Capítulo 4 - Sakura Haruno

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Levantou-se de sua cama ao ouvir uma das empregadas chamar e foi à seu enorme banheiro, despindo-se completamente e amarrando os cabelos para não molhar a escova que havia feito no dia anterior. Tomou seu banho calmamente e secou-se, distribuindo por sua pele o delicioso creme de perfume cereja que logo teria que encomendar a seu pai novamente.

Vestiu-se com seu uniforme e soltou os cabelos, penteando-os e adornando-os com duas presilhas em forma de borboletas. Calçou suas sapatilhas e saiu de seu quarto, descendo as escadas, ignorando as empregadas que por ela passavam e chegando à sala de jantar, onde seus pais já encontravam-se.



- Bom dia filha. – saudou sua mãe, levando delicadamente à xícara de chá a seus lábios.
- Bom dia. – respondeu, adentrando novamente naquele silêncio tão característico de sua casa desde que não havia apresentado-se, tudo havia mudado quando havia descoberto ser beta, seus pais esperavam uma forte alfa para suceder aos negócios, ou uma linda ômega que pudesse se casar com um alfa que se tornasse herdeiro de seu pai, no entanto, nem uma coisa nem a outra aconteceu, era uma simples e tosca beta, a decepção de seus pais.

Ignorou todas as lembranças, dos pais que um dia já haviam a amado e dos amigos que um dia já havia tido e simplesmente terminou seu café, subindo novamente as escadas para terminar de se arrumar, antes de pegar sua bolsa e descer novamente, indo até onde o motorista já a aguardava para levá-la à escola.

Adentrou os grandes portões, vendo ao longe como suas antigas amigas, descobertas ômegas, conversavam entre si e suspirou, indo até o papel pendurado à parede, onde indicava as salas de cada estudante, sorriu pela primeira vez naquele dia, pelo menos algo bom, seu único amigo estaria consigo.

Com toda a classe que possuía, andou até um banco, sentando-se e cruzando as pernas para que não fosse visto abaixo de sua saia, um pouco mais longa que a das ômegas. Aguardou longos dez minutos e o viu entrar, com as mãos metidas nos bolsos e os fones nos ouvidos, como sempre, sorriu, levantando-se de seu lugar, vendo como o moreno dirigia-se àquele papel que anteriormente já havia visualizado.


- Adivinha quem é? – pendurou-se no garoto apenas dois centímetros mais baixo e tapou seus olhos com suas mãos, o menor sorriu, levando os pequenos dedos aos femininos e de unhas vermelhas bem pintadas.
- Hmmm... não sei, mas pelo cheiro, deve ser uma cerejeira irritante que vive no meu pé. – riu, jogando a cabeça para trás, para logo destapar os olhos do amigo e abraçá-lo com saudades, sendo logo correspondida da mesma forma – Como vai, Sakura?
- Brava, já que um certo alguém me prometeu que me ligaria todos os dias durante as férias e não cumpriu a promessa. – a beta levou as duas mãos à cintura, encarando-o com reprovação, as bochechas muito brancas do ômega se tingiram de vermelho.
- Já deveria saber que não deveria confiar nas minhas promessas. – e a garota sabia mesmo, conhecia o Uchiha desde os seus quatro anos de idade e ele nunca cumpria a promessa de lhe telefonar durante as férias, ainda assim ela sempre o fazia prometer.


Juntos dirigiram-se à sua sala, ignorando os olhares em sua direção, olhares esses que haviam iniciado desde que ela havia descoberto-se beta e ele ômega, fortalecendo ainda mais a amizade que já havia entre ambos.

Sakura Haruno era uma beta de dezesseis anos, estatura média para uma garota de sua classe, um metro e sessenta e dois, pele branca, cabelos cor-de-rosa, herdados de seu pai e olhos verdes, herdados de sua mãe, era bonita e possuía um gênio forte, defendia Sasuke de alfas cobiçosos, assim como ele a defendia das ômegas intriguentas que antigamente já haviam sido suas amigas.

Entre conversas e risadas, o par de amigos dirigiu-se à sua sala, um andar acima à do ano anterior e ali ficaram, aguardando o início das aulas. O professor chegou e novamente tiveram aquele tedioso ritual de apresentação de todos os anos, porém em toda a aula pôde perceber o como seu amigo estava estranho, remexendo-se a todo momento na cadeira, como se algo o incomodasse, até o intervalo, quando seguiu-o, sem se importar em entrar ao banheiro masculino, apenas para encontrá-lo afundando a cabeça na torneira ligada da pia, encharcando o rosto e os cabelos.

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