Capítulo 27

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- Não. Você está fazendo errado. – Ana mostrava para o Charmander. – Tem que incendiar aqui. – Ela apontava para os pequenos galhos ajustados um em cima do outro.

O pokémon sacudiu a cabeça.

- Char.

- Que não quer o que, seu idiota.

- Char, char. – Ele cuspiu um jato de fogo no galho que segurava e saiu correndo. Ana disparou atrás.

Foi uma competição injusta. Muito antes de ter dado cinco passos, a salamandra já estava nos braços da menina, abrindo e fechando a boca, caçoando da cara dela.

- Squirtle. – A tartaruga rolava de tanto rir, vendo a cena.

- Acenda.

- Char, char.

- Squir, squirtle.

- Ah é sua tartaruga safada? – Ela colocou o pokémon no chão. – Ei Charmander, acenda e eu deixo correr atrás do Squirtle com este galho em chamas.

- Squirtle? – O pokémon arregalou os olhos.

- E ele não vai poder usar jato d'água.

- Squirtle!

- CHAR!

A salamandra cuspiu as chamas na fogueira improvisada e partiu atrás do pokémon aquático.

- Squirtle! – O pokémon saiu correndo de um Charmander que ficou o atazanando pelo meio das matas.

- Fica rindo seu idiota.

Ela se escorou em uma árvore ao lado da fogueira, rindo. Os pokémons sumiram de vista na escuridão, deixando-a só, mas ocasionalmente, Ana conseguia pegar ver duas chamas no ar, correndo para todos os lados e alguns gritos de uma tartaruga.

- Vejo que alguém está se divertindo. – A voz de Stella se materializara do nada no meio da floresta. Ana até se assustou. – Este sorriso de agora a pouco pareceu de verdade. – Disse, adentrando na luz bruxuleante da fogueira.

Stella usava as mesmas roupas limpas de sempre, calça cinza e a blusa preta. Pelo menos ela tirou aquela jaqueta. Ao menos está deve estar suja. A menina trazia consigo um prato bem servido com carne de cervo.

Ana salivou por um instante, lambendo os lábios, mas lembrou-se da afronta da mulher a sua frente na última vez que se viram.

- E você acabou de o estragar.

- Por favor, não fique assim por mim. – Stella levantou os braços, inofensiva. Ela se sentou, sem ser convidada, do outro lado das chamas, de frente para Ana, com seu cabelo negro esvoaçante absorvendo as luzes que saia da fogueira. – Não quero atrapalhar o momento de vocês.

Ana não a respondeu.

- Imagino que ainda não deva ter conseguido caçar.

- E veio aqui por piedade? Ou esfregar comida na nossa cara, de novo?

Stella riu.

- Qual é a graça?

- Quanta hostilidade. – A menina falou, largando o prato no chão.

- E eu me pergunto o motivo.

Stella aquiesceu.

- Devo dizer que mereço. – Mais uma vez, Stella levantou os braços.

Ana fechou a expressão de seu rosto e ficou a observando em silêncio, odiando o fato, que mesmo sentada ereta e Stella curvada, ela ainda ficava uma cabeça maior.

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora