Capítulo 6

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Rem olhava os nomes no caderno.

Aldez, Savendor e Entana. Os três oficiais que haviam perguntado e pedido informações sobre pistas que pudessem ter dos ladrões. Perguntaram e muito. Por via das dúvidas, quando Caenis invadiu a sala, conforme o ordenado, mandou dez oficiais com ele.

Estes três, principalmente.

O reporte de Luís também havia chegado com os que haviam deixado a cidade. Eram cinco treinadores ao total: Jake, Isabelli, Camille, Ed e Sophie.

Já era madrugada naquele instante, hora de homens estarem aproveitando o prazer de seus lares, de mulheres curtirem a família, no entanto, ao invés disto, todos estavam no departamento, nem um único oficial ousou se retirar. Queriam ajudar na busca, encontrar uma pista, serem úteis, se promoverem.

Sozinho em sua sala, uma única e sórdida pergunta açoitava o pensamento de Redmi: Será que só existe um traidor? Vasculhara os arquivos, checara os históricos de todos os quarenta oficiais da ilha e não encontrara nada. Nenhuma pista de um passado que pudesse os delatar. Não fosse por Caenis relatando quem fizera as perguntas, ainda não teria nenhum nome.

- Rem! – A voz de Jenny o assuntou. Absorto nos papéis, o homem olhou pelo departamento, mas não encontrara a origem da voz da comandante, que estava carregada com um teor de preocupação que quase nunca a vira ter. Jenny gritou mais uma vez, de fora do departamento. Más notícias, com certeza. – Rem!

Todos no departamento a viram entrar, cruzar a sala por entre as diversas mesas e cadeiras e abrir a porta da sala do capitão.

- Os Blastoises avistaram um navio a alguns quilômetros mar adentro. – Ela fez uma pausa para recuperar o ar e completou: – Um navio da equipe Rocket.

O mundo parou por um segundo naquele lugar. Os oficiais começaram a trocar olhares sem acreditar no que ouviram.

- A equipe Rocket? – Alguém falou. – Aquela equipe Rocket mesmo?

- Merda! – Redmi deu um soco na mesa, derrubando uma pilha de relatórios, antes que os burburinhos começassem.

Todo o departamento estagnou, o observando. Apressado, mais uma vez pegou seu sobretudo as pressas e saiu. Que dia para voltar!

- Chame Caenis e o restante de volta. – O detetive saiu de sua sala e cruzou a sala dando ordens a Jenny. – Quero todos na caçada por este navio. Quero saber onde pretende aportar e quando. Tracem rotas! Prováveis pontos! Tudo! Quero saber todas as opções que eles têm. Quero estar um passo a frente deles. – Redmi fez uma pausa, quando emendou: – E quero pra ontem!

- Jenny! – Quando a chamou já estava passando pela porta de entrada. – Dê um rastreador ao Blastoise e mande-o de volta. Siga aquele navio a qualquer custo. Chame os outros pokémons de volta. Depois, prepare uma coletiva de imprensa na primeira hora de amanhã. – Ele respirou fundo. – Estou indo comunicar o governador.

Ela assentiu e antes que ele pudesse atravessar o portal da sala...

- Tem certeza? – Uma oficial o pegou de surpresa. A todos, na verdade. Era a pergunta que estava entalada na garganta de qualquer um ali, só que ninguém, ate então, tivera a coragem de fazer. Até Jenny esperou, querendo ouvir aquilo. – O mundo irá saber. Depois disso não teremos mais como manter aquela pedra aqui. Nunca mais.

O peso no ombro de Rem quadruplicou. O capitão olhou o vazio da noite a sua frente e alguns sentimentos começaram a prorromper em seu peito. A dor de dois meses atrás veio como uma avalanche.

Uma dor que nunca seria curada.

A Blastoisinite era uma relíquia da cidade, embora a maioria nem sabia de sua existência. Era a relíquia de seu irmão. Ele a havia descoberto na expedição com o capitão Stern e foi o que o fizera trilhar o caminho da ciência.

A prova viva de que seu irmão existira. Uma das últimas lembranças que ele deixou. Redmi até hoje não tinha conseguido descobrir o motivo real de sua morte.

- Prefiro vê-la longe daqui do que nas mãos daqueles mercenários. – Foi necessário muito autocontrole para ele dizer tais palavras. Por que motivo ele não saberia dizer, mas abdicar da Blastoisinite na cidade, parecia abdicar a lembrança de seu irmão.

Mais devastado do que nunca, o capitão saiu, engolido pelo negrume da madrugada. 

Pokémon - Um Conto de LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora