Liability [REESCRITA]

Capítulo VI - Still Sane

"A visão da janela de um avião sempre faz o mundo parecer menor".

Isso era algo que sempre rondava a mente de Kate toda vez que ela precisava viajar às pressas, o que era bem comum em sua rotina como uma jovem empresária. Apesar de todo o estresse e pressão diária haviam momentos que deveriam ser apreciados, como a vista de uma cidade entardecendo acima das nuvens.

O avião chegou no aeroporto depois de longos minutos, e a morena se apressou em sair daquele lugar o mais rápido possível, precisava colocar suas novas parcerias o mais rápido possível em sua enorme tabela de contas da empresa.

Um homem bem vestido fez questão de pegar as malas da mulher de salto enquanto a mesma digitava em seu celular sem parar, nem mesmo prestando atenção no caminho, apenas seguindo o homem em sua frente, o mesmo abriu a porta de um carro preto e sem pensar direito Kate entrou no veículo.

— Chegou cedo na cidade, leoazinha, achei que iria se esconder seu aniversário inteiro. – Uma voz grave e conhecida pela morena a fez arrepiar dos pés a cabeça, não se atrevendo a virar o rosto para encarar a figura de terno. – Não vai responder seu pai? Sinceramente, Kate, não foi assim que eu te eduquei.

— Você não me educou. – A voz trêmula da mulher soou pelo carro, e no mesmo instante Kate sentiu uma movimentação no banco ao seu lado. – Me usou como um macaco de circo para lucrar em cima de mim.

— Deveria me agradecer, graças a sua criação se tornou uma mulher forte e independente que não precisa que seu pai venha a buscar no aeroporto, e acima de tudo, você ganhou fama. – As mãos brutas de Leon se direcionaram até as mechas de cabelo negro de Kate que caía sobre seu ombro, como se apreciasse sua obra prima. – Apenas vim lhe desejar meus parabéns, minha filha.

Estendendo uma caixinha azul de veludo, Leon mantinha um sorriso maldoso em seu rosto, aquele sorriso que atormentava os sonhos de muitas pessoas daquela cidade.

Mesmo hesitante, Kate segurou o objeto entre os dedos finos, e lentamente desfez o grande laço que havia em cima, abrindo a pequena caixa com receio, e uma vez aberta, fez com que o estômago da empresária se revirasse brutalmente. Um dedo indicador decepado era o que havia recebido em seu aniversário.

— Enviar uma pessoa para sua nova casa para te trazer de volta não foi o suficiente, você o esmurrou e o devolveu para mim, mas ele já não tinha utilidade alguma, então pensei em fazer um belo pingente de aniversário para você. – O tom cínico de Leon e o cheiro mórbido dentro do carro fez com que Kate se sentisse ainda mais enojada com a situação, agora finalmente encarando seu pai nos olhos. – No fim não somos nada diferentes, filha de leão, leoazinha é.

— Eu não sou como você... – Abrindo a porta com uma das mãos, Kate tentou se equilibrar ao sair do carro escuro, mas sua mente ainda girava em torno daquela caixa. – Só porque tenho seu sangue não significa que vou seguir seus passos. Nunca mais se aproxime de mim, White.

De forma ríspida, a morena bateu a porta do carro com força, deixando para trás suas bagagens, nem se importando mais com as tantas mensagens que recebia do trabalho.

A noite caía sobre a grande cidade, e com isso as pessoas andavam apressadas pelas ruas, outras esperavam nas filas das baladas, mas todos pareciam muito eufóricos.

Kate se sentia perdida no meio de tantas pessoas agitadas e cheias de vigor, ela queria apenas esquecer a cena de mais cedo, e com o pensamento em apenas encontrar uma bebida para conseguir acalmar sua mente, a morena entrou no primeiro bar que encontrou, e agradeceu mentalmente vendo que não havia tantas pessoas ali.

A maioria eram homens vestindo ternos escuros fumando charutos caros, mas a cabeça da empresária mal se focava no que acontecia ao seu redor. Se sentando no balcão do bar, Kate pediu uma dose dupla de whisky, e recebeu um olhar desconfiado do Barman, e finalmente decidiu analizar o lugar em que estava.