Capítulo 31

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- Vocês saíram gritando? – Stella ria ao falar, arrancando outro naco de carne da vaca morta.

- Sim. Eu de um lado, o Squirtle do outro. Ele foi direto para a direção do Charmander que o matou.

- Que mentira Ana.

- Te juro. Ele ficou perdido e foi direto para o Charmander. – Ela decidira deixar de fora a utilização do espelho ao relatar a experiência. Quanto menor souberem, menor a chance de os acharem.

- Foi pura sorte. – Stella retrucou, se sentando. – Ou melhor, o coelho era burro. É, está explicação é única plausível.

- Ah, cala a boca. – As duas riram, junto com todos os outros pokémons ao redor.

Era a primeira vez que todos, sem uma única exceção, partilhavam do jantar a luz das chamas bruxuleantes. Nem os Charmanders, que ocasionalmente ficavam espalhados, perderam a oportunidade de ouvir sobre a primeira vez que Ana e o Squirtle caçaram.

O único que não partilhava da alegria geral com o mesmo entusiasmo do resto era Ban. Em partes por saber que a menina que ele tinha apresentado a todos tinha sequestrado seus pokémons, em partes por achar estranho Stella e Ana se darem tão bem, tão de repente. Uma não tinha tido ciúmes da outra? Ana não tinha levado uma surra da ex dele?

- Mulheres. – Ban falou, baixinho.

- Eu daria tudo para ver vocês dois gritando. – Stella disse. – Mas ainda sim, foi melhor que a primeira vez de Ban.

- Stella! – Ele sibilou.

- Meleon!

- Charizard!

Os pokémons começaram a rir ao mesmo tempo. Ana e uma parte das salamandras não entenderam o porquê.

- O que houve?

- Não conta!

- Ninguém nunca vai esquecer. – Alguns Charizards rolaram no chão de tanto rir. – Nosso corajoso Ban aqui mandou o Nine dele, na época ainda um Vulpix, assustar um cervo. Tinha que ser um cervo. O problema é que era um macho e ele disparou na direção de Ban.

- Charizard!

- Meleon!

Ban fechou o rosto enquanto o resto deles gargalhavam.

- E Ban o encarou de frente, pulando de trás de um tronco para matar o pokémon, mas ele pulou atrasado. Quando cruzou o caminho do animal, ele já estava muito perto e Ban saiu gritando como um garotinho indefeso. – Ana sorria imaginando a cena. – Só que ele nunca conseguiria fugir. Um se assustou com o outro e em segundos, eles se chocaram. Ban alçou voou e o animal morreu quando bateu numa árvore.

- Como ele bateu na árvore?

- Ninguém sabe, exceto o Nine e Ban o fez jurar nunca contar.

- Por quê?

- Porque quando encontraram o cervo morto, encontraram Ban. – Stella falava em meio a risadas. – Só que Ban estava com a bunda para cima e desmaiado.

Foi unânime. Ana gargalhou, Stella cuspiu o resto da carne de sua boca. Todos na Horda riram.

- Vão se catar.

- Char, char, char. – Um Charizard cutucava Ban com um daqueles braços pequenos.

O melhor foi que naquela noite, nenhum dos três escapou. Ana foi a idiota que gritou atrás de um coelho, Ban, o burro que caiu de bunda, e Stella, a capitã fracote que sozinha não deu conta, chamando toda a companhia para ajudar na caça de um lobo.

Nem mesmo os pokémons escaparam. O Charmander foi caçoado por sempre estar sujo e a tartaruga caçoada por ser medrosa. Este último foi o mais engraçado. O Squirtle ficou tão triste que balançou a perna de Ana, em busca de conforto, como um bebezão que corre para a mamãe.

Depois de meia hora curtindo com a cara dele, Ana cedeu.

- Vem cá. – Ela o pegou no colo. Medroso. Todos ainda riam demais. – Foi só uma piada.

Foi uma noite maravilhosa, cheia de histórias ao redor da fogueira. E em nenhum momento, Ana se sentiu enclausurada ou pensou em como fugir dos dragões.

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora