O Beijo

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Todos estavam semi acordados na sala comunal da Sonserina, para onde se virasse, bocejos interrompiam conversas dos alunos sentados no chão ainda de pijamas. Os únicos acordados o suficiente eram Albus e Scorpius, que haviam acordado antes de todos, e depois da conversa no Corujal, estavam mais acordados do que nunca. Eles estavam sentados lado a lado em frente a uma estante de livros no canto da sala, as lombadas dos livros servindo de apoio para as costas, enquanto assistiam o movimento lento dos colegas em acordar. Os mais novos ainda cochilando no sofá e os já um pouco mais velhos sentados no chão de frente a lareira discutindo sobre as fadas mordentes.

Albus estava irrequieto por dentro, não parava de mexer os dedos dentro do sapato e as mãos estavam debaixo das pernas para controla-las. Queria muito falar com Scorpius, seus lábios coçavam para pergunta-lo qualquer coisa, mas após o momento no corujal, se sentia confuso. Scorpius mal se mexia, e se estava nervoso assim como Albus, nem aparentava. Tomado pelo ímpeto de tomar alguma atitude, ele se levantou e estendeu a mão para Scorpius. Malfoy levantou a cabeça o olhando desconfiado.

-O que? -perguntou aceitando a mão para se levantar.
  -Eu quero conversar com você. -disse baixo, mesmo estando um tanto afastado dos colegas sonolentos. -As fadas foram soltas lá em cima, elas não estão no dormitório. -disse já pronto para se virar e ir em direção a porta. Scorpius o segurou pela mão, não tinha tanta força assim para impedi-lo de sair dali totalmente, então foi arrastado uns dois passos antes que conseguisse parar Albus enfiando os calcanhares no chão.
  -Vamos conversar, mas... eu tenho a impressão que minha culpa as fadas estarem soltas. -sussurrou largando a mão dele sem que percebesse, olhou para os colegas e virou a cabeça para Albus de novo, ele não parecia entender, então Scorpius o empurrou para o dormitório como queria antes. Afinal teriam parado ali mesmo. -Ontem à noite, -continuou ao fechar a porta e se virar para Albus, esse estava no centro do dormitório. As opressoras paredes de pedras circulares deixavam o dormitório menor e úmido, e as camas de armações grandes não ajudavam a abrir espaço, portanto Scorpius de sentia trancado com Albus, e sem jeito de fugir do que ele queria saber. Se fosse preso, quem ligaria não é mesmo? Teria uma desculpa para não ir ao casamento. -Ontem eu fui na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, e eu tenho a impressão de ter deixado a porta aberta. -disse cruzando o espaço entre as camas e puxando Albus pelos braço consigo, levando-o para sua cama.
  -O que foi fazer lá? -Albus perguntou se sentando tenso na cama. Scorpius se inclinou e o olhou de perto, Albus recuou a cabeça um pouco com a testa franzida. O cheiro de Albus chegou a Scorpius como um tapa na cara, pois não era o mesmo de antes, ele torceu o nariz para o perfume diferente que sentia nele.
  -Fui... passear. -respondeu se recostando mais até bater as costas na pilha de travesseiros. -Vou me sentir mal se alguém se machucar. -retrucou para si mesmo.
  -Não foi você. -Albus tentou parecer relaxado com as costas curvadas e tentando se entreter com as costuras no lençol sobre a cama de Scorpius.
  -Você está pensando oque deu na sua cabeça para fazer aquilo no Corujal. -Scorpius afirmou com os olhos baixos para suas mãos, onde antes o anel prateado deveria estar, mas agora estavam escondidos numa caixinha no fundo do malão.
  -Não. -riu Albus. -Eu só estou começando a entender porque você estava estranho comigo. -ele se deitou na cama, com as pernas ainda pendendo para fora dela. -Eu só não esperava que fosse algo... importante. -ele riu e virou a cabeça para Scorpius que o observava com os olhos apertados por causa da pouca luz que as tochas proporcionavam. -Todo o time sabia? 

  -Toda a escola. -riu Scorpius. No antro da sua mente, o Baile de Inverno sempre era recordado, gostava de lembrar de como acolhedora fora aquela noite, mesmo com a breve confusão entre eles e Scamander. Albus arregalou os olhos surpreso, seu peito elevou quando puxou uma grande quantidade de ar, e se sentou novamente. 

  -Você devia ter me contado qualquer coisa, estou me sentindo idiota. -bufou e cruzou as pernas sobre a cama, os joelhos quase tocando as solas do sapato de Scorpius, que por estar praticamente esticado na cama, o assistia inclinado para trás. 

Stigma - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora