Capítulo 7

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Eu olhei para ele em choque, incapaz de acreditar que ele é real e não apenas minha imaginação. As cicatrizes em seu rosto são a prova viva, sinto a textura áspera das velhas feridas. Um sorriso aparece em seu rosto, perigo escrito quando começo a gaguejar. "E-Eu... Eu..."

"O que tem de errado baby? Só sabe duas letras do alfabeto?"

Isso não poderia estar acontecendo. "Você acredita em mim agora?" Minha mão cai do meu lado, dou alguns passos de distância do monstro que fique de frente para mim, ele ri sombriamente. "Não, não. Isso não é verdade, é impossível!" Eu exclamo, apontando um dedo acusador para ele ao algo estar errado.

O som de algo batendo na parede nos faz parar de nos encarar. Olho para a porta antes de ela se abrir, era um dos pedreiros. Me virando, o monstro ainda estava de pé na minha frente com um pequeno sorriso enfeitando seus lábios. "Senhorita, você está bem?" Ele perguntou.

"Você não pode vê-lo?"

Ele franziu as sobrancelhas. "Quem, senhorita?" Faço um gesto para o fantasma, mas o homem apenas dá de ombros, impotente. "Eu não sei de quem você está falando senhorita." O quê? Sério? "Você não pode vê-lo? Você está brincando comigo? Ele está bem aqui!" Eu aponto para onde o monstro está de pé.

Balançando a cabeça, ele lentamente se afasta. "Pode me dizer se você tem tinta extra? E onde a colocou?" Suspirando pesadamente, eu massageio minhas têmporas. "Bem ali dentro." Eu aponto para o armário sob a pia.

"Obrigado." Ele disse, caminhando em direção ao armário e pegando as latas de tintas. Fechando o armário e se afastando mais uma vez. De frente para o monstro, eu estreito os olhos para ele. "Você não é real. Você é apenas minha imaginação. Mesmo que o homem não possa vê-lo!" Ele zomba adiantado. "Ele não merece me ver, você sim."

Eu faço uma careta quando ele agarra ambos meus ombros, me puxando para seu corpo anormalmente frio. Os mortos são frios como gelo, não sentem nada. Não há felicidade, tristeza e nem dor. Nada. "Fique longe de mim." Eu sussurro asperamente quando ele se inclina para a frente.

Sua respiração bate em meu pescoço enquanto ele ri da minha luta lamentável. "Eu vou me divertir muito assustando você, Lucinda. Muito." Ele lambe uma listra corajosa em minha bochecha e eu gemo enjoada. Babaca nojento. Limpando a saliva, ele desaparece em um piscar de olhos. Olho em volta para qualquer sinal da sua presença, mas não havia nenhuma.

Eu vou para a pia, abrindo a torneira. Lavo o resto da saliva da minha bochecha e saio da cozinha. Subo a escada e vou direto para o cômodo onde os pedreiros estão ocupados pintando. O cheiro forte de tinta irrita meu nariz, mas eu prefiro ficar aqui do que arriscar outro encontro com o monstro.

Os pedreiros não parecem se importar com minha presença, continuando seu trabalho como se eu não estivesse por perto. Eu olho para eles quando eles batem um martelo ao pendurar uma pintura em uma das paredes brancas. A imagem da coloração de sangue faz minha pele arrepiar quando eu me lembro do que aconteceu há poucos minutos.

Deve haver uma maneira de siar desse lugar. Devemos sair daqui.

O tempo passa lentamente, um dos pedreiros removem as velhas janelas quebradas e as substituem por novas. O cheiro de tinta diminui aos poucos, o que é bom. No momento em que ele terminam, minha mãe aparece na porta com um sorriso. "Uau, não posso acreditar! Está tudo feito!" Seus olhos vagam ao redor do cômodo, admirando as paredes impecavelmente pintadas e as novas janelas. "Tudo parece tão grande! Obrigada."

"Não há do que senhora." Um dos pedreiros disse enxugando o suor de sua testa. "Nós estávamos apenas fazendo nosso trabalho, e eu estou feliz que você esteja feliz com o resultado."

Hex |h.s| traduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora