Pokémon - Um Conto de Ladrão

Capítulo 13

A cara de Face se contorceu de raiva.

- NÃO! Sua... – Ela arrancou a faca da perna e fez um longo arco para desferir um golpe fatal que nunca completou.

Não importa o quão rápido seja um humano, nunca será mais rápido que um dragão. O pokémon alaranjado passou como um jato, levando a mercenária consigo. Em um segundo ela estava sobre Camille, no outro, uma ventania ocupava o seu lugar.

- AH! – A menina respirou aliviada, com o pescoço livre.

Durante o tempo apenas recuperou o ar, com um excesso de desordem ocorrendo ao seu redor. No horizonte, em direção do mar, uma mulher gritou loucamente e Camille ficou satisfeita ao imaginar o horror estampado naquela cara riscada.

Em menos de um minuto o navio estava dominado. Camille nem vira os outros mercenários serem nocauteados. Quando se levantou, já estavam inconscientes. Dois Eevees e um Hitmonliee, perto deles, a davam uma boa ideia do que ocorrera. Mais uma vez, se sentiu alegre ao ver quatro mercenários apagados.

Os três pokémons a deram uma boa olhada. Bastou o encontro de seus olhos e a menina reconheceu o sentimento deles.

Ódio.

O daquelas feras eram intensos, cheio de repulsa e desejo de vingança. Cheio de desejo de aniquilar todos da Equipe Rocket. Exatamente como ela ficou ao ver o Squirtle. Eles a observaram e seguiram sobre a amurada, jogando-se ao mar.

Uma horda de monstros continuou saindo da sala do capitão, Ban deveria estar liberando todos. Alguns Grownlithe, Persian, Clefable ela conseguiu captar, outros nem sabia o nome. Todos abandonaram o navio, alguns para o mar, outros para a ilha e alguns para o céu. Foi uma verdadeira debandada pokémon.

Camille sentiu aquele olhar, aquela raiva emanando de todos. Ficar trancafiado dentro de uma pokébola a espera de ser usado, ou pior... ela olhou para o Squirtle... isto deve lhes ter dado muito tempo para planejar o que fariam se libertados. Os quatro mercenários eram pisoteados sem dó por todos que avançavam para a amurada. Alguns pokémons até mudaram o caminho para passar sobre eles.

A menina nem fingiu se importar. Mereciam.

O fluxo da sala foi diminuindo até se esgotar. Os últimos a saírem da cabine foi um Golduck, com o Squirtle surrado em seus braços, Ban e por último um Ninetales. A enorme raposa branca de nove caldas sustentava o pior olhar que Camille tinha visto até então. Os olhos vermelhos eram pura fúria. O pokémon, certificando-se de que ela não era um dos mercenários, levantou as caldas...

- Não Nine! – Ban tentou gritou tarde demais.

BUM!

A baforada de chamas cruzou a estrutura do navio de cima abaixo, partindo-o em dois. Cascos de madeira queimaram como galhos e a fumaça subia em direção ao céu.

- AAAAA! – Camille se afastou para não ser pega pelo fogo, ficando em uma parte do navio e Ban noutra.

- Sua estúpida! - Ban gritava com o pokémon ao seu lado. – Olha o que você fez. Ela está comigo. – A raposa virou o rosto, indiferente.

Labaredas de chamas consumia tudo em segundos. Um calor excessivo agora os cercava. Que pokémon forte.

- Camille – Ban tentou gritar. Sua anêmica voz quase não ouvida por entre as lascas de madeira que crepitavam. – Estou com seu Squirtle, não achei o Dragonite e não sei que outro pokémon te pertence.

- Nenhum – gritou, colocando a blusa sobre o rosto para respirar melhor. – É só ele. – A poeira de sua roupa a fez tossir, várias vezes.

- Este pokémon... ganhou de um Dragonite? – Ela o ouviu comentar.