Finalmente

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Olá!
Desculpem a demora, acho que já expliquei a vocês o caso da minha demora para postar.
Além de estarmos no fim da fanfic e eu quero que esteja perfeito, por isso a demora aumenta.
Mas espero que vocês não desistiam de mim 💕

***

  Lily acordou com as batidas surdas e constantes ecoando na sua cabeça.
Por um breve instante ela acreditou que estava em casa de novo e que James estava tentando pregar algo na parede no quarto ao lado, mas a medida que o sono ia evaporando e ela se tornava mais ciente dos odores, do estômago apertado de fome, e do chão duro em que estava deitada, ela foi lembrando da triste realidade em que estava inserida, a de refém.
Mas o barulho...
Ela ergueu a cabeça e viu que, do outro lado da sala, Luke estava chutando a porta. Ele devia estar fazendo aquilo há algum tempo, pois quando Lily levantou, limpando a poeira das mangas do casaco e das calças, ela viu que haviam pedaços de madeira quebrados ao redor dele, que a lembravam bastante do que um dia podia ter sido uma cadeira. Ele arfava, mas continuava a chutar. Quando descansava o corpo por um instante, os braços pendiam ao seu lado, inertes.
Lily se sentia melhor depois de dormir, mas estava morrendo de fome, e imaginava que Delphi não se importaria o bastante para trazer comida para eles. Decidida a não se esforçar mais e poupar energia, ela puxou uma cadeira até a parede e se sentou. Luke reparou no barulho dos pés da cadeira se arrastando e se virou.
-Bom dia... ou boa noite. -ele cumprimentou, arfante.
-Não temos motivos para ser bom. -ela resmungou, pessimista.
-Por outro lado, descobri que essa porta -ele indicou a porta as suas costas, e tentou regular a respiração, com dificuldade. -Ela é frágil.
Lily segurou uma risada.
Luke estava suando como um porco, arfante, parecia totalmente esgotado, até sua voz estava fraca, sem falar na cadeira em pedaços ao seu redor... e a porta era frágil?
-Ah, eu estou vendo. -Lily disse, irônica.
Luke revirou os olhos.
-É porque você está longe.
-Já está tendo delírios, -ela disse em um falso tom de preocupação. -Achei que o corpo humano aguentasse mais do que algumas horas de cansaço.
-Se você fizer o favor de chegar mais perto, vossa majestade, você pode ver que a porta ela é bem velha, e apesar de emperrada, bem fraca.
-E você está tentando acabar com ela aos chutes. -concluiu Lily. -Mas quem está destruído é você.
Luke a ignorou e voltou a chutar a porta. Lily suspirou, desistindo, então puxou sua cadeira para sob a lâmpada amarela no centro da sala, pegou um livro e subiu, era o que lhe restava a fazer.
-Não vai descobrir nada. -disse Luke, dando mais um chute. -Já sabemos tudo que precisamos.
-Mesmo? O que?
-Ela quer trazer o pai de volta. -ele chutou a porta. -Somos a isca para seus irmãos e o seu pai. -mais um chute. -Vamos morrer aqui.
-Não vamos morrer.
Luke riu sarcasticamente.
-Não vamos. -insistiu Lily, abrindo um diário estranho, mas ao fazer isso lhe ocorreu que, antes de desmaiar, ela estava lendo um daqueles. -Luke, você lembra qual diário eu estava lendo antes de dormir?
-Tom Riddle? -ele sugeriu.
Lily sentiu arrepios, não era uma boa hora para ficar citando o nome dele. Ela desceu da cadeira e procurou entre os encadernados algo que fosse familiar. Lembrava-se de ter se sentido muito animada com algo antes de desmaiar.
Ela vasculhou todos os diários superficiais da pilha sobre a escrivaninha próxima à luz, e então... ela achou o diário, mas um barulho alto a interrompeu.
-Ah, por Merlim. -ela ouviu Luke dizer.
E de repente o quarto estava mais iluminado.
Lily olhou para onde Luke estivera antes, mas agora havia uma enorme brecha iluminada.
-Abriu. -ele sussurrou, cobrindo a boca com as mãos.
Lily prendeu o diário debaixo do braço, correu até Luke, e, segurando-o pelo braço, colocou a cabeça para fora do quarto. Era um corredor longo, vazio e escuro, que terminava em uma curva. As paredes, assim como dentro do quarto, mostravam infiltrações graves e manchas verdes de mofo.
-Vamos. -ela sussurrou para Luke, que ainda estava em choque.
Mas quando ela deu um passo para o corredor ele a segurou.
-E se ela tiver colocado armadilhas?
Lily olhou o corredor, parecia inofensivo, mas muitas coisas pareciam inofensivas e não eram. Ela suspirou.
-Teremos que tentar.
Ele espiou o corredor e ergueu um dedo, pedindo um instante, voltou para a sala e pegou um dos pedaços quebrados da cadeira.
-Pode ser útil.
Lily não queria lembra-lo que magia poderia tornar aquilo em pó, mas assentiu e pisou para fora da sala. Por um instante os dois ficaram parados no meio do corredor, esperando o pior, mas nada aconteceu.
-Vamos. -sussurrou Luke. -Pise leve.
Colados a parede, os dois andaram nas pontas dos pés até à curva do corredor. Lily espiou para onde a curva levava e deu de cara com uma escadaria.
Ela segurou Luke pelo braço e foi o puxando para subir a escada, ainda que ele reclamasse que podia subir sozinho. Ela precisava sentir que tinha alguém ao seu lado, ou ficaria com muito medo para prosseguir. Alguém por perto a fazia lembrar que tinha que ser forte, ou pelo menos parecer forte. Era assim que era ser criada só com irmãos e com a fama do pai. Sempre tinha que ser corajosa, mesmo quando não era. E no momento Luke era o mais próximo de qualquer um deles.
Eles subiram e chegaram em um patamar, onde uma janelinha embaçada iluminava uma pequena fração da escada.
-Lily, podemos sair por aqui. -Luke sussurrou, apontando pela janela.
-Se quebrarmos a janela vão ouvir. -ela sussurrou de volta.
Ele soltou o braço do aperto dela e testou a janela com delicadeza. Estava velha e emperrada, mas um empurrãozinho... ela estalou. Luke paralisou com os olhos arregalados. Qualquer barulho naquele silêncio soava dez vezes mais. Ele empurrou mais um pouco, mais alguns estalinhos e então ela cedeu.
Luke segurou as portas antes que elas rangessem demais e as abriu devagar para fora.
Juntos, os dois se debruçaram sobre o parapeito, vendo que estavam, na verdade, no subsolo, e aquela janela abria para um gramado.
-Estávamos no porão. -sussurrou Lily.
-Acha que é perigoso sair por aqui? -Luke perguntou, tentando olhar melhor pela janela.
-Já estávamos em perigo antes. -Lily suspirou e apoiou as duas mãos no parapeito da janela, com um impulso, ela se colocou para cima e apoiou um joelho na moldura da janela, conseguindo passar o corpo para fora do buraco. -Vem. -ela se virou e viu Luke tentando, mas ele parecia ser menos flexível. Com alguns puxões dela, ambos estavam ajoelhados na frente da janela. -Feche de volta, vou olhar mais lá em cima.
Lily guardou o caderno entre o cós da calça e a pele, e começou a engatinhar pela grama, abaixada ao máximo. Avançando de mansinho, Lily viu que estavam próximos a uma floresta, e que a casa era grande e muitíssimo velha, caindo aos pedaços, mas ninguém estava a vista.
  Ela se manteve abaixada, até ouvir Luke engatinhando em sua direção. Ele parou ao seu lado e também inspecionou o ambiente.
  -Algum plano? -ele sussurrou.
  Ela afirmou com a cabeça.
  -Me segue.
  Ainda abaixada, ela seguiu pelo lado da casa, e parou quando chegou na esquina. Espiou o outro lado, mas ainda era a lateral da casa, aparentemente haviam saído pelo quintal e, felizmente, estava vazio. Lily chamou Luke para o seu lado e sussurrou:
  -No três, vamos correr para dentro da floresta o mais depressa possível, mas... tente ser silencioso.
  Luke assentiu, aceitando o plano.
  Eles se prepararam em posição de corrida, Lily contou até três, e então os dois saíram em disparada floresta adentro.

Stigma - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora