A Proposta

Se arrependimento mata-se...

Pov. Leo

Eu deveria estar no mínimo querendo afogar Lia em uma privada suja agora.

O que ela fez foi uma loucura sem tamanho. O pior disso tudo é que eu não estava conseguindo ter raiva dela, porque bom... Essa era ela de verdade.

Essa era a minha Thalia.

A imprevisível, maluca e impulsiva. A que com certeza iria me causar um infarto antes dos 30 anos de tanto estresse.

Foi por essa Lia que entreguei meu coração, agora minha vida está uma montanha russa. Fazer o que? Eu adoro montanha russa.

-Eu não sei porque estou te ajudando nessa palhaçada - Brendom disse jogando as rosas no chão como se fossem pedra.

-Porque você obedece a sua mãe - resmunguei insatisfeito - Arruma direito essa merda seu brucutu. Não é você que diz que ela é sua irmã? Então faz direito.

Se arrependimento matasse, nunca teria aceitado a ajuda desse boçal estúpido.

Na verdade não cheguei a pedir. Pedi a Márcia que não pode por conta do trabalho, então designou Brendom no lugar dela, ele veio obrigado e estávamos trabalhando na força do ódio.

Era a primeira vez que ficava sozinho com ele, principalmente depois da nossa briga. Eu estava evitando esse momento, era a última coisa que eu queria...

Porém estava disposto a começar do zero com Lia. Leva-la para jantar, conhece-la de verdade, fazer essas coisas normais que não tivemos tempo de fazer.

Queria fazer direito agora, só que ainda não podemos ser vistos em Rentom.

Então aceitei a ajuda desse criminoso de mente duvidosa, para alugar o terraço do maior hotel da cidade e prepara-lo para um jantar reservado.

-Ela é minha irmã sim, seu ciumento psicopata - resmungou ajeitando o jarro de flores na mesa. - E você não tem direito de ter ciúmes dela. Não sabe nada sobre ela. Você só a usou para ter o que queria e está fazendo da vida dela um inferno agora.

Eu respirei fundo porque estava evitando falar com ele para não discutirmos, mas não tinha jeito.

Ele não colaborava.

-Sei, infelizmente agora eu sei tudo sobre a vida dela. - Disse parando de arrumar as coisas e ele me olhou. - É, ela me contou. E não foi bonito de ver e nem de ouvir. Você pelo contrario não conheceu a Lia que eu conheci. Tão perdida e desesperada na vida, que aceitou casar comigo para salvar uma casa idiota que ela amaldiçoou a vida toda. Onde você estava nessa hora em que se diz ser irmão dela? - ele cerrou o punho abismado com o que eu disse e antes que ele me interrompe-se eu continuei. - Sabe, por mais que Alice seja a cruz que eu carrego e acredite ela é, eu rodaria o mundo atrás dela para salvá-la ou ajuda-la com o que quer que fosse. Não vi você fazendo isso pela Lia. Você viu nas notícias, nos jornais e em tudo quanto era mídia que ela estava casada comigo, viu onde ela estava morando. Não apareceu em nenhum momento para intervir, nem se quer ligou pra ver se ela estava bem. Só apareceu na festa do seu aniversario para julgar e brigar com ela, sem saber metade do que estava acontecendo.

-Não me ensine como eu tenho de agir com Lia, eu salvei a vida dela na adolescência, fiz tudo que pude...

-Não fez o bastante! - gritei o interrompendo. - Ela precisava de ajuda. Quem em sã consciência viu uma criança crescendo numa casa daquelas e não faz uma denúncia? Quem deixa uma adolescente perturbada sair aos 16 anos de uma casa daquelas sem suporte nenhum? Você falhou. Ela precisava de um psicólogo, de ajuda médica, de uma família de verdade...