Liability [REESCRITA]

Capítulo VIII - Fogo cruzado

Naquela manhã o clima parecia estar muito mais quente do que o normal, Elizabeth sabia que deveria se aproveitar disso para mudar alguns vasos de flores do lugar, mas assim que levantou da cama se lembrou de um compromisso muito mais importante.

A loira nem mesmo parou para tomar café, se apressou para sair de casa e seguiu todo o caminho até a escola em silêncio já que não fazia ideia do que poderia estar a esperando, por mais que tivesse pedido ajuda ela sabia que não poderia contar com a colaboração da sua mãe, ainda mais depois daquela última declaração, mas ela não tinha condições de responder judicialmente por aqueles vídeos.

Assim que adentrou os portões cinzas da escola a garota precisou atravessar o corredor principal, ele estava movimentado por vários estudantes, mas assim que notaram a sua presença toda a conversa se dissipou. Mesmo apressando o passo ela ainda conseguia ouvir os comentários maldosos e tudo o que queria era que aquela sessão de tortura acabasse logo.

- Lizzie? - A voz de James foi o que tirou a garota daquele transe, Elizabeth estava em um estado catatônio e nem mesmo se deu conta quando parou em frente a sala da diretoria. - Sei que não quer falar comigo, mas por favor tenta me ouvir, preciso me desculpar com você!

Elizabeth recuou antes que o mais velho conseguisse a tocar, agora ela o encarava como se fosse um monstro e sua visão não estava muito diferente da realidade, mas James se recusava a aceitar aquele tratamento.

- Eu não devia ter agido daquela maneira com você, mas precisa entender o meu lado, eu estava nervoso e com medo, qualquer um no meu lugar teria feito a mesma coisa. E quanto aos vídeos, não foi minha culpa, ao menos não completamente! Estávamos todos bêbados e nos divertindo aquele dia, eu nem mesmo lembro do momento em que enviei...

Antes que pudessem prosseguir com aquela conversa a porta da sala de reuniões foi aberta e o diretor ordenou para que os estudantes entrassem, James se sentou ao lado dos seus pais em silêncio e Elizabeth simplesmente paralisou quando viu sua mãe a esperando com um olhar de descaso. Depois que todos se sentaram o diretor prosseguiu.

- As punições já foram designadas, Senhor Jacobs, você irá perder o título de capitão, será afastado do clube sem previsões de retorno e a sua suspensão será compensada com trabalhos voluntários que ocorrerão no seu antigo horário de treino.

Elizabeth nem mesmo se deu o trabalho de ouvir o resto, não parecia ser uma consequência tão ruim e o sorriso vitorioso estampado no rosto dos homens ao seu lado deixava claro que eles já estavam esperando por aquela resposta, as coisas nunca seriam fáceis desse jeito para ela, mas já havia se acostumado.

O diretor os liberou logo após um discurso curto e ensaiado sobre moralismo, mas nem mesmo ele acreditava nas palavras que pregava, só queria acabar com aquela reunião antes da sua hora do café. No entanto o tema principal ainda não havia sido resolvido e ele ainda precisava lidar com a mãe e a filha que pareciam completas estranhas uma para a outra.

- Recebemos uma denúncia anônima de que uma de nossas alunas estava frequantando uma...uma casa noturna - O diretor falou a última informação tão baixo que nenhuma das presentes conseguiu ouvir, ele parecia extremamente constrangido por falar aquelas promiscuidades. - O que eu quero dizer é que temos provas de que a Senhorita Flowers mantém um trabalho ligado a...prostituição.

Martha sequer quis ouvir a versão da sua filha, assim que a garota se virou para tentar se explicar foi recebida com um soco direto no seu rosto e a sua bochecha ardeu no mesmo segundo. O diretor apenas se encostou em sua poltrona para continuar assistindo a briga.

- Sua pirralha, fez todo aquela cena aos meus pés para me fazer descobrir agora que tudo o que você tem feito nos últimos anos é transar com homens por dinheiro?! - Martha não sabia ao certo se estava mesmo brava ou se só estava descontando suas frustrações na garota, mas seus tapas não pararam tão cedo. - Você faz de propósito, não cansa de me envergonhar!