Capítulo XXXV - Réquiem

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Na manhã seguinte, o clima parecia mais quente do que o normal e isso era motivo o suficiente para que Elizabeth acordasse animada, depois de tantos dias nublados ela finalmente conseguiu um pouco de sol para cuidar do seu jardim.

Enquanto cortava as ervas daninhas e replantava algumas mudas a garota cumprimentava todos os vizinhos que passavam pela sua calçada, todos eles pareciam ter um carinho especial por ela mesmo conhecendo toda a sua história. Elizabeth nunca fazia corpo mole quando se tratava de ajudar o máximo que podia na vizinhança.

Aquela era a primeira folga estendida que a florista recebia, mas antes da hora do almoço ela já havia completado todas as suas obrigações acabando por ficar com várias horas livres para gastar de maneira despreocupada. Depois de um banho demorado a garota se sentou no sofá da sala para secar o seu cabelo com a toalha enquanto assistia televisão.

Depois de zapear pelos programas em busca de algum conteúdo sensacionalista, Elizabeth percebeu que a mesma notícia estava sendo exibida em todos os canais e assim que leu o título sentiu um gosto amargo tomar a sua garganta. Por alguns momentos foi como se a temperatura abaixasse e tudo o que se podia ouvir era a voz monótona do jornalista.

"O corpo da modelo, Juliet Watson, foi encontrado em avançado estado de decomposição próximo aos trilhos do trem na saída sul da cidade."

Sentindo seu estômago revirar a garota subiu as escadas correndo e se trancou no banheiro colocando todo o seu café da manhã para fora. Aquela notícia já estava rodando os sites de fofoca e jornais faziam mais de doze horas, o rosto de Juliet estava estampado em cada televisão do Canadá.

Elizabeth ainda tentava se recuperar do choque que havia tomado, já haviam se passado bons minutos em que ela apenas estava sentada na sala encarando a televisão desligada, ver aquela notícia novamente seria a pior coisa a se fazer.

Apesar da distração, a loira ouviu algumas batidas fortes contra o portão velho e enferrujado, seu coração se apertou no mesmo momento, um breve medo correu por sua espinha, mas ao ouvir a voz de seu conhecido amigo, a florista correu para abrir o portão.

— Mas que merda foi aquela? Ela não estava com você esses dias atrás? – Joe praticamente gritou assim que pôde adentrar a casa, seu olhar fundo e o nariz avermelhado entregava que ele já havia sofrido seu luto. – Eles encontraram ela essa madrugada, mas ela estava desaparecida faziam três dias!

Elizabeth deu passos bruscos para trás com o susto, ela nunca havia visto o mais velho agir de forma tão agressiva, mas de certa forma entendia os seus motivos, os três tinham uma longa história e isso só tornava ainda mais difícil digerir o que havia acontecido.

— Não tinha como eu saber! Nossa última conversa foi uma briga e pensei que fosse o motivo dela parar me responder! – Elizabeth se defendeu gaguejando, mesmo em silêncio estava claro o olhar de julgamento que o mais velho sustentava. – Que droga!

— E você não desconfiou de nada? Sério, Elizabeth? – O tom de incredulidade vindo do maior era estranho, Joe estava atordoado demais, e claramente estava apenas procurando alguém para que pudesse colocar a culpa. – Vocês foram melhores amigas por anos...

Soltando uma lufada de ar pela boca, Joe tentava achar uma forma de tirar o sentimento incômodo de si mesmo, estava ainda digerindo toda a informação que chegou para si através da televisão.

— Ela estava bem...estava viva semana passada, eu vim visitá-la, ela estava bem! – Os olhos do loiro se viraram em direção a garota, ainda estava difícil de acreditar no que havia acontecido.

Mesmo que estivesse com medo de como seria a reação de resposta, Elizabeth se aproximou colocando as suas duas mãos envolta do rosto do mais velho o obrigando a encará-la diretamente, coisa que ele evitou desde o momento em que colocou os pés naquela casa.

Liability [REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora