele perdeu o juízo.

-O táxi da senhora chegou. - O porteiro avisou indo me ajudar com as malas.

Eu observei minha casa antes de trancar a porta, e partir sem olhar pra trás.

Era a decisão certa, e mais segura no momento. Em hipótese alguma, eu poderia ficar aqui por mais um minuto se quer.

1 hora depois eu já estava em um avião indo para bem longe dali.

Quando olhei o resultado do teste de gravidez, eu não tive reação. Eu não chorei, não me descabelei ou gritei, eu só sentei na minha cama e entrei em estado de choque revivendo as últimas semanas na minha cabeça.

Tudo começou a se encaixar. Como eu não percebi antes? De uns dias pra cá, eu era praticamente outra pessoa.

O choro excessivo depois do desaparecimento de Theo. A falta de fome, o humor instável, as enxaquecas que me davam enjoos de repente...

Não entendo até agora como não me liguei.

Eu só não queria isso, não estava pronta pra tudo isso. Só conseguia pensar que Deus estava condenando essa criança, me condenando também, por saber que eu ia ama-la e estraga-la.

Eu não estava preparada pra viver o inferno que minha vida viraria por conta dessa gravidez.

Kira, o pai dela, e se isso se tornasse público, a imprensa, os jornais. Kira ia falar sobre meu acordo com Léo para o mundo e eu seria taxada de vagabunda que deu o golpe do baú no milionário. A mulher que engravidou de propósito.

E meu Deus do céu não era isso, eu jamais faria isso com Leonardo.

E ele...

Iria surtar. Com certeza iria. Eu pensei em contar antes de ir embora, mas não fazia o menor sentido na minha cabeça.

"Oi, então, eu te pedi o divórcio e agora quero te dizer que estou esperando um filho seu. Passar bem."

Não, não fazia sentido.

Eu ia acabar mais ainda com a vida dele, ele não merecia isso.

Eu fiquei horas sentada na minha cama sem conseguir esboçar uma reação ou emoção. Eu ficaria ou ia embora? Contava ou não contava? Nem chorar eu consegui, aquele resultado me deixou paralisada por pelo menos umas 3 horas.

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