O Ataque em Hogwarts

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  O som de quando as raizes se partiram foi imenso.
  A professora Sprout, que estava no comando da escola enquanto Minerva estava em Ilvermorny, se levantou de um pulo do cadeirão e correu para a varanda. Os quadros tremiam e os ex-diretores gritavam de susto. Lá embaixo, ela conseguiu ver o Salgueiro Lutador chacoalhando os galhos como uma pessoa em apuros faria para ser vista, no chão, parte das suas raizes estavam inertes, e sob elas uma massa de pessoas com capas pretas saiam como formigas de um formigueiro.
  Pomona demorou um instante para assimilar toda a situação. Assim que se virou, as portas da sala se escancararam, e o professor Martin entrou à passos ligeiros.
  -Pomona, o que está acontecendo?
  -Estamos sendo atacados. -ela disse, a boca estava seca. -Vá proteger os alunos, eu tomo conta disso.
  Martin hesitou, mas acenou com a cabeça e correu de volta para fora. Pomona tirou a varinha do bolso e apontou-a para o grupo que avançava pelo gramado. Um raio vermelho atingiu pouco depois deles e uma barreira subiu imediatamente, era uma medida tomada pós a Guerra para proteger a escola, haviam pontos específicos no gramado prontos para se tornarem barreiras. Notando o que estava acontecendo, as sombras encararam pasmas a barreiras, e as mais espertas viraram pássaros e dispararam antes que a proteção fechasse. Os mais lerdos ficaram batendo os punhos na barreira transparente.
  Não havia dúvida do que eram. Os meninos não mentiam. Eram os Agoureiros.
  -Só faz poucos anos, tenha piedade. -sussurrou Pomona para si mesma, lembrando dos comensais e os terríveis estragos que haviam feito na escola.
  Ela se virou e correu para a lareira, jogou uma boa quantidade de pó de flu e gritou:
  -H-Harry? Minerva mandou que eu o chamasse caso alguma coisa estivesse errado. Estamos sendo atacados.
  Ela se afastou. Andando de um lado para o outro, pensava se não devia estar lá embaixo, ajudando. Mas já chamara os aurores, precisaria estar lá quando eles chegassem. Tinha certeza que seus colegas professores conseguiriam lidar com os poucos agoureiros que haviam entrado, e tinham poucos alunos na escola, a maioria estava na América.
  Eles conseguiriam.
  Por Merlin, eles conseguiriam.
  Pomona estava uma pilha de nervos. Avisara a Minerva que era uma péssima ideia deixá-la como diretora substituta, mas por ser a mais velha na equipe de professores, ela ganhara o posto de herança. E agora estavam sendo atacados! O Salgueiro que havia sido recém ressuscitado, com muito esforço, perdera raizes, ficaria tão fraco... Ela teria que preparar um tônico para ele imediatamente...
  Lá pela quinta volta na sala, Harry Potter emergiu da lareira, sendo seguido por um grupos de dez aurores. Pomona reconhecia alguns, eram todos seus ex-alunos.
  -Está tendo um ataque? -Harry perguntou, mas estava estampado no rosto desesperado da professora Sprout que sim.
  -Eles entraram pela passagem sob o Salgueiro, tínhamos bloqueado, mas conseguiram abrir. Consegui prender uns lá fora, mas alguns entraram.
  Harry correu para a varanda, e voltou rapidamente.
  -Eles estão atacando a barreira. Temos que ir...
  Antes que Harry pudesse dar um passo para a porta, la fora do castelo um uivo cortou o ar bruscamente. Todos correram para a varanda, a professora Sprout na frente.
  Ela encarou com olhos arregalados o buraco sob a árvore. Quantas vezes não tinha levado Remo Lupin àquele lugar tão pavoroso na calada da noite? Ainda lembrava-se se como ele corria apressado e fechava a passagem com mais pressa ainda, com medo de machucar alguém. Lembrava-se do uivo agudo quando ele se transformava pouco depois de alcançar o esconderijo.
  Pomona ficou tensa como uma corda de arco. Lembrava-se de Lupin, mas agora parecia também ouvi-lo. O que seria impossível, Remo estava morto há mais de vinte anos...
  De sob a árvore, uma figura esguia se ergueu. O pelo preto luzidio refletia a luz da lua. A professora se agarrou a varanda com firmeza. Não que tivesse medo de lobisomens, mas sentiu seu coração despedaçar um pouco. Vislumbrou Harry de lado e seu coração deu outro salto, então voltou ao normal. Por um instante parecia ter voltado no tempo. Harry se parecia tanto com James. E lá embaixo, o lobisomem uivava como muitas vezes ela temeu ver Lupin fazendo ao sair da passagem secreta, ele era um ótimo menino, muito inteligente, não merecia aquilo.
  O devaneio da professora Sprout vou varrido pela movimentação agitada dos aurores.
  -Potter? -um questionou.
  -Vão, depressa. Vocês conhecem a escola, um para cada sala comunal e o resto façam patrulha em dois pelos corredores e salas de aula.
  -Mas e aqueles lá fora? -perguntou Pomona, vendo que a barreira ficava fraca com os diversos feitiços lançados pelas figuras encapuzadas que mal pareciam ligar para o lobisomem atrás deles. -Eles vão entrar.
  -Tem mais gente chegando. -disse Harry. -Quando chegarem vamos atacar também.
  Pomona respirou fundo e olhou lá para baixo, enquanto Harry despachava os aurores, seguindo-os até a porta com instruções extras. A professora Sprout espiou lá embaixo, e então outro tranco chamou sua atenção.
  Mais uivos.
  -O que essa criança está fazendo? -ela sussurrou.
  -Mais lobisomens. -comentou Harry, que havia permanecido. -Ela está transformando crianças, é isso que está fazendo.
  -Por que? Ela acha que isso vai vingar o pai dela? Só vai fazer com que apodreça em Azkaban.
  Harry ficou calado, fitando a barreira lá embaixo ir se esvaindo. Pomona imediatamente pegou a varinha e atingiu o segundo ponto do gramado, outra barreira subiu, mais três e acabariam.
  -Onde ela está? O pai dela sempre foi um exibido, imaginei que ela gostasse do mesmo teatro. -disse Pomona, olhando os capuzes baixos.
  -Ela não está aqui, é só uma distração. -disse Harry, casualmente, mas ela notou que seus olhos estavam tempestuosos e preocupados.
  -Distração?
  -Segundo Albus e Scorpius ela quer atacar a MACUSA. E... eles estão lá. Os alvos dela.
  -E o que diabos você está fazendo aqui, Potter? Por que não está correndo para lá?
  -Gina e Malfoy estão indo para lá agora.
-Malfoy? -o espanto da professora era tão genuíno que sua voz subiu algumas notas. -M-mas...
Pomona decidiu se calar, a situação não era favorável, Harry parecia que iria entrar em combustão e ela tinha que proteger a escola.
Ambos ficaram quietos. Harry curvado sobre a amurada, assistindo as crianças lá fora que viravam pássaros e embicavam na parede transparente, além dos lobisomens que vagavam pelo gramado. Pomona vendo seus anos em Hogwarts se tornando cada vez mais intensos.
Estava velha, sem dúvida. Já se achava velha quando Harry Potter estava na escola, agora dava aula ao filho dele. Não tinha para onde fugir. Pretendia se aposentar logo, abrir uma loja de plantas em Hogsmeade, viver o resto da sua vida assim. Mas parecia que o tempo não ligava para se ela estava ficando velha, e mandava mais e mais intensidade.
Ao seu lado, Harry se mexeu inquieto.
-Professora Sprout, acha possível Voldemort ainda estar vivo?
A professora foi pega de surpresa. Ela arregalou os olhos para Harry.
-Não! Claro que não! Você o derrotou à mais de vinte anos. Soube por muitos que o viu se desintegrar por inteiro.
Harry assentiu.
-Eu vi, diante dos meus olhos, mas ainda assim... estou tendo dúvidas.
Curiosa, porém hesitante, e sem querer ouvir a resposta, Sprout perguntou:
-Por que?
Harry titubeou antes de responder, tamborilou os dedos na varanda, olhou a floresta proibida, juntou seus pensamentos para responder.
-Não sei se a senhora soube do tribunal.
-Minerva pode ter comentado rapidamente. Albus foi convocado para um tribunal no Ministério.
-Sim, foi. Então a senhora soube que ele é um animago.
-Sim, sim. Coisas assim não podem ser escondidos de professores.
Harry assentiu.
-Transfiguraram Albus em uma cobra, ninguém sabe quem, mas alguém fez. E... E a senhora também lembra que eu sabia falar a língua das cobras, por causa de Voldemort.
Ansiosa pelo nome, Pomona balançou a cabeça dizendo que sim.
-Consegui falar com Albus enquanto ele estava transfigurado. Não percebi, mas falei. Isso tinha morrido com Voldemort. E agora está de volta.
Isso explicava e muito a inquietude de Harry. A própria Pomona pensava mais que nunca na sua aposentadoria. Não podia continuar daquela forma. Ele de volta? Não.
-Querido, espero que esteja enganado. -ela disse, enfim, sem conseguir dizer mais nada.
-Eu também espero, professora.
Voltaram ao silêncio. Harry perdido nos seus pensamentos já frequentes desde o dia do tribunal, e Pomona com a nova possibilidade que se formava na sua mente de haver uma nova guerra. Dez minutos depois, as portas abriram e dois aurores entraram segurando dois corpos moles em seus braços. Eram dois agoureiros, os pulsos e tornozelos amarrados, e inconscientes.
-Os encontramos escondidos para atacar, são inexperientes. -informou um deles, um homem alto e branco, com o cabelo cortado bem rente à cabeça. -Alguma notícia dos outros?
Harry os disse que não, mas que deviam estar próximos. No outro momento, os homens já estavam voltando aos seus postos, deixando os dois corpos para trás.
Pomona os avaliou de longe. Eram apenas crianças. Pobres crianças gravemente feridas, não por fora, mas por dentro. Dali pareciam inofensivos, mas Pomona não era tão estupida para duvidar da capacidade deles de machucar.
Lá fora o grupo reserva continuava a atacar. Os minutos foram se passando, eles pareciam estar cansando, mas não desistindo.
E então, Pomona se distraiu. Seus olhos vagaram para a Floresta. O tempo passou, e então...
-A barreira! -Harry gritou.
Pomona saltou e viu que estava quase toda já desfeita. Antes que pudesse apontar a varinha, os Agoreiros viraram pássaros e voaram como torpedos para dentro do castelo.
Harry correu para a porta e parou antes para se voltar para a professora:
-Se proteja. Tranque a torre. A senhora é testemunha do ataque, preciso que fique segura.
Ele foi embora. No mesmo instante Pomona se afastou da janela e jogou um feitiço nela que cobriu o espaço aberto de tijolos, enfeitiçou as cordas dos agoireiros nocauteados para ter mais segurança e trancou a porta com um um feitiço. Era tudo que podia fazer por enquanto.
Ela se deixou cair no cadeirão. Tão alerta que ouvia o coração nos ouvidos. Novamente, o que estava acontecendo?

Voltarei em Breve 😗✌🏼

Stigma - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora