Sinto sua falta

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Pov. Lia

Eu surtei.

Deixei que ele soubesse o que eu nunca pretendia contar.

Depois da gravidez, meu passado me atormenta da hora em que eu acordo até a hora que vou dormir. É uma batalha constante que travo comigo mesma em não pensar em nada daquilo, e quando vejo já estou pensando.

Fico me comparando com ela. Vendo o quanto somos parecidas, não só fisicamente.

Bom, querendo ou não, eu meio que segui os passos dela.

Inconscientemente, mas segui.

Eu fugi de uma família de mentira, pra aceitar viver uma mentira com Leonardo. Por dinheiro, por desespero, por não ter escolhas.

Mas eu menti igual a ela, enganei pessoas, fingi que era real uma coisa que não era...

Eu era igual a ela.

Agora a vida esta me castigando me dando um filho, e me deixando completamente paranóica.

Será que vou ser uma mãe igual a ela?

-Você tem razão, é melhor continuarmos aqui - disse a Léo enquanto jantávamos. Ele parou de comer na hora. - O que foi?

-Você ainda vai me deixar louco - balançou a cabeça - Não consigo te acompanhar, sério, não da.

Leonardo estava mais obcecado em se manter perto de mim depois da nossa conversa. Como eu imaginei que aconteceria.

Ele me levava para o trabalho, me buscava, ficava o tempo todo por perto. Até começou a ver casas pra sairmos daqui depois de tudo que eu falei.

Ele estava fazendo o que eu queria, mas agora eu já não tinha certeza se queria isso mesmo.

-Vamos chamar atenção se sairmos por ai procurando casas. Você já esta nos jornais.

E não era mentira. Leonardo estava praticamente dado como desaparecido.

Matérias saiam sobre ele a cada instante, dizendo que ele tinha abandonado a Price and Moore por não aparecer mais na empresa.

Evitavamos assistir TV ou entrar muito na internet pra não ver essas coisas. Eram matérias absurdas envolvendo eu e a Kira.

Coisas sem nexo e que nos irritavam.

A mídia estava muito em cima, sedenta por qualquer informação.

-Estamos sendo caçados igual animais. Não quero arriscar que nos encontrem.

Ele não disse nada voltando a comer.

Estavamos vivendo como dois fugitivos.

O carro que ele alugou era escuro e blindado, ele entrava comigo na boutique pra me deixar pra trabalhar, e depois mais tarde entrava la dentro de novo, pra me buscar. Assim eu não precisasse sair.

E la dentro eu ia direto pra minha sala e de la, pra casa.

Tudo isso sem sermos vistos por outras pessoas, que não fossem minha tia ou Brendom.

Voltavamos pra cá e nada de sair, de ficar em público, ou de chamar atenção. Isso estava me enlouquecendo também.

Os dias foram passando, e as coisas foram ficando mais estranhas entre nós dois.

Leo e eu estavamos perto e longe, ao mesmo tempo. Passávamos o dia juntos, dormiamos juntos, comíamos juntos, mas não tocavamos no assunto nos.

Era tanta preocupação, que não conseguiamos pensar em outra coisa além do que estava acontecendo. Era nosso único foco.

-Léo - chamei o chacoalhando. Ele resmungou dormindo ao meu lado. - Leo, acorda.

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