Capítulo 27 - O Ômega e a Verdade Escondida

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Duas semanas depois, todos tentavam seguir suas vidas normalmente, Gaara como o médico chefe de seu hospital, Sasuke dando suas aulas de música, que agora eram só para crianças, depois do ocorrido com seu aluno que tentou atacá-lo quando estava em cio, e Naruto
procurando emprego, já que, ao ser preso acabou sendo demitido do que antes possuía.

Nesse meio tempo, tentaram entrar em contato com Minato, todavia o mesmo nunca os atendia, era como se o alfa maior estivesse fugindo de sua própria família. Kushina havia desaparecido, algumas bocas diziam que a alfa havia partido de viagem a outro país, nenhum deles se importou, com a ruiva longe pelo menos estariam em paz.

O pequeno filhote menor de Itachi e Deidara havia nascido, o pequenino Minoru era um lindo bebezinho moreno, de lindos olhos azuis, todos estavam muito felizes naquele dia, enquanto faziam sua primeira reunião familiar com o pequenino de já quase dois meses de nascido. Mas Deidara encontrava-se longe, há dias não conseguia deixar de pensar em tudo o que sua mãe havia dito, na reação de seu pai e o repentino desaparecimento deste, seria verdade? Haveria um ômega na vida de seu pai? E se fosse assim, por que ele o teria abandonado como sua mãe tão orgulhosamente havia afirmado? Eram perguntas que não deixavam de rondar sua mente, não o deixando descansar.


- Qual o problema? O dia inteiro esteve distante. – perguntou o ruivo preocupado, sentando-se ao lado do alfa no sofá de dois lugares, após todos os convidados irem embora.
- Ainda está assim pelo que sua mãe falou? – foi Itachi quem perguntou, sentado ao lado do loiro, na poltrona individual, enquanto amamentava seu pequenino caçula, o loiro nada falou, apenas soltou um suspiro – Te conheço Deidara, está assim desde o dia do julgamento.
- É o meu pai, ele não apareceu, acho que está fugindo de nós. E minha mãe... não consigo tirar o que ela disse de minha cabeça. – as duas mãos do maior pousaram-se em sua cabeça, sentia que esta lhe latejava.
- Esqueça ela Dei, sabe que ela só os queria fazer sentir mal. – argumentou o moreno, mas o maior negou.
- Não Tachi, tem alguma coisa nessa história. A forma que meu pai reagiu... como se sentisse culpado de algo... não é normal. Eu preciso saber. – o ômega menor, ao seu lado suspirou.
- Então fale com seu pai, tenha uma conversa sincera com ele. E lembre-se Dei... não importa o que aconteça ou o que ouça, nós sempre estaremos aqui... – o ruivo tomou sua mão direita.
- Ao seu lado. – completou o moreno, com uma mão livre tomando a esquerda do alfa.


(...)


Dando ouvidos aos conselhos de seus ômegas, Deidara buscou a seu pai, foi difícil, o mesmo parecia querer se esconder, mas após lhe deixar uma mensagem, dizendo que não sairia da porta de sua casa, até que ele o atendesse, o patriarca finalmente o recebeu. Agora, ambos encontravam-se na sala, um em cada sofá, de frente ao outro, sem encararem-se aos olhos.


- Preciso saber a verdade pai... o que okaa-san quis dizer naquele dia? Que história é essa de ômega? Quem é esse ômega? – perguntou o menor, finalmente o encarando, mas sem conseguir fixar seus olhos nos alheios, pela cabeça baixa do mais velho.
- Deidara... – o maior iria dar uma desculpa, mas antes que abrisse a boca foi interrompido por seu filho.
- Por favor, eu preciso saber, essa dúvida está me corroendo por dentro. Quem é esse ômega? – perguntou mais uma vez, por algum motivo sentia que precisava saber essa verdade que seus pais tanto ocultavam.
- Sei que precisa saber e tem o total direito a isso... – sorriu de forma triste – mas tenho vergonha... e medo, tenho medo que me odeie depois de ouvir tudo.
- Por que o odiaria? – perguntou cada vez mais curioso, sentia que a história era pior do que acreditava.
- Por favor Deidara... eu... – seus olhos encheram-se d'água, alertando ao menor, que encarou-o com preocupação.
- Pai... – preocupado, levantou-se, indo ao outro sofá e sentando-se ao lado do maior, tomando sua mão e percebendo que esta, mesmo suada, estava trêmula e gelada – Pai...
- Almas trigêmeas... – começou a dizer o maior, fazendo seu filho franzir as sobrancelhas confuso – eu nunca acreditei nisso, achava que era uma lenda para crianças... – sorriu sem graça – jamais pensei que fosse acontecer comigo. – os azuis olhos de seu primogênito abriram-se com impressão.
- O qu... – antes que pudesse dizer qualquer coisa, seu pai continuou.
- Eu tinha doze anos quando a conheci, ela era linda, brava, com o espírito livre, me defendia, mesmo eu também sendo um alfa, eu não pude evitar, me apaixonei, meu lobo reconhecia o seu, era minha alma gêmea, minha mate. O tempo passou, eu a amava, mas percebia que a cada dia seu ciúme crescia. A meus quinze anos aconteceu algo que jamais poderia imaginar, essa foi a primeira vez que o vi, ele era lindo, doce, a pessoa mais pura que eu já havia conhecido na minha curta vida e eu me encantei no mesmo momento em que pousei meus olhos nele. Era ele, ele era minha alma gêmea, meu lobo o reconheceu e nossos cios se sincronizaram no momento em que nos encontramos. – o alfa menor não sabia o que dizer, estava sem fala, jamais havia imaginado que seu pai poderia ter outra pessoa, uma outra alma gêmea, um ômega – Falei tudo à Kushina, revelei tudo o que havia acontecido, que havia encontrado minha alma trigêmea, meu outro mate, minha Lua, mas ela não acreditou, assim como eu em anterioridade, Kushina acreditava que as almas trigêmeas eram uma lenda. Seu ciúme a estava cegando, ela o odiava, mesmo sabendo que ele era uma parte dela também, não o aceitava, fez de tudo para nos separar, chegou até a pagar a alguns garotos do último ano da escola para agredirem-no. Fiquei revoltado, ela era minha predestinada, mas ele também, eu os amava da mesma forma, mas precisava colocar um basta, ele estava disposto a aceitá-la, mas ela não estava disposta a compartilhar, nem mesmo com seu próprio ômega. Coloquei-a contra a parede, ou ela aceitava nosso ômega ou acabávamos nossa relação, ela não o aceitou e nossa relação chegou ao fim.
- Mas... como... – estava atônito com tudo o que estava ouvindo, seu pai havia tido um ômega e havia terminado seu relacionamento com sua mãe? Pelo que sempre havia ouvido da história dos dois, acreditava que sempre haviam dado-se muito bem.
- Depois disso, fiz meu relacionamento com o ômega público, eu o amava, ele era a melhor coisa que havia acontecido na minha vida, infelizmente não éramos aceitos. Meus pais eram como Kushina, não aceitavam meu relacionamento, acreditavam que um relacionamento deveria ser apenas entre pessoas de sexo diferente, independente de ser alfa ou ômega. – foi interrompida sua narrativa pelo menor.
- Mas era seu predestinado. – o alfa maior sorriu fraco.
- Nem todos se importam com isso Deidara, já se esqueceu de seu irmão? – o mais novo assentiu desanimado, lembrando-se dos difíceis dias que haviam passado – Meus pais me desafiaram, ou terminava meu relacionamento com o ômega e me casava com Kushina, ou não seria mais filho deles e seria deserdado.
- E você... – o maior negou com a cabeça.
- Eu escolhi meu ômega. – o menor sorriu pela resposta, sentindo-se orgulhoso de seu pai, sabendo que ele teria feito o mesmo – Fui embora de casa, morar com meu ômega, já havíamos nos formado na escola e felizmente, ambos, com muito esforço, havíamos conseguido bolsas de estudo em uma boa faculdade, isso possibilitou que continuássemos nossos estudos, já que não tínhamos condições de pagá-los, eu havia sido deserdado e ele era pobre e órfão. – um suspiro escapou dos lábios do patriarca – O tempo passou, as coisas eram difíceis, mas conseguíamos nos manter, não tínhamos muito conforto, mas o suficiente para sobreviver, infelizmente isso não durou muito. Nosso cio chegou, era sincronizado por sermos destinados, e em meio à nossa paixão acabamos nos descuidando e ele engravidou. – os olhos do menor se abriram com surpresa.
- Que? C-com... eu tenho um irmão? – o maior sorriu com tristeza.
- Com a gravidez de meu ômega, tivemos de abandonar a universidade, ele ficou em casa, para se cuidar, a gravidez era de risco e requeria cuidados e eu fui trabalhar, o que recebia da bolsa da faculdade já não era suficiente. Os meses passaram, eu tinha três trabalhos e ainda assim o dinheiro não era suficiente, mal tínhamos para comer e pagar as despesas, nem mesmo o médico dele conseguíamos pagar, passamos fome, meu ômega grávido passou fome e isso doía em meu coração, tinha medo que ele e meu bebê não resistissem. – o maior abaixou a cabeça, seus olhos começando a arder.
- Ele... morreu? – perguntou, o patriarca mais uma vez sorriu triste.
- O tempo passou e o bebê nasceu, era um menino, um menino lindo e meu coração se encheu de alegria e amor, tudo o que eu queria era amá-los e protegê-los, mas as coisas eram difíceis e o dinheiro cada vez mais escasso. Para piorar tudo, meu pequeno tinha uma saúde muito frágil, adoecia com facilidade e os gastos com médicos e remédios eram cada vez maiores. Para pagar todos os gastos, arrumei mais um emprego, mal tinha tempo de dormir, mas não me importava, tudo o que importava era minha família, meu filho. – outro suspiro escapou da garganta do alfa – Ainda assim não era suficiente. Diminuímos o máximo possível os gastos, mal nos alimentávamos, tudo para pagar o tratamento de nosso pequeno, que era muito frágil. As coisas pioraram e uma terrível pneumonia o atingiu... – a essa altura o loiro já não conseguia segurar as lágrimas – n-não tínhamos dinheiro para p-pagar o tratamento, n-não sabíamos o que fazer, estávamos d-desesperados.
- Ele morreu? – perguntou o mais novo e mais uma vez aquele sorriso triste, agora coberto de lágrimas foi recebido.
- F-foi nessa época que nossa solução apareceu. – tentou se controlar, limpando as lágrimas de seu rosto e respirando fundo – Meu pai chegou à nossa casa e ofereceu-me uma proposta.
- Que proposta? – perguntou com curiosidade, seu pai tomou ar mais uma vez, como se o fizesse para adquirir coragem e na verdade era exatamente isso, estava tentando criar coragem para dizer o que precisava, o que seu filho merecia.
- Ele ofereceu-me pagar todas as minhas dívidas e o tratamento de meu filho, se eu... – fechou os olhos, sentindo que novamente as gotas salgadas queriam descer por seu rosto – se eu abandonasse meu ômega, me casasse com Kushina e fizesse de meu filho, o filho dela. – os olhos do alfa menor se arregalaram com espanto e seu coração acelerou, era o que estava entendendo? Ele... – É exatamente o que está entendendo meu filho, você é esse bebê. Kushina não é sua mãe.

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