Ana não conseguiu dormir aquela noite.
Ela ficou pensando em tudo que ouvira de Ban. De Stella. Do que passou com aqueles dois pokémons que dormiam em escorados em seu colo. E de como os três comeram aqueles pedaços de carne, vorazmente.
Não dava mais para continuarem passando fome, ou ir atrás de comidas proibidas, fazendo uma salamandra continuar a quebrar as regras.
Precisava dar um jeito de caçar. Precisava pensar.
A forma como a tinham jogado na floresta não estava adiantando. Ana não sabia caçar e nada se aprende do nada. Não era ágil ou forte como Stella e nem tinha pokémons como os de Ban, por isso, precisava de outra forma. Algum modo que ela saberia o que fazer com o que tinha disponível.
O que ela tinha disponível, além dos dois pokémons? A menina lembrou dos objetos em sua árvore. Como não pensei nisto antes?
Assim que as pálidas luzes solares preencheram o céu com aquele rosa azulado, Ana acordou os dois pokémons e pediu para o Charmander a levar até a clareira. Em sua árvore, seus pertences estavam empilhados, parecendo cacos velhos.
Ela pegou todos e rumou para a floresta.
Demorou um pouco para a salamandra achar o local exato que Ana queria, porém, quando viu aquela raiz imensa saindo do chão, com apenas um pequeno espaço por onde o coelho tinha escapado do Squirtle, ela o agradeceu, comemorando.
Abaixou-se perto das duas feras e lhes explicou o plano.
- Squirtle? – A tartaruga a indagou conforme andava ao seu lado.
- Pode até dar errado, mas é uma possibilidade.
Os dois tinham se afastados do Charmander, procurando por um animal de pequeno porte. E é a única coisa que consegui pensar. Andaram por quase uma hora, sem se afastar muito de onde deixaram a salamandra, até que o Squirtle a chamou, o mais silenciosamente possível.
- Squirtle. – Ele apontava para a direita, onde a cinquenta metros, um coelho pardo estava parado.
Os dois assentiram, numa concordância mútua, dando a volta.
O objetivo é simples. E agora é a hora da verdade. Ela respirou fundo, parando atrás de um tronco. Seus olhos encontraram o da tartaruga, do outro lado, que reforçou o nó da bandana. Pelo menos um de nós está confiante.
- Vamos lá. – Ela se virou e berrou: – AH!
- SQUIRTLE!
O coelho tomou um susto, não sabendo para qual diagonal olhar, ou a da tartaruga, ou a da menina, mas disparou no sentido contrário.
- Aqui.
- Squirtle.
- Aqui!
- Squirtle!
Nem em mil anos Ana conseguiria pegar sua presa na corrida. A caça era mais rápida e se encontrava desesperada, avançando em uma velocidade anormal para um coelho. Este mesmo desespero é que será meu trunfo. A audição é capaz de causar os maiores temores e criar esperanças inexistentes, ela mesmo havia dito.
E qual o maior temor que o de perder a vida?
Seus gritos e o do Squirtle fizeram o animal correr ziguezagueando em linha reta, apavorado demais para prestar atenção que eram apenas sons.
Agora é com você! Ana pensou quando viu a raiz com um minúsculo espaço embaixo. O coelho também avistara a passagem liberada e avançou num frenesi.
Só que o horizonte quebrou. O animal bateu a cabeça em algo que rachou e caiu para trás, vendo um outro coelho num reflexo partido.
- Charmander!
A salamandra pulou de cima do tronco, com as garras afiadas, dando cabo da vida de um animal atordoado.
- ISSOOOOOOOOOO! – Ana cerrara os punhos, celebrando, sem se importar com a dor de sua mão enfaixada. – Conseguimos!
- Squirtleeeeeeee!
- Char! – O pokémon levantou o animal morto.
- Isso, isso, issoooooooo! Finalmente conseguimos! Quem não consegue caçar aqui?
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Pokémon - Um Conto de Ladrão
ФанфикNinguém sonha em ser um ladrão, você se torna um pela necessidade. Porém existe um motivo realmente plausível para nos transformar em um fora da lei ou apenas justificamos nossas ações, inventando mentiras para realizarmos desejos egoístas? A vida f...