Capítulo 7 - Desconfiança

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A família chegou à cidade mais próxima, onde seu caçula poderia ser melhor atendido, que mesmo sendo um lugar mais retrógrado, possuía os melhores recursos e equipe médica do país. Sasuke foi atendido imediatamente, seu estado era grave, seu ômega queria desistir, estava morrendo, morrendo de tristeza pelo abandono e rejeição de um alfa, de seu alfa.

Uma equipe completa foi colocada à disposição do pequeno ômega, que ainda permanecia em coma, sobrevivendo apenas por uma máquina, que mantinha seus órgãos em funcionamento, mas todos sabiam, a qualquer momento nem mesmo aquela máquina poderia adiar o inevitável.

Todos estavam profundamente tristes, seu pai permanecia calado, olhando para o nada, com os pensamentos longe, em seu pequeno filho que lutava pela vida, Fugaku Uchiha poderia não ser o homem mais amável e expressivo, mas o alfa acima de tudo amava sua família.

A ômega, Mikoto, chorava no ombro de seu marido, poderia não ser a mãe biológica do pequeno ômega, mas o amava como se fosse seu próprio filho, desde que seu irmão e segundo esposo de seu marido havia anunciado a gravidez. Ela havia o criado e o amava como seu próprio filhote.

Itachi encontrava-se mais afastado, com Deidara o abrigando em seus braços, tentando passar todo o seu carinho e conforto a fim de acalmar ao ômega, liberando quase imperceptivelmente a fragrância tão conhecida de café e hortelã, para que somente seu moreno pudesse sentir, todos muito preocupados.

De repente, um grito da UTI e uma equipe correndo os alertou, fazendo todos levantarem-se e encararem aquele local em desespero, alguma coisa acontecia e tinham quase certeza que tinha a ver com o menor integrante de sua família.

Um médico entrou correndo ao quarto, era apenas um residente, mas o único que naquele momento estava liberado, já que todos os outros médicos estavam ocupados com outros pacientes. Era a primeira vez que o jovem médico entrava naquele quarto e assim que adentrou aquelas portas um amargo odor de tristeza e rejeição o atingiu, seu coração apertando por algum motivo.

Correu até o paciente, notando como os sinais do mesmo haviam desaparecido e o monitor indicava que a vida lhe escapava. Com a ajuda da equipe de enfermeiros, utilizou o desfibrilador para trazer de volta ao ômega, seus olhos arregalando-se e mudando de cor ao ver aquele pequeno corpo.


- Doutor, acabou, ele já se foi. – uma das enfermeiras falou tristemente ao ver como após várias tentativas o garoto não reagia.
- Não, ele vai voltar, eu sei. – mas o médico se recusou a aceitar o constatado e continuou realizando os procedimentos de ressuscitação, levando seus próprios lábios aos frios alheios para um procedimento de respiração boca-a-boca quando percebeu que o desfibrilador já não adiantava, os enfermeiros estavam assustados, o residente havia enlouquecido – Anda... ômega... volta... – e realizou mais uma vez o procedimento, enchendo seus pulmões de ar e levando seus lábios aos do menor – VOLTA! – gritou, levando as mãos ao peito do rapaz, em uma forte massagem cardíaca, sorrindo ao ver como o monitor voltava a dar sinais, para o espanto de toda a equipe. O pequeno ômega abria com dificuldade os olhos, conectando as negras orbes nas suas, seu odor de pinheiro e chuva explodindo pelo lugar, acalmando o pequeno moreno, que sorrindo fracamente caiu novamente na inconsciência, o médico sorriu incrédulo, ainda sem acreditar no que havia acontecido, no local menos indicado e no momento menos oportuno havia encontrado seu parceiro destinado.


(...)


- O ômega agora está bem, está em coma ainda, mas bem. – o médico os anunciou assim que tudo havia se acalmado, a família suspirou um pouco mais aliviados.
- Mas ele ainda corre perigo? – o primogênito dos Uchiha perguntou, seu alfa apertando com sutileza sua mão.
- Infelizmente sim, Sasuke está muito debilitado, por algum motivo seu ômega não deseja reagir, como se desejasse morrer. – falou com uma tristeza que não passou desapercebida por todos que o ouviam, que se entreolharam com suspeita – Mas ele irá se recuperar, disso podem ter certeza, eu mesmo me ocuparei dele.
- Ajude-o, por favor, não podemos perder nosso menino. – Mikoto pediu, recebendo um fraco sorriso por parte do residente.
- Podem deixar comigo, ele irá se recuperar, é uma promessa, ou não me chamo Gaara.


(...)


Mesmo a contragosto, a família havia se dirigido à sua nova casa, Gaara havia prometido que não sairia do lado de Sasuke e que qualquer coisa que passasse entraria em contato e os Uchiha precisavam organizar as coisas em seu novo lar, já que as malas ainda estavam jogadas em seus carros.

Entraram na casa, vendo-a pela primeira vez, já que haviam ido direto ao hospital, era grande, mas um pouco menor que a anterior, a mobília era velha e logo teria de ser trocada, mas pouco a pouco e depois que Sasuke saísse do hospital o fariam, porque sim, a família de morenos tinha a esperança que seu pequeno caçula sobrevivesse e retornasse à calidez de sua família.

Olharam a tudo e escolheram os quartos, Fugaku e Mikoto compartilhariam o último quarto do corredor, o qual era uma suíte e possuía um banheiro, Deidara e Itachi ficariam com o quarto da outra ponta, que não possuía banheiro, mas ainda assim era um pouco grande e possuía uma cama de casal, já que era visível que ambos agora não se desgrudariam e o casal Uchiha, mesmo um pouco receoso, o aceitava. Já Sasuke ficaria com o quarto do meio, que era um pouco menor e possuía duas camas de solteiro, Mikoto sorriu ao entrar no quarto e organizar as coisas do filho.

Os Uchiha eram uma família diferente, Fugaku havia tido a sorte de encontrar dois ômegas maravilhosos os quais o haviam completado, como suas duas almas gêmeas. Com sua doce ômega Mikoto havia tido seu primogênito, Itachi, seu maior orgulho e ambos eram muito felizes. Já com seu lindo ômega Izuna, irmão mais jovem de Mikoto, havia tido seu pequeno Sasuke, seu maior presente e mesmo não dizendo, o alfa o amava com loucura, era tão parecido com seu Izuna, o último presente que este havia o deixado antes de morrer no parto.


- Mikoto? – entrou ao quarto, encontrando sua ômega com o porta-retratos que sempre ficava no criado-mudo de seu sobrinho e enteado, no qual continha uma linda foto de Izuna, com um grande sorriso, enquanto acariciava a proeminente barriga de seis meses de gravidez.
- Ele vai sobreviver, não vai Fugaku? – a ômega perguntou, com os olhos cheios d'água, podia não ter dado à luz àquele pequeno garoto, mas para ela, ele era seu filho. O alfa, com um grande suspiro sentou-se à cama ao lado da esposa, a abraçando e a deixando cheirar seu pescoço para se acalmar.
- Vai, Sasuke é forte, ele vai ficar bem. – a ômega assentiu, afastando-se do maior e olhando para a foto em suas mãos.
- São tão parecidos, não é? – o alfa sorriu, fitando a foto de seu falecido e amado esposo.
- Sim. É tão lindo e forte quanto. – sorriu com orgulho, podia não dizer a todo tempo, mas o alfa também tinha muito orgulho de seu pequeno caçula.
- Fugaku... – chamou-o, recebendo um "hm" em resposta, que a fez sorrir por lembrar de seu pequeno enteado – aquele médico... você acha que...
- Eu não sei Mikoto, mas sinceramente... eu ficaria mais aliviado se nossas desconfianças procedessem. Meu filho por fim poderia ser feliz. – a ômega assentiu, concordando e desejando que o tal médico pudesse fazer um milagre com seu pequeno, não apenas em seu corpo, mas também em seu machucado coração.

Almas TrigêmeasOnde histórias criam vida. Descubra agora