Rem olhava os nomes no caderno.
Aldez, Savendor e Entana. Os três oficiais que haviam perguntado e pedido informações sobre pistas que pudessem ter dos ladrões. Perguntaram e muito. Por via das dúvidas, quando Caenis invadiu a sala, conforme o ordenado, mandou dez oficiais com ele.
Estes três, principalmente.
O reporte de Luís também havia chegado com os que haviam deixado a cidade. Eram cinco treinadores ao total: Jake, Isabelli, Camille, Ed e Sophie.
Já era madrugada naquele instante, hora de homens estarem aproveitando o prazer de seus lares, de mulheres curtirem a família, no entanto, ao invés disto, todos estavam no departamento, nem um único oficial ousou se retirar. Queriam ajudar na busca, encontrar uma pista, serem úteis, se promoverem.
Sozinho em sua sala, uma única e sórdida pergunta açoitava o pensamento de Redmi: Será que só existe um traidor? Vasculhara os arquivos, checara os históricos de todos os quarenta oficiais da ilha e não encontrara nada. Nenhuma pista de um passado que pudesse os delatar. Não fosse por Caenis relatando quem fizera as perguntas, ainda não teria nenhum nome.
- Rem! – A voz de Jenny o assuntou. Absorto nos papéis, o homem olhou pelo departamento, mas não encontrara a origem da voz da comandante, que estava carregada com um teor de preocupação que quase nunca a vira ter. Jenny gritou mais uma vez, de fora do departamento. Más notícias, com certeza. – Rem!
Todos no departamento a viram entrar, cruzar a sala por entre as diversas mesas e cadeiras e abrir a porta da sala do capitão.
- Os Blastoises avistaram um navio a alguns quilômetros mar adentro. – Ela fez uma pausa para recuperar o ar e completou: – Um navio da equipe Rocket.
O mundo parou por um segundo naquele lugar. Os oficiais começaram a trocar olhares sem acreditar no que ouviram.
- A equipe Rocket? – Alguém falou. – Aquela equipe Rocket mesmo?
- Merda! – Redmi deu um soco na mesa, derrubando uma pilha de relatórios, antes que os burburinhos começassem.
Todo o departamento estagnou, o observando. Apressado, mais uma vez pegou seu sobretudo as pressas e saiu. Que dia para voltar!
- Chame Caenis e o restante de volta. – O detetive saiu de sua sala e cruzou a sala dando ordens a Jenny. – Quero todos na caçada por este navio. Quero saber onde pretende aportar e quando. Tracem rotas! Prováveis pontos! Tudo! Quero saber todas as opções que eles têm. Quero estar um passo a frente deles. – Redmi fez uma pausa, quando emendou: – E quero pra ontem!
- Jenny! – Quando a chamou já estava passando pela porta de entrada. – Dê um rastreador ao Blastoise e mande-o de volta. Siga aquele navio a qualquer custo. Chame os outros pokémons de volta. Depois, prepare uma coletiva de imprensa na primeira hora de amanhã. – Ele respirou fundo. – Estou indo comunicar o governador.
Ela assentiu e antes que ele pudesse atravessar o portal da sala...
- Tem certeza? – Uma oficial o pegou de surpresa. A todos, na verdade. Era a pergunta que estava entalada na garganta de qualquer um ali, só que ninguém, ate então, tivera a coragem de fazer. Até Jenny esperou, querendo ouvir aquilo. – O mundo irá saber. Depois disso não teremos mais como manter aquela pedra aqui. Nunca mais.
O peso no ombro de Rem quadruplicou. O capitão olhou o vazio da noite a sua frente e alguns sentimentos começaram a prorromper em seu peito. A dor de dois meses atrás veio como uma avalanche.
Uma dor que nunca seria curada.
A Blastoisinite era uma relíquia da cidade, embora a maioria nem sabia de sua existência. Era a relíquia de seu irmão. Ele a havia descoberto na expedição com o capitão Stern e foi o que o fizera trilhar o caminho da ciência.
A prova viva de que seu irmão existira. Uma das últimas lembranças que ele deixou. Redmi até hoje não tinha conseguido descobrir o motivo real de sua morte.
- Prefiro vê-la longe daqui do que nas mãos daqueles mercenários. – Foi necessário muito autocontrole para ele dizer tais palavras. Por que motivo ele não saberia dizer, mas abdicar da Blastoisinite na cidade, parecia abdicar a lembrança de seu irmão.
Mais devastado do que nunca, o capitão saiu, engolido pelo negrume da madrugada.
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Pokémon - Um Conto de Ladrão
FanfictionNinguém sonha em ser um ladrão, você se torna um pela necessidade. Porém existe um motivo realmente plausível para nos transformar em um fora da lei ou apenas justificamos nossas ações, inventando mentiras para realizarmos desejos egoístas? A vida f...