Um esfomeado Charizard fazia uma boquinha no meio da madrugada. Ele reconheceu o cheiro de Stella e saiu correndo para a cumprimentar. Mas assim que a viu, parou, arregalando os olhos. Ela batinha o calcanhar e balbuciava com voz baixa, embora seu semblante mostrava raiva. Muita raiva. Atrás dela vinha Ban, gesticulando e falando algo que Stella ignorava completamente. Por último, vinha a nova menina, sangrando.
O pokémon arregalou os olhos e fez o que todos os outros dragões faziam: Fingiu dormir.
O trio passou por ele e foi até a fogueira, onde se recolheram, cada um em canto, até o sol iluminar o céu.
- Levanta. - O chute no pé de Ana não foi a pior forma com que ela já acordou. Ela abriu seu olho direito, o único que conseguiu, encarando a mulher de cabelos pretos. – Eu disse para levantar.
Ana abriu a boca, mas outro chuto na sola do pé a parou.
- E não reclama.
- Não reclamei. – Ela murmurou.
- Iria.
- Parem as duas. – Ban falou, ao ver que Stella já armava o punho na direção de Ana, pronta para bater nela, novamente. – Camille. Tsc, droga. – Ele respirou fundo. – Ana, vem aqui. Precisamos definir algo.
O idiota estava sentado na sua árvore, aonde sua mochila de viajante se encontrava aberta, jogada de lado. Aposto que a primeira coisa que ele fez foi confirmar. Ele olhava para a terra, onde um grande pedaço de papel estava esticado no chão. Stella foi para o seu lado.
Biscate. Ela mal disse a menina de cabelos pretos enquanto tentava se levantar. O corpo inteiro protestou e pareceu pesar mais que chumbo. Seu punho dilacerado e quebrado doendo desenfreadamente. Ana ficou zonza ao ficar de pé, sentindo o sangue seco em sua pele.
Perdi sangue demais. E preciso cuidar do meu pulso, logo.
Nenhum dos dois facilitou, de forma que, levou um tempo para chegar até eles. O lado esquerdo de seu corpo queimou ao se mover, escoriações na barriga e no rosto a fizeram se mover como uma velha macabra, curvada, passando um pé na frente do outro com dificuldades. Tudo a incomodava. Respirar, pensar, andar, até o sol que pareceu brilhar com uma intensidade nunca vista antes. Quantas costelas esta vagabunda deve ter quebrado?
- Será que dá? – Stella perguntou abrindo os braços.
Ela e Ban se mantiveram cegos a sua dor. Poderiam ter concordado em servir de guarda para ela, mas nem por isso deixariam de fazer deste tempo um inferno, pois nenhum dos dois fez qualquer gesto para a ajudar.
- Anda Ana. – Ban comentou.
Se vocês não me matarem, eu os mato.
Ana caminhou devagar, suportando cada centímetro do corpo reclamar de seus movimentos, até chegar a eles. Ela parou em pé, com o punho quebrado encostado em seu busto, tentando oferecer alguma posição de resistência como a de Stella, que sorriu ao vê-la se esforçando. Ban ficou entre as duas, encolhido no chão.
- Aonde iremos te levar? – Ela perguntou de chofre, acenando para o mapa da região de Kanto em sua mão.
- Você tinha um... – A garganta queimou, quando ela falou rapidamente. – Um mapa? – Perguntou, diminuindo a tonalidade da voz.
- Eu tenho. – Stella respondeu, sem se virar para a menina. – Agora nos diga, aonde?
A ladra observou o mapa colorido e bem detalhado da região de Kanto. Estava tão bem feito, que até mesmo representava o local onde ocorria as maiores aparições de determinados pokémons. Um x marcava o local onde ficava a horda de dragões.
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Pokémon - Um Conto de Ladrão
FanfictionNinguém sonha em ser um ladrão, você se torna um pela necessidade. Porém existe um motivo realmente plausível para nos transformar em um fora da lei ou apenas justificamos nossas ações, inventando mentiras para realizarmos desejos egoístas? A vida f...