Margret e Draco

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Existem formas de acabar histórias.

Uma delas é por meio de beijos, mãos dadas, por do Sol e cantos de pássaros. Outra forma é um casamento. As vezes essas duas fórmulas são misturadas, outras vezes os autores decidem por um meio alternativo.

Scorpius se perguntava se aquele era o fim. Afinal, havia um casamento, haviam pássaros, beijos e mãos dadas.

Era o casamento do seu pai e Margret, passarinhos cantavam no alto das copas das árvores do bosque da propriedade dos Malfoy no País de Gales. A cerimônia ocorria em uma clareira cercada de narcisos, pela manhã, quando os passarinhos cantavam. Seu avô quem havia os plantado em homenagem a esposa. Quem disse que todos que um dia foram vilões não podem ser românticos?

No centro, onde a grama havia sido aparada há uma semana, havia um arco de flores encomendado pelo decorador, virados para esse arco haviam bancos de madeira em duas linhas retas, todos ocupados. Scorpius ficara surpreso com isso, seu pai nunca parecia alguém de decoração e... convidados. Mas Margret deveria ser. Também tinha um grupo instrumental que tocava suavemente uma música romântica.

E claro.

Os noivos.

Seu pai estava vestido em um terno cinza escuro de seda, cintilando contra os raios de Sol da manhã filtrados pelas árvores. Margret também estava bonita, com um vestido branco bem simples com alças cintilantes nos ombros, nada de cauda longa e véus enormes, ela usava uma tiara de brilhantes delicados e deixara o rosto bem exposto com um penteado que juntava todo seu cabelo para trás, ainda assim conseguira ter uma beleza afiada. Assim como Draco.

  Scorpius segurou a risada, eles se mereciam.

Havia começado a pensar assim na volta para casa, depois de ter se entendido com Albus. Ele tinha alguém, seu avô tinha alguém, por que então seu pai não podia ter alguém? Só porquê ele estava com ciúme? Sua mãe não gostaria que ele estragasse a convivência com seu pai por conta de ciúme. Além de que... ele já não era grande para superar isso? Então naquela noite ele conversou com o pai, e o desejou toda felicidade do mundo, porque ele mesmo acreditava já ter encontrado a dele. Draco não quis admitir, mas Scorpius vira um relance de sorriso, e quando Scorpius insistiu que tinha o visto sorrir, Draco o mandou ir tomar banho e mais tarde enviou para o seu quarto uma bandeja com doces e um convite do casamento preso sob ela endereçado para "Potter". Scorpius não podia ficar mais feliz.

Dois bancos atrás do seu, estavam os Potter. Vez ou outra, Scorpius se virava para ver Albus, mas seu avô o beliscava e o mandava olhar para frente.

Quem celebrava o casamento era um magistrado escolhido por Margret, aparentemente alguém da sua família. Ele estava recitando poemas e fazendo uma longa introdução. Apesar disso, Draco mantivera uma expressão paciente, e as vezes seus olhos ficavam focados no rosto de Margret, então ele os desviava rapidamente, como se tivesse medo que alguém percebesse que ele estava apaixonado. Scorpius novamente quis rir. Devia mesmo passar mais um tempo com seu pai.

O casamento, além de ser uma cerimônia oficial, também servira para Scorpius como desculpa de voltar de Durmstrang. Ele estava lá a quase seis meses, enfrentando o frio da Bulgária. Seu uniforme era tão pesado e cheio de pelos que na primeira semana ele espirrara até seus pulmões doerem, foi quando o diretor decidiu colocar um feitiço anti-alérgico nas peles do uniforme.

  Não achava que tinha mudado muito nesses meses, mas a primeira coisa que sua avó apontara quando ele pôs os pés em casa foi que ele parecia mais forte, Scorpius suspeitava dizer que era o peso das roupas que usava lá que o fazia parecer estar segurando um urso. Também podia ser outro nível de adolescência. Há alguns meses uma coceira irritante aparecera sob seu queixo, só para descobrir que ali existiam mínimos fios de barba crescendo. Seu corpo devia estar desesperado por mais calor naquele lugar, pois logo começou a crescer barba nas suas bochechas, e então ele começou a tirá-los. Além da sua avó ter percebido, Susan também apontara isso quando chegou no casamento, disse que estava ansiosa para tê-lo no time de quadribol novamente, segundo ela seu estado físico era ótimo para um batedor. Seus amigos também haviam sido convidados para o casamento, claro, Scorpius fora liberado por apenas um dia, na outra manhã pegaria a lareira direto para Durmstrang, portanto todos que ele precisava ver iriam vir. Rick, Kevin e Mark haviam chegado juntos e soltando assobios quando o viram. Isso fazia Scorpius se sentir ansioso, todos estavam jogando na sua cara que estavam o achando mais-alguma-coisa, mas a opinião de quem mais importava ainda não havia aparecido, justamente porque o dono dela não chegara no casamento antes da cerimônia começar. Scorpius já estava no primeiro banco e o magistrado já tinha começado a falar abobrinhas sobre casamento quando aquele grande grupo de pessoas chegou: Harry, Gina, James, Clary, Lily, Luke e claro, Albus. Eles se sentaram silenciosamente e lá ficaram. Desde então seu avô começara o controle de beliscões.

Stigma - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora