Pov. Lia
No outro dia eu acordei cedo e fui fazer os exames do meu pré-natal que a médica pediu. A moça do laboratório disse que ficaria tudo pronto em torno de uma semana, no máximo.
Levaram quase todo o meu estoque de sangue, naqueles frasquinhos traiçoeiros.
Aproveitei depois disso e passei no banco para sacar um dinheiro. Quando entrei na minha conta levei um susto, ela tinha muito mais números do que nos dias anteriores, e muito mais do que minha tia podia me pagar.
-Desgraçado! - Xinguei chutando o caixa eletrônico de tanta raiva. Leonardo estava depositando dinheiro na minha conta. - Idiota! Idiota!
Sai do banco estressada, enquanto todo mundo me olhava surtar.
Será que ele não entende que eu não quero a porcaria do dinheiro dele?
E agora não posso sacar a droga do meu dinheiro porque o conhecendo bem, alguém já deve estar de olho na minha conta bancaria. Se eu sacar, ele vai saber onde estou.
Idiota!!
Eu fui trabalhar na força do ódio depois disso. Troquei poucas palavras com minha tia. Me isolei naquela sala e fiz o que tinha que fazer, sem sair nem para almoçar.
Na hora de ir embora fui na surdina também. Sem ninguém me ver, passei despercebida e entrei no carro indo embora.
Eu precisava sair dessa casa.
Faziam poucos dias que eu estava aqui, mas esses dias estavam sendo um castigo. Se eu não achasse outro lugar até o fim de semana, eu ia para de baixo da primeira ponte que eu encontrasse aqui em Renton.
Já era tarde da noite quando a campainha tocou. Eu estava deitada. Era só o que eu fazia ultimamente.
Comer, vomitar e deitar.
-Brendom - disse surpresa - Tem pão velho aqui não.
Ele riu segurando uma caixa de pizza nas mãos e duas cervejas.
-Trouxe o jantar gatinha.
[...]
Mesmo de pijama e cansada, eu fui pra varanda com Brandom. Nos sentamos no pequeno banco de madeira que tinha de frente para o jardim. Estava uma noite bem quente.
-Legal você estar trabalhando com a minha mãe - ele comentou lambendo os dedos depois de acabar com a pizza sozinho - Não pensa em terminar a faculdade?
-Penso, mas não é uma prioridade agora.
Eu queria muito meu diploma. Muito mesmo.
Mas não estava no melhor momento da minha vida para me dedicar 100% a faculdade agora.
-E qual sua prioridade então? - Questionou me olhando de rabo de olho.
Eu sentia que eu tinha que dribla-lo a cada 15 segundos.
-E você? - Mudei de assunto - Vai ficar até quando nessa vida de criminoso? E o esporte? Não é para isso que você nasceu? Não é nisso que você é bom?
Ele deu um belo gole na sua cerveja antes de responder.
-Com certeza é - ele sorriu olhando para o céu - Mas sou um bom criminoso também. E o crime tem pago mais as minhas contas do que ser atleta.
Brendom sonhava desde criança em ser jogador de basquete. Conseguiu bolsa para a faculdade na época da escola, por conta do seu talento nato. Mas depois de se formar, as coisas não foram tão bem como ele planejava.
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A Proposta
Romance[...] Eu não conseguia acreditar. Minha cabeça estava dando voltas e mais voltas. Não sei se pelos whiskys que bebi ou por essa conversa louca. Eu tinha escutado direito? Era isso mesmo que eu estava ouvindo? Esse cara que eu conhecia há minutos est...