♡06

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Helena

Depois de tanto tempo sem ter aquele pesadelo horrível, era por que ela estava aqui, ela era a cópia fiel dele e isso me perturbava, era como se eu estivesse vendo ele ao invés dela. E aquilo me matava. Ela iria me fazer mal, mas me trazia lembranças, foi por isso que dei ela, ela era demais para mim. Eu odiava e rejeitava minha própria filha, eu não queria, eu sempre amei ela e a protegia daquele homem cruel, mas depois que ela nasceu, eu me vi olhando para o monstro. Ela era idêntica a ele, ela era morena, igual a ele, seu rosto era do mesmo formato. Mas seu olhar era calmo, era iguais ao meu, antes. Ela deveria transmitir paz, felicidade e amor. Ela foi tão esperada por mim, apesar de tudo... mas aí ela era idêntica a ele e eu fiz o que achei que era certo, mas anos depois Carla ligou dizendo que estava doente e que eu precisa cuidar de Ana, por que ela não tinha mais ninguém além dela, e ela não podia ficar desamparada, por que no fundo ela tinha a mim. Mas, como eu seria capaz de conviver com ela, ela ia trazer meus fantasma do passado novamente.

Quando eu estava conversando com Carla um tempo atrás, Anastásia estava na escola e eu não corria o risco de ver, mas então ela apareceu e eu fiquei apavorada, a cada dia ela parecia com aquele homem cruel, mas ela também carregava um ar ingenuo e era tímida, eu me via ali na adolescência. Ela deveria ser a garota mais doce e incrível desse mundo, eu fiquei curiosa sobre ela, mas não, eu não poderia.
Ela me olhava curiosa e eu fazia de tudo para não olha-lá. Eu estava passando mal ali.
Naquele dia Carla me fez prometer que não deixaria ela sozinha se algo acontecesse, e eu disse que faria o possível para não deixar. Minha amiga estava estranha demais.

Mas tarde, acordei com a pior notícia, Carla tinha partido, Roger foi comigo ao hospital, eu me deparei com Anastásia numa situação terrível, apesar de não sentir o amor que eu deveria por ela, eu senti dó, compaixão. Eu sei como é perder alguém que amamos. Eu queria consolar ela, mas eu também não queria chegar perto, porque era demais para mim. Ela me olhou e meu coração pesou. Seu olhar era de pura tristeza e desolação.
Eu cuidei de tudo para Carla ter um interro digno, ela foi uma grande amiga, me ajudou num momento em que ela não estava bem, mas ela me ajudou, e fez pela minha criança o que eu não podia, deu o amor e o carinho que eu queria dar e deveria, mas era impossível. Eu era fraca.

Depois do sepultamento, vi Anastásia sentada perto da lápide de Carla chorando e tinha começado a chover, e eu sabia que ela não sairia de la. Eu precisava fazer algo, mas não sabia. Roger tomou a frente, ele sabia o quanto era difícil para mim, ele sabia do meu passado. Chamamos ela para ir para casa conosco, ela relutou, mas acabou indo. Eu não sei como seria esses dias, mas eu faria de tudo para ela ficar bem, prometi isso a Carla. E eu apesar de não quere-lá perto de mim, jamais desejaria o mal.

Uma semana depois dela está lá, todos já gostavam dela, menos eu. Eu não conseguia olhar ela de outra forma. As irmãs dela, Aurora, Kate, que apesar de não ser minha de sangue, mas é de criação, estava encantadas com ela. Isso era demais para mim, por que era tão difícil para mim. Foi então que os pesadelos voltaram, e eu não suportava ter que reviver aquele inferno, era tudo culpa dela, Roger tentou dizer que não, mas era. Ela desencadeou isso, eu não a queria, ela me fazia lembrar do momento mais terrível da minha vida, ela não tinha, mas tinha culpa. Era confuso.

Na manhã seguinte, Kate correu até meu quarto e se jogou na cama comigo triste por que Ana tinha ido embora e ela não sabia o por que, e eu queria saber o porquê também, mas em outro momento. Eu estava num poço sem fundo no momento, eu não estava bem, e demais ter essas lembranças e afasta-las assim. Tempo se passou e eu não fui atrás de Ana, Kate até tentou, mas eu não a deixei ir, Roger se manterá calado. Até hoje, quando ele disse que eu precisava checar a menina, não por mim, mas por memória de Carla que me pediu. E pela menina... afinal, ela era minha. Me senti em falha com minha amiga, depois de tudo que ela fez, e no fim, por mais que eu não queira Ana, ela é a única parente viva que tenho .

Entenda, eu não odeio minha filha por que quero, ela fez parte de um episódio da minha vida, que me afetou, se ela parecesse menos com ele, eu a teria comigo sem dor e nem repulsa. Mas ela me traz a memória tudo que eu tentei e tento esquecer, acha que eu não sofro por não tê-la? Assim como tenho Aurora e Kate? Eu só queria que a situação fosse diferente. Mas infelizmente não era.

Decido ir atrás dela, ao menos para saber se ela está bem, Kate se prontificou de ir também, apesar de eu não querer que ela vá. Mas Kate é impossível as vezes. Seguimos até a casa de Ana, respirei fundo sob o olhar de Kate e descemos do carro. Eu podia fazer isso. Tocamos a campainha. Minutos depois Ana apareceu, ela estava com o semblante cansado, triste e ao me ver, seu olhar foi de dor. Vi lágrimas sendo derramadas, e meu coração bateu rápido. Eu não sabia o que estava acontecendo com ela. Mas ela não parecia bem. Kate tomou a frente.

- Ana, você está bem ?

Ainda me olhando, ela nega.

- O que você faz aqui ? Ela questiona me olhando .

- Eu vim ver se você estava bem.

Digo num sussurro, Ana sorri triste e chorar mais um pouco. Kate a olha sem saber o que fazer.

- Sei que minha mãe pediu algo difícil a você, ela pediu que você fizesse caridade para sua filha rejeitada, mas você não precisa fazer esse sacrifício. Agora eu entendo o por que que você me olhava como se eu fosse uma aberração, me olha como se eu tivesse culpa de ter arruinado sua vida, me olha com desprezo. Mas sabe Helena, você não pode culpar um bebê que não sabia de nada, um bebê que só queria amor e você foi impossível de dar, quer dizer. Você deu, mas não a mim.

Seu olhar desvia para Kate com mágoa. Mas isso não é culpa de Kate .

- Anastásia... Eu.

Tento dizer algo, mas mão consigo. Minha voz embarga.

- por favor, não fala nada. Eu achando que apenas o mundo me rejeitava, que ironia, desde de muito cedo eu já fui rejeita, o mundo é ficha perto do que descobri. Descobri que minha mãe me deu por que o simples fato de me olhar matava ela, ela não era capaz de me amar ... eu não consigo te compreender Helena. Mas sabe, eu nem quero. Volta para sua vida, cuida dos seus filhos, de todo amor que você não pode me dar, faz como tempo atrás, e me esquece. Não serei um lembrete na sua vida de que algo terrível aconteceu. Eu só suporto ser rejeitada até uma segunda vez pela mesma pessoa, mais que isso é burrice, é masoquismo.

- Mamãe do que ela está falando.

Kate pergunta, mas eu não dou atenção no momento. Anastasia tenta fecha a porta, mas não deixo. Entro um pouco mais.

- Carla deve ter te explicado o real motivo de eu ter feito o que fiz. Foi pelo seu bem.

- Não, ela não disse, por que cabe a você dizer, por que é a sua vida. Mas não se preocupe, que minha mãe não foi cruel com você. Ela me pediu que entendesse que você não estava bem.... E apesar de me querer não podia ficar comigo. Mas na real, eu não quero saber de nada. Sou grata a você por uma coisa, por me dar para uma pessoa incrível me criar, ela foi perfeita ...

- Eu preciso te contar a verdade. Não é como se eu quisesse sentir essas coisas ruim por você.

Peço um pouco desesperada. Ela não pode achar que sinto isso por que quero.

- Eu realmente não tô afim de saber Helena. Quando sair bata a porta. Obrigada.

Ana dar as costa para pegar uma caixa, e olho ao redor. Estava com várias caixas, sinal de mudança. Olho para a menina curiosa... ela não pensa em mudar ...pensa?

- o que é tudo isso ? Kate faz a pergunta que eu queria fazer.

- Estou indo embora. Esse lugar me trás coisas dolorosa, a única que me fazia feliz se foi. Não tenho motivos para ficar, preciso ir para longe daqui e para longe de pessoas que.... Que não me querem.

Ela me olha e Engulo em seco, Kate me olha na espera de algo, mas eu apenas dou de ombros e vou embora para o carro quando as lágrimas começam a descer. Eu sou uma pessoa terrível, por que ele me marcou desse jeito terrível, por que ela tinha que parecer tanto com ele, poderia ter sido diferente. Mas não, a vida é tão cruel, ou talvez é as pessoas que faz dela assim.

Hope Onde histórias criam vida. Descubra agora