Capítulo 30 - Iruka Umino

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Havia demorado dois longos meses para adquirir a coragem necessária para estar naquele lugar. Durante esse tempo, havia pensado e refletido sobre tudo o que havia passado em sua vida e sobretudo, o que havia conversado com seu pai, ainda lhe doía que o houvessem ocultado algo tão grave, tão imprescindível em sua vida, ainda assim podia entendê-los, tanto a seu pai, quanto ao ômega, ambos só queriam protegê-lo e infelizmente as coisas saíram de seu controle, o que os levou ao que e onde estavam hoje.

Sentado no sofá da pequena sala de estar, via ao ômega de cabeça baixa, o delicioso odor deste, que desde pequeno sempre o havia acalmado, agora estava intenso, intenso pelo nervosismo, podia ver no olhar cabisbaixo e aquoso do ômega a tristeza e culpa que o atormentava.


- Eu... acredito que meu pai já deve ter lhe falado sobre o motivo de eu estar aqui. – o castanho assentiu, há dois meses Minato o havia procurado depois de anos, revelando a descoberta de seu filho. Seu desejo havia sido de correr até o pequeno alfa e envolvê-lo em seus braços, beijar todo o seu rosto e lhe pedir perdão por tudo, mas acreditava que se o rapaz não o havia procurado era porquê ainda não se sentia pronto e pela sanidade mental deste, o daria tempo para assimilar tudo o que havia descoberto.
- Deidara, eu... – tentou explicar o ômega, contudo foi interrompido pela mão do alfa, que se elevou em um pedido de que parasse de falar.
- Eu entendo. Conversei muito com meus ômegas nesses dois meses e refleti muito. Tenho filhos também, você deve saber... – o mais velho assentiu, ocultando o quanto havia desejado conhecer a seus pequenos netos – e por isso entendo... também faria qualquer coisa pelo bem dos meus pequenos. Eu... – baixou os azuis olhos às suas próprias mãos – eu entendo.
- Isso... isso quer dizer que... – o maior em altura balançou a cabeça positivamente.
- Sim, eu... – levantou os olhos, encarando os escuros alheios – eu lhe perdoo. – e os marejados olhos do castanho já não aguentaram e desaguaram pela face morena, as pequenas mãos do castanho tapando o próprio rosto, enquanto dolorosos soluços escapavam de sua garganta. O alfa ao vê-lo naquele estado, levantou-se do sofá onde encontrava-se e sentando-se no que estava à sua frente, ao lado do mais velho, o encarou apreensivamente, antes de morder os lábios nervoso, levantando os braços timidamente, enrolando-os ao redor do pequeno corpo do que agora sabia, era sua mãe, as gotas quentes também banhando sua face, enquanto sentia como tremulamente os braços deste também o abrigavam, seu rosto afundando na curva do pescoço do ômega, enquanto sentia-se um pouco mais calmo pelo delicioso odor à lavanda e mel que desde pequeno sempre o havia acalmado, mas que somente agora entendia o motivo.


(...)


Todos estavam felizes, fazia um mês desde que o primogênito de Minato havia ido à procura de sua mãe biológica, um lindo e doce ômega, o qual finalmente tinha seu coração mais leve ao poder estar perto das pessoas mais importantes de sua vida, seu filho, seus genros, com os quais havia se entendido muito bem, seus netos, que já amava como se os houvesse conhecido da vida toda, e seu alfa, o qual agora não possuía mais impedimentos para estar junto da pessoa que realmente amava, porque por mais que Kushina também fosse sua predestinada, as atitudes desta o haviam decepcionado demais todos esses anos, já não sentia nada por ela e seu lobo sofria em parte, por estar separado da alfa, todavia ao mesmo tempo também estava feliz por ter mais uma vez seu ômega, sua Lua.


- Isso é surpreendente, Iruka-san. – Deidara falou surpreso, seus azuis olhos brilhando por ver todas as fotos e objetos seus que o ômega havia de alguma forma arranjado e guardado por todos esses anos, desde fotos que seu pai o havia enviado, até mesmo recortes de jornais locais esportivos dos campeonatos os quais havia participado e ganhado, assim como uma notícia sobre a abertura de sua galeria. O ômega castanho sorriu enormemente, sabia que estava sendo complicado para seu filho iniciar essa convivência, mas o fato do rapaz ter lhe dado a oportunidade de conhecê-lo e conviver para ele já era uma grande conquista.
- Eu te falei filho, meu ômega sempre te observou e te acompanhou de longe. É uma boa mãe, apesar de tudo, e te ama muito. – o castanho o encarou corado e um pouco incomodado pela palavra no feminino, mas não diria nada, havia desejado muito um momento como esse para arruiná-lo por algo tão pequeno.
- Sim, eu... eu percebo... – os olhos azuis encheram-se d'água – obrigado. – e um pequeno e doloroso sorriso surgiu em seus lábios. O coração do ômega se quebrou ao ver semelhante imagem, havia percebido com o passar do tempo, o tratamento da ruiva para com seu filhote, lhe doía observar e lhe doía ainda mais não poder fazer nada. E por isso não disse nada, apenas aproximou-se ao maior, envolvendo-o em um cálido abraço, enquanto seu odor à lavanda e mel preenchia o lugar, o acalmando e eliminando mesmo seja um pouco a tristeza do mais novo.
- Te amo, sempre te amei e não importa o que aconteça, sempre vou te amar... meu filhote. – e com essas únicas palavras, o apertou mais em seus braços, como se jamais o quisesse soltar, não querendo perdê-lo nunca mais, porque pela primeira vez em muito tempo, ambos podiam sentir a calidez que envolvia uma relação de "mãe" e filho.


(...)


Com pose altiva e encarando a todos como se fossem menos, uma cabeleira rosada cruzou as portas do aeroporto, seus verdes olhos encarando tudo à sua volta, até pousarem-se na pessoa que a aguardava com ânsias e que há algum tempo não via, mas que sentia falta.


- Seja bem-vinda novamente, Sakura-chan. – a ruiva falou com genuína felicidade, envolvendo a menor em seus braços, em um abraço.
- Obrigada Kushina-san, é bom estar de volta. – agradeceu a beta, saindo dos braços da maior.
- E espero que esteja pronta para conseguir de volta o que por direito é seu. – a rosada sorriu em resposta.
- É óbvio Kushina-san, não precisa se preocupar, em pouco tempo, Naruto-kun estará novamente em meus braços.

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