Jade

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Londres: 2:30 Pm 10°f (quatro anos atrás)

Aquela tarde chuvosa me mantinha trancada em meu quarto, lendo livros; e escutando minhas músicas favoritas, enquanto isso na cozinha, meu irmão mais velho Finn discutia com minha mãe.

- MAS POR QUE PORRA NÃO ME DEIXA EM PAZ? - gritava meu irmão enfurecido.

- me preocupo com você seu ingrato, tenho medo que morra com isso. - dizia minha mãe em tom alto e triste.

- meu pai morreu de overdose... Talvez eu morra também. - falou meu irmão batendo a porta do seu quarto, fazendo um estrondo ecoar pela casa.

Nossa vida nunca foi fácil, nenhuma vida é; perdi meu pai para as drogas quando eu apenas tinha 13 anos, finn era muito apegado a ele, demais... Quando meu pai morreu tudo foi mais difícil, minha mãe entrou em depressão, finn se envolveu com álcool e drogas, e hoje passamos por situações emocionais difíceis, Finn sempre foi bom e protetor comigo, mas confesso que é difícil suportar tantas brigas dele com nossa mãe, ela é uma boa mulher, mas sua vida virou de cabeça para baixo após a morte do nosso pai.

- vou passar o resto do dia na clínica de apoio. - fala minha mãe adentrando meu quarto. - caso algo aconteça me ligue, vou passar na farmácia pra comprar alguns remédios depois. - concordo com a cabeça ainda lendo meu livro, e a vejo sair do quarto fechando a porta.

Levanto da cama pegando meu moletom preto, e vestindo por cima da minha larga camiseta branca e calça moletom preta, escuto a porta do quarto do meu irmão ser aberta e logo ouço sua música alta ecoando pela casa... E lá vamos nós de novo, pois assim como a de Jane austen, minha vida também é difícil; pego meu livro favorito e o ponho sobre a escrivaninha, orgulho e preconceito é precioso demais para deixar jogado em cima da cama; saio do quarto e caminho pelo corredor em direção a cozinha, onde vejo finn tomando seu copo de refrigerante em meio a uma tarde fria.

- por que brigaram? - pergunto curiosa.

- porque nossa mãe quer que eu seja perfeito. - ele fala em tom rude. - não sou o garoto maravilha dela, jade. - eu o olho com tristeza.

- ela só quer que pare de usar essas drogas, essas porras fazem mal a você. - falo em tom alto. - ele me olha desaprovando minha fala.

- você só tem quinze anos, jade, jamais entenderia. - eu caminho até a mesa me sentando impaciente, enquanto ele me fala coisas insignificantes.

- e você só tem dezessete, não tente agir como o adulto presente. - digo enquanto ele passa suas mãos pelos seus cabelos pretos e grandes em desconforto... - odeio discutir com você finn, mas as vezes é inevitável. - ele caminha até mim se ajoelhando perto da cadeira.

- eu amo você jade, mas não tem que se meter na merda da minha vida, entende? - olho pra ele em desaprovação e baixo a cabeça. - mamãe vai chegar tarde hoje, vou trazer uns caras aqui.

- caras? Que caras? - não gostava de nenhum dos amigos de finn, eram todos mal educados e grosseiros, fediam a álcool e cigarro. - odeio esses seus amigos finn.

- adoro que pense assim, também odeio todos eles. - ele pisca pra mim se levantando e liga para algum de seus amigos pedindo para que cheguem umas 17:00 pm.

Vejo finn se esparramando no sofá com suas calças largas cheias de correntes, e sua camiseta larga com a foto de sua banda favorita, ele começa a olhar para seu braço estampado de tatuagens e passa os dedos  sobre o nome do nosso pai, sei o quão finn era próximo dele, Mas tudo poderia ser tão diferente...
Sigo até meu quarto, pegando minha toalha para tomar meu banho, adentro o meu banheiro e começo a me despir, vendo pelo espelho o castanho escuro dos meus olhos serem iluminados pela réstia de luz que saía pelo pequeno canto da janelinha do banheiro, após tomar meu banho, visto minha saia de pregas branca, e uma camiseta de mangas longas cor vinho, soltando e penteando meus cabelos em seguida.

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