Relativamente Bom

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  Estar a dois dias da viagem era muito estressante, mas Albus suspeitava que nem ele, que estava sendo ameaçado durante a viagem, estava tão ansioso quanto Simon.
  No meio do campo de quadribol, sentados na grama, -todos com as barrigas cheias do jantar e quase dormindo com o vento morno da noite que soprava por dentro da floresta - o time olhava Simon andar de um lado para o outro como um felino enjaulado. Os cabelos verdes reluzindo à luz da Lua, e a testa marcada por um vinco.
  Ele parou e passou as mãos no rosto.
  -Temos dois batedores. -anuncia, oque podia ter feito a alguns minutos quando chegaram lá. -Eu e Scorpius.
  Não foi preciso mais nada. Scorpius bateu na própria testa e Albus baixou a cabeça. A reação dos outros foi só de choque, afinal, eles não participaram por dentro da seleção de jogadores.
  -Vocês entendem isso? Como vamos para um jogo internacional sem os jogadores completos?
  Scorpius ergueu a mão.
  -Desculpa, Simon, devia ter lembrado disso antes, mas... estávamos indo tão bem sem o terceiro batedor que esqueci.
  Simon balançou a cabeça, impaciente.
  -O que foi feito já está feito, Scorpius. -ele volta a andar. -Temos dois dias para trazer alguém para o time.
  Albus levantou a cabeça e listou seus colegas de time:
  Rick (apanhador)
  Susan e Mark (artilheiros)
  Scorpius e Simon (batedores)
  E tinha ele próprio que era goleiro. Mas toda aquela dispersão era perdoável, fazia um tempo que estavam sempre com a cabeça tão cheia que pensar em fazer coisas normais, como apenas contar os jogadores, era muito difícil.
  -Quer um jogador sem ele nunca ter praticado com a gente? -perguntou Susan, incrédula. -Já sabemos jogar com um a menos, se adicionar um vai desequilibrar.
  Simon parou e se abaixou na grama, para ficar com os olhos no mesmo nível que os outros.
  -Um a menos e somos alvo.
  -Simon... -Susan começou, mas foi interrompida pela mão de Albus levantada. -Alguma sugestão que não estrague tudo?
  -Espero que sim. -Albus esfregou as mãos uma na outra, começando a se arrepender por ter pedido a fala. -Temos um segundo lugar, de quando escolhemos Mark.
  Mark, que até então estava abraçado as suas pernas, ao lado de Rick, franziu a testa lembrando do placar.
  Ele piscou confuso, e olhou para Albus, com olhos verdes e julgadores, como se ele estivesse lhe oferecendo um diabrete.
  -Quer trazer Luke Carrow?
  Rick riu alto, Simon franziu a testa num vinco ainda mais surpreendente, Susan arregalou os olhos e Scorpius se voltou para ele parecendo incrédulo.
  -Ele odeia a gente. -disse Scorpius.
  -Esqueça sobre oque eu disse de ideias que não estraguem. -disse Susan. -Isso foi o cúmulo.
  -Gente, ele ficou em segundo lugar. Significa que ele perdeu por pouco de Mark. -Albus argumentou.
  Scorpius colocou uma mão no ombro dele.
  -Eu sei, mas, me escute bem, lembra do começo do ano quando ele ficou provocando briga com a gente?
  -Ele disse que era por que não tínhamos colocado ele no time.
  -Não é isso, talvez ele fique com raiva e tente se vingar.
  Simon bateu palmas, um sinal claro de que o assunto estava encerrado.
  -Albus, você está encarregado de falar com Carrow. -ele apontou para Susan. -Susan, fale com as meninas, talvez alguém queira se juntar a nós caso Carrow desista.
  -Que ele desista. -disse Susan, como uma prece.
  -Ótimo, vamos de volta ao treino. -falou Simon, com o tom de voz animado de capitão que não colocava todos para cima, mas que os fazia ter a ação de tentar.
  Albus puxou para perto suas luvas, as calçou e colocou o capacete. Quando se levantou, Scorpius estava parado o esperando, com os pés ainda firmes no solo e a vassoura na mão direita. Seus olhos cinza queriam o dizer alguma coisa.
  Albus se aproximou, ajustando os feixes das luvas.
  -O que?
  -Não confio em Luke. -disse Scorpius, passando uma perna sobre a vassoura. -Ele não gosta de nós. Isso vai dar errado.
  -Eu Também não confio.
  Scorpius franziu a testa. Albus puxou a cabeça para um lado e para o outro, estralando o pescoço.
  -Mas eu prefiro que ele esteja conosco o tempo todo a ser um alvo de Delphi e acabar bem pior. É mais fácil perceber alguém confiável sendo estranho, do que o contrário.
  Scorpius balançou a cabeça, e então sorriu.
  -E eu achando que tinha alguma coisa estranha com você.
  Albus deu de ombros e sorriu de volta. Scorpius estava iluminado em prata naquela noite, os cabelos reluziam, os olhos estavam mais claros e a pele parecia pálida como a lua.
  -Vocês vão ficar de namorinho aí embaixo ou vão treinar? -gritou Rick, voando em torno de um dos aros. -Já estou cansando de vocês.
  Albus e Scorpius riram.
  -Conversamos depois. -Scorpius deu um impulso e se lançou no céu noturno.

Stigma - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora