Capítulo 34

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- Até que enfim, são quase dez horas. – Ban falou, quando Ana entrou na clareira. – A gente já estava apostando quem teria que ir atrás de você para ver se estava tudo bem. Meu Deus! – O menino se assustou ao vê-la. – Sente-se. Por que está arfando tanto?

O cabelo dela estava desgrenhado e molhado, o suor escorria pelas têmporas e a mais do que nunca sua roupa fedia. Os dois pokémons ao seu lado não estavam melhores, e se jogaram no chão, arfando por ar.

- Quantos? – Ana perguntou, ignorando o resto das perguntas.

- Vinte e três. – Stella disse com um sorriso triunfante.

- Vinte.

Ela ficou sem reação. Sua boca ficou aberta e por um instante, esqueceu até de respirar, não acreditando no que ouvira. Você tem que estar de sacanagem comigo.

- Parece que viu um fantasma. – Ban falou, se ajeitado perto da mochila escorada em sua árvore.

- E você? – Stella a perguntou.

- Não valeu.

- Como não valeu? – Stella ficou de pé. – Eu ganhei do Ban na caça pela primeira vez. Lógico que valeu.

- Quantos você pegou? – Ban perguntou.

- Vocês têm mais experiência. Não valeu.

Ban começou a sorrir como uma criança.

- Ana, eu apostei em você. – Stella disse. – Não me decepciona.

- Vinte é demais.

- Ana... – Stella deixou sua voz morrer. – Quantos você pegou.

- ... – Ela respondeu, num cochicho mais baixo que poderia.

- Ana!

- Quatro.

- AEEEEE! Ela vai lavar a roupa! – Ban pulou de um pé para o outro.

Stella levantou os próprios dedos.

- Quatro? Em cinco horas, você só capturou quatro? – Ela segurava um sorriso.

- Ah, vão se danar vocês. – A menina se largou no chão. – É injustiça.

- Eu tenho que te ensinar a caçar antes de sairmos daqui.

- Ela pegou só quatro. – Ban ainda pulava de um lado ao outro. – Você vai lavar as roupas.

- Você é criança é? – Ana o repreendeu, rispidamente.

- Tá chateadinha por que perdeu, tá? – Ban apontava os dedos para o céu. – Obrigado! Isso porque eu estava sem meus pokémons. Se tivesse com eles... – Ele parou antes de completar a frase.

Seu olhar penetrante caiu sobre Ana, que virou o rosto. Stella também parou de sorrir.

- Eu... vou para lá. – Ban apontou para lugar nenhum.

- É melhor mesmo. – Stella disse, quando sentiu o clima ficar pesado. Até ele sumir no meio dos pokémons da clareira, elas não conversaram. – O desculpe por isso. Ban não teve intenção.

- Seu trabalho é ficar inventando desculpas para ele é? – Ana não levantou o olhar da grama em que estava sentada e brincava com a mão.

- Uma das melhores coisas de Ban é que ele sempre é verdadeiro – aquilo fez o peito de Ana doer. E eu sempre sou uma mentirosa. – E ele diz o que vem a mente. Só quis inventar uma desculpa pela derrota.

Ana assentiu.

Que porra é esta? Eu que o roubei e eu que fico chateada por ele ter falado dos pokémons dele? O que está acontecendo?

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora