Capítulo XLVI - Parafuso solto

50 9 6
                                    

O dia mal havia começado e Kate já fumava seu segundo cigarro.

Connor havia atrasado uma reunião de negócios com a desculpa de que precisaria voltar em sua casa para trocar a gravata, pois a que usava não era a certa. Esse comportamento mesquinho deixava a empresária a ponto de explodir.

O estresse da mulher grisalha chegou ao seu limite com o barulho de seu celular tocando estridente anunciando uma ligação que foi atendida na mesma hora.

— Connor, eu vou te matar se você não chegar aqui em dez minutos... – Kate se interrompeu assim que ouviu uma risada sádica e amarga ruir do outro lado do telefone.

— Connor? Acho que você já se esqueceu de mim então... – A voz da última pessoa que a mulher esperava ouvir fez com que ela seu estômago embrulhasse completamente. – Estou naquele café que você gosta, venha até aqui, precisamos conversar sobre a forma que você me caluniou nas mídias. Eu tenho uma proposta para você.

Kate parou de respirar por alguns instantes, com medo de que Evans pudesse ouvir sua respiração, mas novamente o homem albino voltou a rir.

— Sei que está aí, Bunny, e eu perguntei ao White qual era seu lugar preferido. Se não vier, eu mesmo vou até você. – A chamada foi encerrada logo após as palavras ameaçadoras, e mesmo com as mãos trêmulas e o rosto completamente pálido, Kate se dirigiu até a saída do cassino, temendo o que estava prestes a acontecer.

Os minutos até o local foram os mais tortuosos de sua vida, e a empresária não controlava seu olhar de medo quando entrou no café. O local estava cheio, ela sabia que havia sido uma estratégia do albino para pensarem que eles estavam juntos novamente.

Ao se aproximar, Evans sorriu imensamente, fazendo questão de se levantar para puxar a cadeira de Kate. Sua atitude cortês mascarava de maneira impecável sua personalidade perversa.

— Pensei que precisaria te buscar, Bunny. – O homem se sentou, encarando a mulher que estava visivelmente abalada com a situação. – Não precisa ficar assim, eu estou de bom humor hoje. Vim apenas pedir para que retire as acusações, não estou tão bem visto pelas outras empresas fora da cidade e preciso que dê um jeito nisso pra mim.

O sorriso angelical de Nathan chamava a atenção de qualquer pessoa, e aquela parecia apenas uma conversa comum. Embora nenhum dos participantes quisesse estar presente na companhia do outro.

— Não. – A voz de Kate saiu trêmula e quase inaudível, graças ao seu lábio inferior que tremia levemente. – Você merece pagar pelo que fez a mim e as outras mulheres, não é digno de nenhuma redenção.

— Essa doeu em mim, meu amor. – Evans franziu a testa, mas logo voltou a sorrir. – Não pense que estou exigindo de graça, irei pagar por todas as despesas da sua nova empresa, soube que deixou a antiga e imaginei que iria querer começar uma novamente.

Kate travou no lugar, questionando as reais intenções do engravatado e tudo o que recebeu em resposta foi um olhar gélido. Suas mãos começaram a suar frio, e mesmo sabendo que sua empresa seria um sonho ao seu alcance, se lembrar das noites dolorosas no hospital a fez voltar para a realidade.

— Não, eu não vou retirar. Você é um ser humano horrendo que fez o que fez, e merece pagar até o último osso nessa sua carcaça. – O tom seco e áspero de Kate fez Nathan arregalar os olhos momentaneamente. – Eu espero que você afunde no seu próprio crime.

— Eu sempre soube que você tinha essas garras, mas não imaginava que seria assim! – Evans sorriu, agora estendendo sua mão para tocar o rosto da mulher, mas ela instintivamente se curvou para trás. – Sabe que eu vou te caçar até o inferno, não sabe? Eu vou transformar sua vida num verdadeiro manicômio, Whip, e só não vou parar até ver seu rosto desfigurado como antes.

Liability [REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora