O dono do cassino foi o primeiro a chegar no ponto de encontro e isso o deixou ainda mais desconfortável, ele já havia passado por situações como essa diversas vezes, mas jamais na posição da pessoa que seria cobrada.
O barulho de notificação do seu celular fez com que ele se acalmasse pelo menos um pouco, seu irmão estava reclamando de todas as formas possíveis da casa no subúrbio, mas ao menos garantiu que a garota estava em segurança e sobre seus cuidados.
Antes que ele pudesse responder percebeu que já não estava mais sozinho, um farol alto veio em sua direção o cegando por breves segundos e logo depois alguns brutamontes adequadamente armados saíram do veículo desencadeando algumas memórias que Allan nem mesmo lembrava que tinha.
— Jogue suas armas no chão. – Uma voz soou de trás de um dos faróis, e o engravatado sabia que não adiantaria ir contra. Tirando a calibre 38 que escondia dentro do terno, Allan jogou a arma no chão, sentindo sua respiração pesar ainda mais.
— Onde ela está? – Ele gritou um pouco alto, e como resposta alguns faróis se desligaram, dando a oportunidade de Allan poder enxergar com quem estava conversando, e assim percebeu que não haviam muitos homens ali, Vincent não tinha tantos contatos quanto imaginou. – Eu vim aqui, e sozinho, já fiz o que me pediu, agora solta ela.
— Não está em posição de ditar ordens, Montgomery, se coloque em seu lugar ou eu mesmo vou fazer isso. – Vicente parecia completamente diferente de momentos atrás, ele não conseguia controlar o quão alterado seu humor se tornava quando estava na presença daquele homem, seu ódio era genuíno. – Só vou soltar aquela vadia quando você me entregar o que eu quero.
Um dos capangas se afastou após receber um sinal e voltou segurando o corpo de uma mulher como se fosse um saco de batatas e a jogou no chão sem nem se importar com o impacto da queda. Juliet estava mais assustada do que nunca e assim que seu olhar se cruzou com o de Allan começou a gritar tentando falar alguma coisa, mas a mordaça a impedia.
— Calma, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem! – Allan tentava de todas as formas tranquilizar a modelo, seus olhos já estavam inchados de tanto chorar, mas nenhum homem parado ali no local parecia se importar, apenas o dono do cassino. – O que diabos você tanto quer?
A pergunta vinda do moreno mostrava o quão alterado ele estava, a ponto de fechar os punhos com força para não se descontrolar mais ainda, o motivo de tudo aquilo ainda estava um pouco nublado para ele.
— Eu já estou aqui, não sou o que você queria?! Então deixa ela em paz. – O moreno voltou a encarar o homem que segurava uma arma entre os dedos. A tensão naquele lugar era esmagadora, fazendo até mesmo Kate arrepiar.
A grisalha estava amordaçada e amarrada em um dos bancos dos carros, observando a cena pela janela escurecida pela película.
— Você não mudou absolutamente nada nos últimos anos, ainda não entende o que está acontecendo aqui? – Allan engoliu a seco aquela pergunta e Vicent o encarou com puro desgosto enquanto destravava a sua arma. – Se eu quisesse te matar já o teria feito quando cheguei, mas a morte seria um castigo leve demais para pagar tudo o que você nos fez.
Vicente agarrou os cabelos negros de Juliet e a forçou a ficar de joelhos praticamente implorando pela própria vida, ela parecia estar sentindo dor e as lágrimas não paravam de cair, essa imagem era exatamente o que aquele homem queria transmitir.
— Você tirou uma pessoa importante de mim e agora essa garota vai pagar pelo seu erro, ao menos que... – Depois da pausa dramática o sequestrador arremessou um pequeno objeto na direção de Allan e ele o segurou por puro instinto. – Confesse os crimes que cometeu.
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Liability [REESCRITA]
General FictionEm uma noite agitada de primavera numa cidade distópica, a vida de duas pessoas completamente diferentes se entrelaçam com o destino. Uma empresária em ascenção e uma garota de programa, veem naquele encontro de circunstâncias duvidosas uma oportu...