Conforme havia prometido, o médico não havia saído de perto do pequeno ômega, cuidando-o quase vinte e quatro horas por dia e esquecendo completamente de seus outros pacientes, nem mesmo se importando se fosse demitido, aquele garoto havia mexido com algo dentro de si.
- Gaara... – ouviu a voz de sua irmã, que adentrava o quarto – Então é verdade, está aqui. Kankuro falou que não saiu desse quarto em três dias, não atendeu os outros pacientes, nem foi para casa. O que está acontecendo, meu irmão?
- Vai me demitir? – perguntou, a mulher o encarou com incredulidade, a alfa era a diretora do hospital, já que seu pai era o dono e seu irmão do meio era um dos administradores, enquanto seu pequeno caçula havia começado sua residência em Medicina naquele ano.
- É claro que não, é meu irmão, jamais faria isso. Além disso, o hospital também é seu, mas deve entender que exatamente por isso tem suas responsabilidades. – o mais novo suspirou.
- Temari... não posso sair daqui. Eu... – afastou a vista de sua irmã mais velha para encarar o pequeno corpo sobre a cama – eu... acho que o encontrei... – a alfa o encarou com confusão, mas seus verdes olhos arregalaram-se com a próxima confissão – meu ômega, eu acho que encontrei meu ômega.
- Esse garoto... – o mais novo assentiu e a mulher levou uma mão à boca, espantada – cuidado meu irmão, não quero que se machuque outra vez.
- É diferente Temari... eu senti. Quando meus olhos se conectaram com os dele, meu aroma explodiu e meu lobo uivou, tudo o que eu queria era protegê-lo, eu... – passou as mãos pelo rosto pálido – eu não sei o que fazer. – a mulher loira aproximou-se, pousando uma mão sobre o ombro de seu caçula.
- Fique. Se acha que esse garoto é seu ômega então fique. Mas... Gaara, só tome cuidado, vá com calma, não quero te ver sofrendo de novo. – o rapaz assentiu, com um fraco sorriso, vendo como a primogênita de sua família afastava-se, e segurando a maçaneta virava em sua direção – Ah, só mais uma coisa... tome um banho meu irmão, está fedendo.
- Temari... – mas a alfa já havia saído, rindo, deixando o alfa sozinho novamente com o garoto desacordado e um pouco mais tranquilo. Olhou para a cama, onde o pequeno corpo encontrava-se e sorriu, aproximando-se mais e afagando os negros cabelos.
- Você vai ficar bem... é uma promessa. – e liberando um pouco de seu aroma, saiu do quarto, sem antes deixar um pequeno beijo na testa do menor, era melhor fazer o que sua irmã havia dito e tomar um banho, já que reconhecia, ele realmente estava fedendo.
(...)
Nos dias que se seguiram, o médico não havia saído de perto do Uchiha, ia para casa apenas para tomar banho, já que até comer e dormir o fazia no hospital, passando as noites sobre a poltrona do quarto, sempre acompanhado de um integrante da família do menor, que se revezavam para cuidar do pequeno ômega, mesmo o residente lhes informando que ele próprio poderia cuidar de Sasuke.
Gaara No Sabaku era um alfa de vinte e três anos, um tanto baixo em comparação aos de sua classe, já que possuía apenas um metro e setenta e um de altura, sua pele era pálida, seu cabelo vermelho como sangue e seus olhos de um verde água muito raro, que eram frequentemente delineados com um forte lápis preto, os realçando ainda mais, com uma diferente e característica tatuagem em sua testa que havia feito em um momento de rebeldia, após uma decepção amorosa. Apesar da aparência um tanto quanto exótica, o alfa era sério, calmo e maduro, e combinado ao fresco aroma de pinheiro e chuva que possuía o tornava alguém realmente atraente, por isso haviam tantas ômegas ao seu redor, apenas aguardando alguma chance de estar com o filho caçula e herdeiro do dono do hospital mais conceituado do continente.
- Vai ficar bem... – acariciou a face do inconsciente ômega, liberando um pouco de sua essência e sorrindo ao sentir como a deste tornava-se um pouco mais doce, aos poucos o amargo odor de tristeza e rejeição tornava-se um pouco mais doce a cada vez que o alfa liberava a sua – meu ômega... vou estar com você... tem que se recuperar.
- Ele vai. – o ruivo sobressaltou-se ao ouvir a voz, e um pouco envergonhado sorriu desconcertado ao ver o ômega moreno aproximar-se do irmão sobre a cama, afagando seus cabelos – Meu irmão é forte, já passou por muita coisa, vai conseguir passar por mais essa. – o Sabaku assentiu, mordendo o lábio inferior e olhando de um para o outro, já faziam dias que desejava fazer a pergunta – Diga, não precisa se conter.
- Por quê? Por que ele ficou desse jeito? Por que seu lobo simplesmente... – interrompeu-se antes mesmo de terminar a frase, não queria concluir e dizer que o lobo do menor dos Uchiha havia desejado morrer e levar seu humano junto, o primogênito de Fugaku suspirou.
- Um alfa... – chamou a atenção do maior, que o encarou com a testa franzida – um alfa o rejeitou.
- Um alfa? – seu coração apertou dentro do peito – Quando diz um alfa, quer dizer...
- Sim, era o mate do meu irmão. – a boca do ruivo entreabriu, seu ômega tinha um alfa? Como alguém podia rejeitar tal criatura? Itachi ao ver o debate mental do médico sorriu – Não precisa se preocupar, eu acho que você é exatamente o que meu irmão precisa.
- Mas se ele tem um alfa, eu... – o menor o interrompeu, suspirando.
- Sabe... minha família é um tanto quanto... diferente. Meu pai casou-se e marcou a dois ômegas, eles eram o que chamamos de almas trigêmeas, três almas ligadas exatamente da mesma forma e com a mesma intensidade. Foi forte e inevitável sabe, a primeira vez que meu pai os viu foi em um casamento, era o casamento de um primo distante da família, o qual meu pai nem mesmo gostava, mas ainda assim compareceu. Os dois eram ômegas e o encontraram ao mesmo tempo, meu pai diz que quando os três pares de olhos se encontraram, os aromas dos três explodiram e os três entraram em cio, tiveram que fugir do casamento e naquela mesma noite, meu pai os marcou, alguns meses depois se casaram e eu nasci. – um sorriso surgiu em sua face ao lembrar da história que seu pai e sua mãe sempre os contavam – Eu sou filho de Mikoto e Fugaku, Sasuke é filho de Izuna e Fugaku, mas ambos ômegas sempre foram pais para nós dois, pelo menos até que meu tio morreu, no parto, depois disso minha mãe se dedicou a se tornar a mãe que tanto eu quanto Sasuke precisássemos, Sasuke é o menino dos olhos dela, mesmo não tendo saído de seu ventre.
- É uma história bonita. – o alfa também sorria.
- Sim e não é só isso. Meu outro tio, Madara, irmão mais velho de minha mãe e tio Izuna também casou-se com dois alfas, a relação deles é um pouco estranha, já que ambos alfas tem dois ômegas e ambos ômegas tem dois alfas, mas os quatro se dão muito bem, qualquer um pode sentir o amor que sentem um pelo outro, são uma verdadeira família. – terminou de relatar, o ruivo assentiu.
- Almas trigêmeas... é muito raro, até hoje eu só havia conhecido um caso... o da minha família. – agora foram os olhos negros do moreno que arregalaram-se – Meu pai era residente aqui nesse hospital mesmo, o hospital da família, quando em uma consulta conheceu um lindo ômega, meu papi, Yashamaru. Os dois se reconheceram na hora e quando foram apresentá-lo ao resto da família, meu pai reconheceu a irmã gêmea de meu papi como sua outra Lua. Os três se casaram, tia Karura teve dois filhos com meu pai, meus irmãos mais velhos, Temari e Kankuro, enquanto meu papi teve somente a mim, os três até hoje são casados e felizes.
- É engraçado, as famílias de nossas famílias passaram pela mesma coisa e agora vocês dois... – o ômega se interrompeu.
- Acha que é o mesmo? Acha que somos almas trigêmeas? – perguntou, o moreno deu de ombros.
- Eu não sei, mas não há como negar que há uma ligação muito forte entre você e meu irmão, ele começou a se recuperar a partir do momento em que você apareceu.
- Eu nunca vi um caso de almas trigêmeas com dois alfas. – pensou alto, o moreno sorriu.
- Eu já, com tio Madara. – o ruivo assentiu, lembrando-se da história que havia ouvido por parte do Uchiha – Sente-se aí, vou te contar a história.
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Almas Trigêmeas
FanfictionUma rejeição, um casamento, um abandono e um novo encontro. Naruto não estava preparado para encontrar a seu destinado e menos ainda que este não fosse o que esperava. História também postada no Spirit.