- Ana, corre! – Ban gritou, armando um soco na barriga de Redmi.
A ladra não precisou de um segundo aviso, desaparecendo pela floresta. Os dois pokémons, deitados até ali na margem da clareira, partiram no seu encalço.
O capitão, no entanto, que há muito já tinha a muito participado de brigas de bares e de ruas, aparou o golpe sem maiores dificuldades, puxando o menino pelo pulso que já dobrava. A luta teria acabado ali, com Redmi imobilizando uma criança, se um gancho de direita não tivesse o arremessado para trás.
- Stella! – O Professor a chamou. – O que é isso?
- Vocês! – Jenny começou a marchar contra a menina, Luís e Caenis já sacavam suas pokébolas quando todos, e quando eu digo todos, entenda que até as sentinelas chegaram do meio das árvores em instantes, fechando o círculo ao redor daqueles quatro humanos.
Do céu dragões desceram, do chão Charmanders prepararam jatos de chamas, enquanto os Charmeleons paravam atrás dos pokémons com as garras apontadas e as bocas preparadas para dilacerar os músculos deles. A noite era densa, mas com tantas chamas unidas e prontas a serem lançadas, a clareira se iluminou como dia.
Em segundos, a batalha já tinha acabado.
- O que vocês estão fazendo? – O Professor ficou do lado de fora do círculo, perto de Ban e de Stella. – Ban, Stella, parem eles.
- Professor... – A capitã começou a falar com pesar.
- Stella, vá. – Ban a cortou. – Pegue a mochila e siga Ana. Estarei indo atrás de vocês.
- Ban... – O Professor não acreditava. – Você...
- Sinto muito Professor. – A mulher de cabelos pretos fechou os olhos e saiu em direção a mochila.
- O que está acontecendo? – O Professor Carvalho não acreditava no que estava vendo.
- Merda. Ela estava logo ali. – Alguém gritou no meio dos dragões, atraindo o olhar dos dois. – Saiam da nossa frente, seus pokémons imundos.
- Professor. – Ban o chamou, atraindo sua atenção. – Preciso que confie em mim.
- Confiar em você? – O Professor abriu as mãos. – Ban, você sabe quem é aquela menina? Sabe o que ela fez?
- Sei. – Os olhos dos dois se encontraram na escuridão. Tanta franqueza causou espanto naquele senhor.
- Você está envolvido?
- Não.
- Ban!
- Não estou! – O menino sacudiu a cabeça, mexendo os longos cabelos negros. – E não posso lhe explicar agora o porquê, mas preciso que confie em mim nesta, está bem?
Ban levantou os braços e começou a se afastar.
- Com base no que? – O Professor o fez parar, quando gritou. – Intuição? – Ban desviou o olhar. – Sabe que foi isto que fez seu pai ser traído, não é? – A voz daquele mentor se tornando mais ríspida conforme falava. – Pelo amor de Deus Ban, você e Stella acabaram de atacar oficiais. Oficiais! E por que que? Por uma ladra?
- Professor, por favor. Confie em mim.
- Me diga o porquê!
- Só confie em mim. – O treinador disse, virando as costas.
- Não me dê as costas, Ban! Não aja como seu pai fez!
Ban não se moveu, mas também não o olhou mais.
- Preciso ir até o final disto.
- Eu não terei outro discípulo como seu pai. Não vou passar por aquilo novamente. – A voz dele morreu, subitamente. – Você tem tudo para se tornar o melhor treinador do mundo. Não deixe uma ladrazinha tirar isso de você. Não jogue tudo fora.
Ban cerrou o punho. Atrás deles, no meio da clareira, alguns humanos gritavam e os pokémons os calavam.
- De que vale ser o melhor treinador do mundo, se não tenho a capacidade para salvar uma amiga?
- Amiga? Ban ela é uma ladra!
O menino virou a cabeça, seu olhar se cruzando com o de seu mentor uma última vez.
- Eu sinto muito Professor. – Ele já começava andar, quando a voz daquele mestre o interrompeu, novamente.
- Deixe a pokédex! – A voz do Professor Carvalho saiu fria e cortante, como a noite. – Se você for por este caminho, deixe-a. Não a merece.
- Professor! Por favor...
- Deixe-a. – A postura daquele senhor era rígida, inflexível. – É sua escolha.
Ban cerrou o punho com o máximo de forças que conseguiu, fechando o olhar que insistia em marejar.
Ele levantou o braço esquerdo e apertou o fecho na parte interna da mesma coxa. Um volume vermelho caiu, batendo em seu pé e rolando pela grama.
- Ban...
- Adeus. – O menino saiu correndo pela noite.
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Pokémon - Um Conto de Ladrão
FanfictionNinguém sonha em ser um ladrão, você se torna um pela necessidade. Porém existe um motivo realmente plausível para nos transformar em um fora da lei ou apenas justificamos nossas ações, inventando mentiras para realizarmos desejos egoístas? A vida f...