13- Pelo Amor de Deus

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Chegueeeeeeeeeei!

Vambora, cambada. Preparem o coração.

Beijos e até o próximo capítulo <3

(...)

Já tinha pouco mais de 3 dias que Gizelly não tinha mais pesadelo, o que poderia significar uma coisa boa, afinal geralmente isso se seguia por uma semana direto até o ciclo tornar a se reiniciar. Mas não foi dessa fez que as coisas seguiram o seu padrão, o que, se alguém lhe contasse previamente, não ficaria surpresa.

Às 4:29 acabou acordando com o corpo inteiro suado, a mente querendo explodir e o coração tão acelerado que chegava a doer ao bater contra as costelas. Estava tão grogue, tão desnorteada, que nem ao menos notou que seu braço envolvia o corpo da loira que dormia tranquilamente ao seu lado. Suas mãos tremiam quando se levantou e cambaleou até o banheiro como se estivesse bêbada.

Se sentia suja, o suor grudava por cada parte do seu corpo. Mas a primeira coisa que fez, enquanto as imagens das facadas corriam por sua mente e o sangue espirrava em seu corpo minúsculo de criança, foi levantar a tampa do vaso e vomitar. A reação do seu corpo hoje era quando as crises estavam no seu auge, os dias que nunca conseguiu se acostumar, mesmo que os pesadelos em si com os banhos já fossem algo que tivesse entrado em sua rotina.

Depois de colocar tudo pra fora, se sentiu pior do que estava antes, como se sua alma estivesse descendo vaso sanitário abaixo quando deu a descarga. Estava no limite, a cabeça latejava, o corpo seguia trêmulo e suado, a respiração ofegante somada a uma vontade absurda de chorar. Nenhuma terapia a ajudou a superar os traumas, por isso parou de ir depois de um tempo. Quando pequena, não tinha opção a não ser ir, mas depois da adolescência acabou desistindo. Não funcionava, não tinha porque continuar. Não queria métodos para aliviar os sintomas, queria elimina-los e muitas vezes pensou em fazer o extremo para obter finalmente dias de paz.

Sua mente estava tão conturbada que não se lembrou de fechar a porta, não conseguia pensar em nada. Ainda trêmula, passou para dentro do box e ligou o chuveiro. A água não estava fria, estava congelante, por isso arfou com o contato dela em sua pele, mas não saiu debaixo. Tremendo dos pés à cabeça, intensamente, pegou a esponja e começou a se limpar.

Marcela estremeceu de frio e procurou as cobertas, puxando para cima do próprio corpo. Só então se deu conta que não estava em casa, se lembrou que havia dormido na casa de Gizelly. Então, bocejando, tateou o colchão e notou que a parte onde ela dormia estava vazia. Franziu as sobrancelhas ao ouvir um barulho muito familiar, como se alguém estivesse vomitando. Logo em seguida a descarga foi acionada e deu lugar ao som da água do chuveiro caindo sobre o corpo de alguém.

Sabia que deveria respeitar a privacidade dela, mas o som do refluxo fez com que se levantasse para verificar, preocupada. E mais tarde agradeceria por ter tomado essa decisão. Para não ficar completamente nua, pegou a blusa dela sobre a beirada da cama e vestiu pelo avesso mesmo. Quando entrou devagar no banheiro, a encontrou embaixo do chuveiro. Como o cômodo não era muito grande, respingos a atingiram devido ao box estar com a porta aberta, então notou o quanto estava gelada. A cena que presenciou a assustou ao mesmo tempo em que fez seu coração apertar até ficar do tamanho de uma tampinha de garrafa.

Gizelly tremia muito, batia os dentes de frio, mas parecia em transe. Com uma esponja na mão, ela esfregava os braços com uma força absurda, a pele já estava vermelha, ferida pelos movimentos brutos, mas ela não se abalava com isso. Marcela prendeu a respiração sem saber o que fazer a princípio, se deveria sair do banheiro ou entrar no box com ela.

Então finalmente decidiu, não poderia deixa-la daquela forma tão deplorável. Caminhou devagar e com cautela até entrar no box também. Gizelly estava tão compenetrada no que fazia, em um transe absoluto, que nem ao menos notou que estava ali. Engolindo a seco, levou a mão até a dela, a que segurava a esponja esfregava a pele já irritada.

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