Greengrass

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Scorpius não sabia oque captar primeiro, eram tantas coisas a serem notadas e memorizadas, entendidas ao todo. Sua mente estava um turbilhão de pensamentos confusos e vontades que ele não conseguia controlar. Primeiro, ter sido praticamente forçado por Albus, -apesar do mesmo ter se oferecido a contar - era algo satisfatório e perigoso, sentia como se a qualquer momento pudesse ser levado para o ministério, ter as mãos atadas às costas e ser jogado numa cela escura entre prisioneiros que ninguém havia dado a conta do sumiço nem sentido sua falta nas ruas. Porém, a satisfação vinha do momento em que lembrava de Albus completando sua frase sobre o exercito de Delphi, e dele errando seu nome, ou melhor, lhe chamando pelo apelido de antes, mesmo que depois tivesse achado estranho, era algo grande e forte para Scorpius. Não conseguia parar seus pés, estava tão irrequieto que não conseguia controlar os próprios impulsos, andava de um lado para o outro na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Estava trancada quando chegou à porta, mas ele precisava se isolar em algum lugar e era urgente, então com o auxilio da varinha, destrancou a fechadura da porta e entrou sem fazer barulho, abriu as cortinas para que um pouco de luz entrasse na sala escura, e desde então caminhava sobre as laminas de luz deixadas pela Lua através dos três janelões que ocupavam a parede direita da sala. Não entendia como tão rapidamente havia chegado ao terceiro andar, talvez sua pressa houvesse feito ele correr demais. Ele foi até a janela, debruçou sobre o parapeito e encostou a testa na vidraça, sua respiração a embaçando e impedindo a visão do campo de quadribol, mas ele não precisava ver nada, só queria se apoiar em algum lugar, respirar fundo, acalmar a alegria dentro de si, não devia se iludir tão cedo, flashes de memória sempre podiam acontecer. Scorpius se virou para sala, contemplou sua grandeza, o teto alto e o piso extenso, as cadeiras afastadas e amontoadas junto a parede, menos a escrivaninha e a cadeira do professor, ao lado do quadro estava um armário, Scorpius havia aprendido que nunca deveria mexer nos armários das salas de aula, desde que soube que uma garota da Corvinal havia se acidentado por várias poções terem caído sobre ela, enquanto tentava abrir um. Não sabia da autenticidade dessa história, mas para se prevenir ele nunca chegava perto mais do que suficiente das coisas de Hogwarts.

Ele desencostou da janela, o coração estava mais calmo, mas o sorriso ainda tentava invadir seu rosto sempre que lembrava da voz de Albus. Ele voltou a respirar fundo, repetia como uma mantra que deveria continuar calmo ao ver Albus e não pirar achando que tudo estava bem, o temporal havia vindo, ainda estava nublado, não tinha essa de céu azul sem nuvens. Scorpius cruzou a sala com as mãos no bolso, agradecido por ninguém ter ido inspecionar as salas, principalmente ninguém como Pirraça. Ao sair da sala, ele ouviu a voz do fantasma reverberando pelos corredores com uma música francesa de muito mal gosto, sobre uma mulher e seus filhos mortos, mas Scorpius reconhecia que aquela era uma das músicas mais conhecidas entre os fantasmas de Hogwarts, apesar de parecer antiquada. Ele apertou o passo pelos corredores, até chegar nas escadas, elas despertaram a medida que ele se aproximou, e até que chegasse ao Hall de Entrada longos minutos o atrasaram enquanto as escadas iam mudando de lugar. Finalmente no chão, ele encarou a entrada para o corredor subterrâneo, as duas tochas ardiam sobre o portal, e lá dentro, mais tochas iluminavam o caminho já conhecido demais por Scorpius. Ele hesitou em descer os degraus, os olhou com medo, até que lhe chamaram lá de dentro, ele olhou confuso e viu alguém correndo e quase escorregando no lodo acumulado entre as pedras do chão.

-Scorpius? -chamou quem que estivesse vindo no escuro em sua direção. Ele correu mais até a boca do corredor, e então Scorpius pôde reconhece-lo, Simon parou no primeiro degrau e apoiou as mãos nos joelhos.

-Simon. -disse surpreso, ele parecia estar procurando alguém, por sorte não seria Scorpius, oque poderia resultar em perguntas demais. -Treino de novo?
  -Não! -riu cansado. -Vim te perguntar sobre... Albus lembrou mesmo da Tessa? -perguntou franzindo o cenho, enquanto ainda tentava recuperar o fôlego. -Queria conversar longe da sala, e longe dele também.
  -Ele não de lembrou de nada. -mentiu, não que ele tivesse mesmo lembrando de muita coisa, mas havia ocorrido um avanço, tal que fez Scorpius quase não conseguir mais parar de sorrir. -O nome só apareceu, expliquei a ele quem ela é.

Stigma - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora