Capítulo 2

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Camille deu dois tapas no casco do Squirtle, que entendeu o sinal, começando a subida, mas devido ao excesso de peso e cansaço, demorou bem mais do que o esperado para alcançar a superfície. Quando emergiram a menina arfava.

Ela cuspiu o equipamento que a permitiu respirar na água, era inútil agora.

O próprio Squirtle pareceu agradecer quando se desvencilharam, afinal, não era só a ela que a tartaruga carregava. Camille trazia consigo um peso extra gigantesco. A mochila de viajante era maior do que o tronco da menina e dois paus de madeira ainda estavam amarrados ao corpo. Toda aquela carga durante uma madrugada no meio do mar frio tinha exaurido o pokémon.

Apressadamente, sabendo que não dispunha de tempo, Camille desamarrou as cordas ao redor da barriga e pegou os dois remos.

- Segure. – Disse em meio ar golfadas de ar.

Soltou a mochila e pegou um pequeno projetil menor que a palma de sua mão. Ainda é um mistério como poderia caber em um objeto tão pequeno, mas assim que o destampou, um bote salva vidas se inflou.

Camille jogou todos para dentro – remos, mochila e o Squirtle. Assim que estava a bordo, permitiu-se esparramar pelo tecido rústico com o pokémon. Não era lá grandes coisas, seus joelhos e pés tinham que ficar do lado de fora da embarcação, por causa do pequeno tamanho circular, mas não se importou. O pequeno bote foi tudo que as economias de sua vida tinham conseguido financiar naquela ilha e bastava.

Além do que, estava cansada demais para reclamar.

Ambos, humana e pokémon, exalavam e inalavam freneticamente. Ela abriu o zíper da roupa térmica, revelando uma blusa vermelha por baixo, retirou os óculos de proteção de mergulho e sentiu a brisa do mar.

- Ah! – Suspirou, relaxando.

O sopro foi apaziguador. Eles ficaram ali por um tempo, aproveitando-o.

E com o súbito movimento, quase os derrubando de volta nas águas salgadas, Camille pegou a imensa mochila e a puxou para si, vasculhando-a. O pokémon também se aprumou, colocando-se em pé com um olhar travesso.

A pequena fera azul tinha a estatura do joelho de um humano, de forma que ficar de pé não era lá grandes coisas, embora o casco pesasse o dobro naquele momento. O pokémon tinha uma pelagem azul bonita, olhos arredondados e característicos, e, no entanto, o que mais chamava a atenção era uma bandana vermelha molhada, desbotada e gasta, que cobria toda cabeça.

- Nós conseguimos! – A menina gritou de excitação! – Roubamos a Blastoisinite.

- Squirtle! – Exclamou o pokémon.

Eles sorriam um para o outro.

- Conseguimos! – Os olhos se enchendo d'água.

Mesmo que o cansaço dominasse cada fibra de seus músculos, a alma compensava com a energia do que aquela pedra representava. Em uníssono, seus corações pulsavam de alegria. Camille acariciou o objeto três vezes, como faria com um amante, antes de passá-la ao parceiro de crime.

O Squirtle não se aguentou.

- Squir-Squirtle! – Foi a vez dele de pular tanto e quase os derrubar no mar, sendo seus olhos a marejarem desta vez.

- Com isso... – A frase morreu em sua boca. – Com isso... – Camille não conseguia terminar, mas cerrou os punhos em comemoração.

A alegria foi tanta que até abraçou o pokémon.

- UHULLLLLLL! – Ela gritou em comemoração.

Quando o largou, a tartaruga ficou estática e levou um tempo para se recompor. Camille nem notou, estava obcecada pela pedra.

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora