Capítulo 22

8 1 0
                                    

Um esfomeado Charizard fazia uma boquinha no meio da madrugada. Ele reconheceu o cheiro de Stella e saiu correndo para a cumprimentar. Mas assim que a viu, parou, arregalando os olhos. Ela batinha o calcanhar e balbuciava com voz baixa, embora seu semblante mostrava raiva. Muita raiva. Atrás dela vinha Ban, gesticulando e falando algo que Stella ignorava completamente. Por último, vinha a nova menina, sangrando.

O pokémon arregalou os olhos e fez o que todos os outros dragões faziam: Fingiu dormir.

O trio passou por ele e foi até a fogueira, onde se recolheram, cada um em canto, até o sol iluminar o céu.

- Levanta. - O chute no pé de Ana não foi a pior forma com que ela já acordou. Ela abriu seu olho direito, o único que conseguiu, encarando a mulher de cabelos pretos. – Eu disse para levantar.

Ana abriu a boca, mas outro chuto na sola do pé a parou.

- E não reclama.

- Não reclamei. – Ela murmurou.

- Iria.

- Parem as duas. – Ban falou, ao ver que Stella já armava o punho na direção de Ana, pronta para bater nela, novamente. – Camille. Tsc, droga. – Ele respirou fundo. – Ana, vem aqui. Precisamos definir algo.

O idiota estava sentado na sua árvore, aonde sua mochila de viajante se encontrava aberta, jogada de lado. Aposto que a primeira coisa que ele fez foi confirmar. Ele olhava para a terra, onde um grande pedaço de papel estava esticado no chão. Stella foi para o seu lado.

Biscate. Ela mal disse a menina de cabelos pretos enquanto tentava se levantar. O corpo inteiro protestou e pareceu pesar mais que chumbo. Seu punho dilacerado e quebrado doendo desenfreadamente. Ana ficou zonza ao ficar de pé, sentindo o sangue seco em sua pele.

Perdi sangue demais. E preciso cuidar do meu pulso, logo.

Nenhum dos dois facilitou, de forma que, levou um tempo para chegar até eles. O lado esquerdo de seu corpo queimou ao se mover, escoriações na barriga e no rosto a fizeram se mover como uma velha macabra, curvada, passando um pé na frente do outro com dificuldades. Tudo a incomodava. Respirar, pensar, andar, até o sol que pareceu brilhar com uma intensidade nunca vista antes. Quantas costelas esta vagabunda deve ter quebrado?

- Será que dá? – Stella perguntou abrindo os braços.

Ela e Ban se mantiveram cegos a sua dor. Poderiam ter concordado em servir de guarda para ela, mas nem por isso deixariam de fazer deste tempo um inferno, pois nenhum dos dois fez qualquer gesto para a ajudar.

- Anda Ana. – Ban comentou.

Se vocês não me matarem, eu os mato.

Ana caminhou devagar, suportando cada centímetro do corpo reclamar de seus movimentos, até chegar a eles. Ela parou em pé, com o punho quebrado encostado em seu busto, tentando oferecer alguma posição de resistência como a de Stella, que sorriu ao vê-la se esforçando. Ban ficou entre as duas, encolhido no chão.

- Aonde iremos te levar? – Ela perguntou de chofre, acenando para o mapa da região de Kanto em sua mão.

- Você tinha um... – A garganta queimou, quando ela falou rapidamente. – Um mapa? – Perguntou, diminuindo a tonalidade da voz.

- Eu tenho. – Stella respondeu, sem se virar para a menina. – Agora nos diga, aonde?

A ladra observou o mapa colorido e bem detalhado da região de Kanto. Estava tão bem feito, que até mesmo representava o local onde ocorria as maiores aparições de determinados pokémons. Um x marcava o local onde ficava a horda de dragões.

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora