Capítulo 21

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- Quem está aí? – Ban gritou, tirando as mãos, e a pokébola, dos bolsos.

Mais uma vez o menino de tórax exposto se armou, se preparando para o que quer que saísse por detrás daqueles enormes troncos. Camille aproveitou o breve instante de hesitação para limpar seus olhos, acalmando seu coração. Perdera as estribeiras com aquele treinador e teria que resolver o embate mais tarde. Idiota sensacionalista.

Respirando fundo, ela continuou a encarar na direção que o barulho viera. Quando ficou claro que o causador não pretendia aparecer, tomou a dianteira:

- Se você não sair, iremos queimá-lo. – Disse com a voz mais ríspida que pode.

Ban atirou-lhe um olhar inquisitivo que Camille fingiu não notar.

- M-me desculpem... – O tom da voz era feminino. – Eu só estava de passagem.

- Não. – Ban murmurou.

- Não queria assustá-los. – Primeiro apareceram os dois braços, alvos e reluzentes, por detrás do imenso tronco a dez metro a frente de onde os eles discutiam. – Estou saindo desarmada. – E então, uma menina apareceu.

Uma mulher, na verdade, Camille pensou ao vê-la. Alta, praticamente da mesma estatura de Ban, ela continha cabelos pretos, longos e volumosos, que pendiam acima dos seios e uma leve franja rala lhe cobria a testa na diagonal, da direta para a esquerda. A blusa preta de gola alta estava colada rente ao corpo, deixando os definidos músculos de seu braço expostos. Não eram grandes, mas definitivamente trabalhados, como de alguém que sabe empregar sua força quando necessária, isso sem perder o traço da beleza feminina. A calça, de um cinza fosco, tinha um casaco da mesma cor amarrado em sua cintura, deixando as duas mangas caindo sobre suas pernas. Toda sua vestimenta estava impecável, tão quanto poderia para alguém no meio de uma floresta, mas o tênis preto surrado deveria estar do mesmo nível da calça de Ban, ou pior. O que mais chamou a atenção de Camille foi o refulgir do luar sobre ela, porém. Aparentava forçar seu caminho pelas folhas no alto das copas, apenas para iluminar aquela tez alva que brilhava com uma fonte de luz própria enquanto o negro do cabelo absorvia a noite.

Mesmo Camille teve que admitir: ela é linda.

- Ah... – Em momento algum seu olhar se direcionou a Ban ou Camille. A moça apenas fitava o chão, pisando um pé sobre o outro, claramente desconfortável. – É... hum... O-oi Ban.

Camille se surpreendeu com o cumprimento, virando-se para encarar o motivo de sua raiva. Foi a vez de Ban a ignorar. Ele ficou de boca aberta, estático, na mesma posição que assumira, incapaz de reagir. Apenas soltou um baixo e inaudível sussurro:

- Stella...

- Vocês se conhecem? – Camille jogou a pergunta, olhando de um para o outro.

- Eu não queria atrapalhar, muito menos ouvir algo... – Stella sacudiu os braços no ar, afastando uma névoa imaginária, os ignorando por completo. Ela ainda sorria falsamente, tentando disfarçar o constrangimento. – M-me desculpem. Eu... só... estava, sabe, indo ao... é... indo lá. – Em nenhum momento, ela os encarou.

Ban ainda parecia uma estátua de mármore.

- Stella... – Era a única coisa que parecia ser capaz de pronunciar. – Eu...

Está com medo? Não, não é isso. Camille simplesmente não conseguia entender a tensão no ar que estava sendo partilhado pelos dois.

- Eu também, idiota. – Ela responde de prontidão.

E então, Camille ligou os pontos. Olhando de Ban para Stella e de Stella para Ban, se lembrando da primeira conversa que trocaram no porão do navio.

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora