- Até que enfim, são quase dez horas. – Ban falou, quando Ana entrou na clareira. – A gente já estava apostando quem teria que ir atrás de você para ver se estava tudo bem. Meu Deus! – O menino se assustou ao vê-la. – Sente-se. Por que está arfando tanto?
O cabelo dela estava desgrenhado e molhado, o suor escorria pelas têmporas e a mais do que nunca sua roupa fedia. Os dois pokémons ao seu lado não estavam melhores, e se jogaram no chão, arfando por ar.
- Quantos? – Ana perguntou, ignorando o resto das perguntas.
- Vinte e três. – Stella disse com um sorriso triunfante.
- Vinte.
Ela ficou sem reação. Sua boca ficou aberta e por um instante, esqueceu até de respirar, não acreditando no que ouvira. Você tem que estar de sacanagem comigo.
- Parece que viu um fantasma. – Ban falou, se ajeitado perto da mochila escorada em sua árvore.
- E você? – Stella a perguntou.
- Não valeu.
- Como não valeu? – Stella ficou de pé. – Eu ganhei do Ban na caça pela primeira vez. Lógico que valeu.
- Quantos você pegou? – Ban perguntou.
- Vocês têm mais experiência. Não valeu.
Ban começou a sorrir como uma criança.
- Ana, eu apostei em você. – Stella disse. – Não me decepciona.
- Vinte é demais.
- Ana... – Stella deixou sua voz morrer. – Quantos você pegou.
- ... – Ela respondeu, num cochicho mais baixo que poderia.
- Ana!
- Quatro.
- AEEEEE! Ela vai lavar a roupa! – Ban pulou de um pé para o outro.
Stella levantou os próprios dedos.
- Quatro? Em cinco horas, você só capturou quatro? – Ela segurava um sorriso.
- Ah, vão se danar vocês. – A menina se largou no chão. – É injustiça.
- Eu tenho que te ensinar a caçar antes de sairmos daqui.
- Ela pegou só quatro. – Ban ainda pulava de um lado ao outro. – Você vai lavar as roupas.
- Você é criança é? – Ana o repreendeu, rispidamente.
- Tá chateadinha por que perdeu, tá? – Ban apontava os dedos para o céu. – Obrigado! Isso porque eu estava sem meus pokémons. Se tivesse com eles... – Ele parou antes de completar a frase.
Seu olhar penetrante caiu sobre Ana, que virou o rosto. Stella também parou de sorrir.
- Eu... vou para lá. – Ban apontou para lugar nenhum.
- É melhor mesmo. – Stella disse, quando sentiu o clima ficar pesado. Até ele sumir no meio dos pokémons da clareira, elas não conversaram. – O desculpe por isso. Ban não teve intenção.
- Seu trabalho é ficar inventando desculpas para ele é? – Ana não levantou o olhar da grama em que estava sentada e brincava com a mão.
- Uma das melhores coisas de Ban é que ele sempre é verdadeiro – aquilo fez o peito de Ana doer. E eu sempre sou uma mentirosa. – E ele diz o que vem a mente. Só quis inventar uma desculpa pela derrota.
Ana assentiu.
Que porra é esta? Eu que o roubei e eu que fico chateada por ele ter falado dos pokémons dele? O que está acontecendo?
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Pokémon - Um Conto de Ladrão
FanfictionNinguém sonha em ser um ladrão, você se torna um pela necessidade. Porém existe um motivo realmente plausível para nos transformar em um fora da lei ou apenas justificamos nossas ações, inventando mentiras para realizarmos desejos egoístas? A vida f...