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Essa é a história da vida da Helena .. sofrida tanto quanto da Ana .

Anastasia

Ainda deitado na perna da minha mãe enquanto ela acaricia meu cabelo estava mais calma, tanto eu como Hope. Era tão bom receber esse carinho dela. Estava quase voltando a dormir quando Helena suspira. Antes que eu indagasse se estava tudo bem, ela começou a falar.

- Eu era jovem quando conheci Bob, ele era melhor amigo de Raymond, o Namorado de Carla. Duas amigas numa festa de faculdade conhecendo dois amigos legais. Foi amor à primeira vista para nós duas.

Sento na cama e vejo o olhar de Helena perdido em algum ponto do quarto. Ela estava preste a conta a história dela, uma história que não fazia bem a ela.

- Não, você não precisa me contar nada disso. Mamãe, eu não preciso saber.

- Você precisa sim. Quero que saiba o porque que não quis ficar com você. Nunca foi porque eu quis realmente, eu não estava bem, não depois de tudo.

Ela diz séria me olhando, apenas concordo me acomodando no seu colo novamente.

- Comecei a namorar com ele ainda na faculdade, no último ano, os meses passaram e concluímos a faculdade, Carla voltou para Portland com o Ray, se casaram e viveram muito bem e feliz. Já eu e Bob ficamos em Seattle por que ele começaria trabalhar numa empresa muito importante. Eu fiquei triste no começo, Carla e eu eram os muito amigas, eu tinha como irmã, era uma única que eu tinha como família. Mas eu amava ele e ele era possessivo comigo. E uma coisa eu tinha certeza, ele jamais deixaria eu ir embora. Eu era uma garota sozinha no mundo e não via motivo de sair dali. Apesar de possessivo comigo, ele era bom quase sempre. Tudo só piorou depois de um tempo. Ele se meteu com pessoas erradas, começou ficar viciado em jogos, passou a sair com outras mulher e enquanto eu ficava em casa, eu nem pude exercer minha carreira.

Ela para de falar, sua voz estava embargada. Eu apenas estava calada, branca como o papel. Enquanto Helena falava, um filme de mim passou na minha mente e saber que ela passou por tudo isso também era demais.

- Eu sinto muito... Eu ... nós Não ...

- Somos vítimas Ana .... tanto que eu queria ter evitado que você passasse por isso.

Eu não consigo dizer nada, ela não tinha como evitar, apenas isso.

- Quando descobri sobre uma gravidez, eu fiquei assustado pela reação de Bob, ele odiou, ele me torturou da pior forma e eu senti medo, muito medo. Ele ameaçava você e eu morreria se algo acontecesse. Eu só queria que você nascesse logo, mas então eu me desesperei, se ele ameaçava você dentro de mim, imagina com você ali. Ele criava jogos mentais, ele me torturava fisicamente e emocionalmente.
Ele usava facas para me machucar e muitas das vezes as ameaças dele foram cumpridas, ele me sufocava com travesseiros durantes noites quando abusava de mim como um animal ... Mas você era tão forte... você ainda estava lá dentro de mim. E eu sentia tanto medo de como seria quando você estava lá... eu não sabia se poderia se proteger.

Ela solta um soluço. Olho para ela e me sento, abraço ela. Até eu estou chorando. Aposto que ela era uma mulher incrível e não merecia isso.

- Chega, você vai para com isso agora. Você não pode se torturar assim.

- Eu preciso me livrar disso, preciso que você saiba que eu não te dei porque quis.

- Eu sei que não. Está tudo bem, eu disse a você mãe.

Ela negou e não poderia fazer nada a não ser escutar.

- Logo você nasceu, você era a bebê mais linda, cabelos negros, olhos incrivelmente azuis, a pele tão alva e você era tão calminha. Mas você era a copia dele e eu não sabia se podia lidar com você, Eu mesma fiz meu parto, mas algo mudou em mim, tanto que te esperei, mas aí você era ele ou era o que minha mente doente me fez perceber. Eu fiquei doente, eu não conseguia lidar com você, eu nem conseguia te amamentar por muito tempo, você chorava muito e isso fez Bob ficar furioso. Ele ameaçou você, Mas ele descontou em mim naquela noite, da pior forma... Eu sabia que não poderia ter você ali. Eu nem mesmo deixa de cuidar de você, eu não irritá-lo . Mas eu não era tão cruel ao ponto de deixar ele tocar em você, Eu odiava tanto ele e passei a não gostar você por ser tão parecida com ele. Lembrei da minha amiga, ela não podia ter bebês e sei que seria melhor te dar a ela, do que a uma mulher qualquer. Ela também estava passada por um processo difícil, tinha perdido alguém que amava. Você foi a esperança dela. Pude ver quando você estava nos braços dela. Eu só queria que aquilo acontecido comigo. Eu te queria tanto, mas algo em mim estava errado. Foi mais tarde que percebi que eu estava com Depressão pós parto.... Depois de muito tempo eu vim saber. Era tarde demais, por que aquele sentimento Ruim ficou dentro de mim por anos e não era tão fácil se livrar. Mas eu queria que tivesse sido diferente Ana ... Eu queria meu amor, Mas eu fui fraca.... A mamãe foi muito fraca.

Ela diz chorando, ela soluçava e eu sabia que ela não estava bem. Nem eu estava, Helena não tinha culpa, ela fez o que achava que era o melhor para nós.

- Você não tem culpa mamãe, você não tem culpa. Como eu disse, eu perdoei você e tudo está bem. Não se maltrate por isso ok?

Me afasto e limpo suas lágrimas do seu rosto, seu olhar ainda e dolorido. Mas ela estava mais calma.

- Agora eu te tenho, e eu jamais irei abri mão de você. Eu errei no passado, mas dessa vez não. Eu não vou estragar as coisas... eu amo você e cuidarei de você.

- E eu amo você, e cuidarei de você também senhora, agora não chore mais. Isso me deixa mal.

Ela abre um meio sorriso e me puxa para outro abraço. Me aconchego no seu colo e ela acaricia o meu cabelo. Ficamos em silêncio por um tempo. Me pergunto o que aconteceu com meu pai, se é que posso chamar aquele monstro dessa forma.

- O que aconteceu com você na noite que me deu a Carla? Meu pai encontrou você? Como ele parou na cadeia?

Helena me afastou um pouco do corpo dela e me olhou, séria, repreensiva. Parece que furei ela com uma faca.

- ouça - me bem Ana, nunca, jamais se refira ele dessa forma. Ele não é seu pai. Nunca foi. Assim como eu jamais nem deveria ter a honra de ser chamada por você de mãe. Nós dois fizemos coisas cruéis com você.

- Eu sei, desculpe. Mas creio que você Nunca me quis morta, diferente dele. Então merece ser chamada assim, você se arrependeu e nunca me deixou porque quis. Mas o que aconteceu com vocês depois?

- Não importa ele. Eu agi e te dei antes que fosse tarde demais. E o que aconteceu depois, não é importante mais querida. Ele foi preso e eu fui para um hospital. Tudo o que você precisa saber é isso, Fim da história. Venha, vamos jantar...

Mamãe se pôs de pé e me estendeu a mão. Eu apenas a olhei por um tempo tentando descobrir que ela ainda me esconde. Mas deixo para lá, se ela não quer contar, eu descobrirei de outra forma.

Hope Onde histórias criam vida. Descubra agora