Camille deu dois tapas no casco do Squirtle, que entendeu o sinal, começando a subida, mas devido ao excesso de peso e cansaço, demorou bem mais do que o esperado para alcançar a superfície. Quando emergiram a menina arfava.
Ela cuspiu o equipamento que a permitiu respirar na água, era inútil agora.
O próprio Squirtle pareceu agradecer quando se desvencilharam, afinal, não era só a ela que a tartaruga carregava. Camille trazia consigo um peso extra gigantesco. A mochila de viajante era maior do que o tronco da menina e dois paus de madeira ainda estavam amarrados ao corpo. Toda aquela carga durante uma madrugada no meio do mar frio tinha exaurido o pokémon.
Apressadamente, sabendo que não dispunha de tempo, Camille desamarrou as cordas ao redor da barriga e pegou os dois remos.
- Segure. – Disse em meio ar golfadas de ar.
Soltou a mochila e pegou um pequeno projetil menor que a palma de sua mão. Ainda é um mistério como poderia caber em um objeto tão pequeno, mas assim que o destampou, um bote salva vidas se inflou.
Camille jogou todos para dentro – remos, mochila e o Squirtle. Assim que estava a bordo, permitiu-se esparramar pelo tecido rústico com o pokémon. Não era lá grandes coisas, seus joelhos e pés tinham que ficar do lado de fora da embarcação, por causa do pequeno tamanho circular, mas não se importou. O pequeno bote foi tudo que as economias de sua vida tinham conseguido financiar naquela ilha e bastava.
Além do que, estava cansada demais para reclamar.
Ambos, humana e pokémon, exalavam e inalavam freneticamente. Ela abriu o zíper da roupa térmica, revelando uma blusa vermelha por baixo, retirou os óculos de proteção de mergulho e sentiu a brisa do mar.
- Ah! – Suspirou, relaxando.
O sopro foi apaziguador. Eles ficaram ali por um tempo, aproveitando-o.
E com o súbito movimento, quase os derrubando de volta nas águas salgadas, Camille pegou a imensa mochila e a puxou para si, vasculhando-a. O pokémon também se aprumou, colocando-se em pé com um olhar travesso.
A pequena fera azul tinha a estatura do joelho de um humano, de forma que ficar de pé não era lá grandes coisas, embora o casco pesasse o dobro naquele momento. O pokémon tinha uma pelagem azul bonita, olhos arredondados e característicos, e, no entanto, o que mais chamava a atenção era uma bandana vermelha molhada, desbotada e gasta, que cobria toda cabeça.
- Nós conseguimos! – A menina gritou de excitação! – Roubamos a Blastoisinite.
- Squirtle! – Exclamou o pokémon.
Eles sorriam um para o outro.
- Conseguimos! – Os olhos se enchendo d'água.
Mesmo que o cansaço dominasse cada fibra de seus músculos, a alma compensava com a energia do que aquela pedra representava. Em uníssono, seus corações pulsavam de alegria. Camille acariciou o objeto três vezes, como faria com um amante, antes de passá-la ao parceiro de crime.
O Squirtle não se aguentou.
- Squir-Squirtle! – Foi a vez dele de pular tanto e quase os derrubar no mar, sendo seus olhos a marejarem desta vez.
- Com isso... – A frase morreu em sua boca. – Com isso... – Camille não conseguia terminar, mas cerrou os punhos em comemoração.
A alegria foi tanta que até abraçou o pokémon.
- UHULLLLLLL! – Ela gritou em comemoração.
Quando o largou, a tartaruga ficou estática e levou um tempo para se recompor. Camille nem notou, estava obcecada pela pedra.
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Pokémon - Um Conto de Ladrão
FanfictionNinguém sonha em ser um ladrão, você se torna um pela necessidade. Porém existe um motivo realmente plausível para nos transformar em um fora da lei ou apenas justificamos nossas ações, inventando mentiras para realizarmos desejos egoístas? A vida f...