Reviver o passado

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Pov. Leo

No dia seguinte, no sábado, os planos de Lia foram por água a baixo quando ela acordou mal, mais uma vez.

Levei café pra ela na cama, mas ela só remexeu nas coisas e tomou metade do suco.

Não almoçou e dormiu o dia inteiro. Eu não sabia o que fazer pra ajuda-la.

Sai e comprei outros remédios que ela pudesse tomar e a noite ela pareceu um pouco melhor. Tinha até comido um pedaço de bolo que Márcia deixou aqui.

Mas seu humor estava muito instável. Hora ela chorava, outra hora gritava e brigava comigo por não ter conseguido visitar as casas hoje, como tinha planejado, como se fosse culpa minha.

Eu estava tentando ter paciência. Mas estava difícil.

A noite ela quase não ficou dentro de casa. Ficou o tempo todo na varanda e quando eu sai pra procura-la ela estava sozinha no quintal. Ali no jardim, sentada na cadeira de balanço.

Eu pensei muito se iria ou não falar com ela. Mas aproveitei que ela parecia calma agora, e fui tentar a sorte.

Me sentei ao lado dela no balanço, ela estava focada em arrancar as pétalas de uma flor, que nem olhou pra mim.

-Como você esta? - perguntei.

-Eu to bem - disse sem muito interesse.

Eu respirei fundo trazendo toda a paciência e compreensão que existia em mim, pra tentar conversar com ela.

-Thalia - eu a chamei fazendo-a olhar pra mim. Seus olhos cansados e abatidos me fitaram sem expressão nenhuma. Era como se ela não estivesse ali. - Eu sei que esta sofrendo com o começo da gestação, que esta sendo difícil pra você, hormônios e essas coisas. Mas tem coisas que você esta fazendo e falando que não tem nada haver com a gravidez. Você precisa me contar, precisa me dizer o que esta acontecendo pra que eu possa te ajudar.

Ela virou o rosto e encarou a grama de novo amassando a flor que estava segurando.

-Lia, vamos ter um filho juntos! - eu insisti. - Tem que se abrir comigo. Tem que me explicar porque não quer ficar aqui, se não, não vou conseguir entender seus motivos pra sair dessa casa. Você prometeu que não ia mentir mais.

-Leo, por favor...

Ela disse querendo levantar do balanço. Eu a puxei de volta e tirei uma foto do meu bolso.

-Quem é esse? - perguntei mostrando a foto a ela. Lia arregalou os olhos pra mim.

-Você mexeu no armário?! - ela gritou. Sabia que iria ficar brava. - Leonardo!

-Ok, me desculpa. Mas você não esta me dando escolhas Thalia. Eu não tenho bola de cristal pra saber o que acontecendo com você - eu disse e ela ainda estava brava - Tudo bem, não vou forçar você a falar, se não quiser...

-Não quero.

-Não quer? Ou esta com medo?

Ela me fitou por um segundo antes de responder.

-Tem diferença?

-Sim. Uma coisa é você não querer falar, outra coisa é você não falar porque esta com medo de me contar. Me prometeu que não ia mais mentir...

Lia ainda me encarava com a cara amarrada. Ficou pensativa por segundos.

Reforçar que ela disse que não ia mais mentir pra mim, parecia ter dado certo.

Eu achei que ela ia levantar, tacar grama na minha cara e ir embora, mas não. Ela respirou fundo e puxou a foto da minha mão.

Thalia encarou a foto por um tempo. Não dava pra saber o que ela estava pensando.

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