26 - Do sonho ao pesadelo

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O som das harpas estava três vezes mais alto do que o recomendado, Catra sentia seus tímpanos quase estourarem com a vibração - mesmo assim, ela por algum motivo não se incomodava. Sentia algo macio em sua pele, como se estivesse deitada sob uma nuvem, o que fazia sentido, levando em conta que o raio de luz que sentia contra seu rosto só poderia estar vindo do sol, afinal, o calor que aquecia seu corpo naquele momento não poderia vir de outra fonte senão uma grande estrela em chamas.

Mas nada daquilo a estava incomodando, ela definitivamente estava no céu!

O perfume, então! Era a própria colônia usada pelos anjos. Podia identificar ao menos três flores diferentes nele, era tão suave...

Nunca antes havia se sentido tão tranquila e acolhida.

Em meio a um sorriso cheio de paz, ela sentiu o corpo despertar aos poucos, enquanto lutava para permanecer naquele ambiente. Mas, acalmou-se ao notar que mesmo enquanto acordava, seus sentidos continuavam captando os mesmos estímulos do sonho: O som das harpas ainda estava alto, sua pele ainda repousava sob algo macio e ainda sentia um raio de luz lhe queimar a face, mas não era só ele que lhe esquentava, havia algo mais...

E foi apenas ao identificar o perfume que Catra conseguiu raciocinar e despertar de vez.

Ela abriu os olhos devagar, temendo pelo que iria encontrar quando terminasse de fazê-lo. O som já não lhe tranquilizava mais, muito pelo contrário, lhe estava deixando ansiosa e aumentando uma dor de cabeça que ela só agora havia notado que sentia.

Precisou piscar algumas vezes para enxergar com nitidez o teto rosado do cômodo de onde estava... Onde estava mesmo?

Tentou mexer as pernas, mas encontrou certa resistência no movimento, havia algo lhe impedindo de se esticar... Tentou novamente, e desta vez essa coisa se mexeu.

Puta merda. – Pensou Catra.

Olhou para o único lado que seu corpo conseguia se virar e viu um celular tocando insistentemente na escrivaninha próxima – era o som das harpas.

Em seguida, tentou ver por debaixo de seu corpo e notou que a superfície macia era na verdade uma cama... Uma cama que não era a sua própria.

Respirou fundo, e tentou se mover novamente, mas havia algo – ou alguém – lhe amparando pelas costas, provavelmente o fruto do calor que estava sentindo.

Não, não, não...

Seu pânico cresceu ao identificar que uma das coisas que lhe segurava no lugar era uma mão em sua cintura. Com cuidado, tentou se desvencilhar daquele contato, enquanto se repreendia em pensamentos e tentava se lembrar de como havia ido parar ali, ou pior, de quem estava ali, de conchinha, com ela. O que teria acontecido? O que ela havia feito?

A fresta de luz que vinha da janela lhe impedia de ver os detalhes da pessoa com clareza, mas não demorou mais que alguns segundos de tentativa de se soltar para cair à ficha de que aquele perfume tão conhecido por ela só poderia vir de uma pessoa.

Adora era o anjo.

E ela estava no novo quarto de Adora.

Alguns flashes de lembranças vieram em sua cabeça, e ela respirou fundo mais algumas vezes. Como havia deixado aquilo acontecer?

É tudo culpa de Double Trouble, aaargh.

O que elas haviam feito no final da noite era um mistério para Catra, se recordava até o momento em que as duas estavam na varanda de Netossa, mas depois daquilo eram apenas borrões e pequenas memórias interrompidas. Se lembrava de subir em uma mesa, de abraçar... Arrow boy? E também tinha uma ligeira memória de abordar Adora no banho...

It's MY dream! • CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora