Capítulo 25

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- Não importa quanto tempo seja necessário, não voltem de mãos vazias. A partir de hoje, a Horda não irá mais os alimentar. – Este foi o único conselho que Stella deu antes de a deixar sozinha no meio da floresta.

Então isso que ele quis dizer com trabalhar é?

Ana se deixou ser guiada pelos dois pokémons. Não fazia ideia do que tinha que fazer ou como se caça um animal, mas o quão difícil poderia ser?

Por isso, ao invés de se ocupar com a tarefa dada, ela pensou em seu plano. Tinha conseguido os iludir a pensar que sabiam o real caminho que estava fazendo e dado o prazo de duas semanas, conseguiria chegar a tempo. E querendo admitir ou não, a biscate da Stella tem razão. Por agora, é melhor deixar a poeira abaixar. As estradas estariam lotadas. Oficiais estariam fazendo rodas em excesso e se escondendo no meio da mata. E aposto que não serão os únicos. Como a amiga de Ban deixará claro, o mundo inteiro sabia do roubo. O que significa que muitos tentariam aproveitar a oportunidade. Ana tinha um preço em sua cabeça e sabia. Apesar de ter dois guardas costas, que supostamente eram bons treinadores, não significava que conseguiriam enfrentar todo mundo.

Ela praguejou quando a mão em seu bolso encontrou apenas o vazio.

- Ban guardou a pedra. – Stella havia dito quando questionada. – Não dá para deixar com você, apagando por aí no meio da floresta. E você só irá a necessitar em duas semanas. Não se preocupe com isto agora.

Aposto que estão com medo de que eu fuja se estivesse comigo. Não posso dizer que os culpo por pensarem assim. Ela deu a volta em uma raiz enorme a sua frente, enquanto os pokémons passaram por baixo. Sairemos daqui em sete dias. Preciso aguentar apenas mais sete dias. Vou conseguir.

Vou conseguir.

Eu não vou conseguir.

A escuridão já tinha se tornado palpável quando Ana se apoiou em um daqueles enormes troncos que se erguia em todas as direções, para descansar um pouco. Andava por horas, seguindo a pequena cauda do Charmander, porque sem ela não veria nada. A mesma cauda que me causou arrepios ao chegar é a cauda que ilumina meu caminho. Quão irônica a vida pode ser?

A menina agradeceu por não ter mais pesadelos durante o dia, embora não poderia dizer o mesmo ao dormir. Ficar sob os cuidados dele tem seu preço. Ana tinha que ficar se lembrando do porquê de passar pelo sofrimento, ao acordar. O porquê de prosseguir com o roubo e não ceder a loucura das consequências de suas ações.

Ofegante, seu corpo recém recuperado apresentava fadigas com o excesso de suor devido a umidade da floresta, o pulso latejava, a forçando a reprimir o desejo de tirar aquelas faixas com unguento, e uma névoa pairava no chão, prejudicando ainda mais a visão, como se apenas o breu já não fosse o suficiente. O Squirtle mesmo tropeçou várias vezes.

O único que realmente parecia focado na tarefa e aparentava ter uma leve noção de caça era a salamandra. O pokémon passou o dia todo repreendendo os dois ao seu lado, sibilando gestos de silêncio com sua garra ao conversarem ou quebrarem um galho, fazendo um animal sair em disparada de algum arbusto que nem mesmo haviam notado. O Charmander bufava sempre que desperdiçavam o que poderia ser uma oportunidade.

O dia todo e nem uma única presa o trio tinha havia visto.

O que difícil pode ser? A ideia de caçar é mais divertida do que parece.

Como eu posso ser tão inteligente para algumas coisas e estúpida para outras? Isso aqui é questão de sobrevivência! Nem chegamos perto de matar um animal e não sei se conseguiremos. O Squirtle definitivamente não. Ana ponderou olhando o Charmander farejando o ar. Acho que também dependeremos de você para isso.

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora