Vamos?
(...)
Marcela nunca foi uma mulher adepta a calmaria. Era alguém que gostava muito de se comunicar com outras pessoas, gostava de barulho, de agitação. Sentia o vazio e a solidão que o silêncio poderia esconder, e não suportava. Dormia sempre com a televisão ligada por causa do mesmo motivo.
Gostava do caos.
Sempre foi assim, desde criança. Uma puta ironia, já que tinha nascido no interior, onde os vizinhos mais próximos ficavam a mais de um quilômetro de distância. Tinha dias que passava horas com os animais só para ter algum bagulho para se distrair.
Era um saco. Viver na fazenda era um tormento, por isso saiu com 18 anos, atrás de sua irmã, que tinha se mudado para a capital quando passou no vestibular. Foi a melhor coisa que já fez na vida. A agitação da cidade grande era tudo que mais amava na vida, não queria mais outra coisa, não sentia falta da calmaria.
Mas se envolver com a polícia não estava em seus planos de agitação.
No dia anterior, ela chegou de repente. Nunca a tinha visto por ali, e olha que costumava conversar com a maioria dos clientes que parava no bar. Foi impossível não nota-la chegando, não com aquele ar poderoso que ela exalava. De jeans, camiseta e jaqueta de couro, a morena tinha os cabelos presos em um coque desarrumado e uma expressão séria e cansada da qual parecia tentar disfarçar, mas não estava tendo êxito.
Marcela tinha bastante experiencia com pessoas para enxergar que em volta dela havia uma barreira invisível, como se ela quisesse mesmo era deixar as pessoas o mais longe possível. Era boa em iniciar assunto e até conseguiu que se apresentassem, porém logo ela foi embora. Essa foi a primeira vez que ficou pensando em algum cliente, algo nela a intrigava.
Nessa nova visita, da qual imaginou que não aconteceria outra vez, não havia a jaqueta de couro, mas uma regata preta ainda com a etiqueta. Foi a primeira coisa que percebeu ao se aproximar, mas não falou nada, afinal ela logo mostrou o distintivo preso na cintura de um jeito discreto.
Não ficou nervosa, mas não sabia o porquê de uma policial querer assunto. Então, pensativa, a guiou até o seu escritório. Ficaram em silêncio até que Marcela fechou a porta. A morena olhou para o alto e arqueou uma sobrancelha ao olhar para a câmera de segurança de dentro do pequeno recinto.
- Eu não quero te assustar, você não fez nada de errado - Gizelly finalmente a olhou, depois de mais alguns segundos. – Mas vou direto ao ponto. Você ficou sabendo do corpo que encontraram aqui na frente?
- Eu vi hoje cedo na televisão e também ouvi alguns clientes conversando lá no bar. O que isso tem a ver comigo?
- Então – Marcela notou que ela tirou alguma coisa do bolso e desdobrou antes de colocar sobre a mesa de madeira. - Você viu essa mulher? Tenho um palpite de que ela poderia estar aqui dentro antes de ter sido assassinada.
Agindo com cautela, Marcela se aproximou da policial e baixou os olhos para as fotografias. Seu coração apertou na mesma hora. Eram cenas horríveis de um corpo totalmente torturado por queimaduras e cortes na testa e nas mãos. Talvez fosse porque ela estava morta, mas não conseguia se recordar se ela esteve ou não no bar.
- Não consigo reconhecer...
A morena suspirou, frustrada.
- Entendo - ela parecia realmente desapontada. - Suas câmeras tem um sistema de gravação?
- Sim, fica tudo arquivado. Posso disponibilizar se você precisar.
- Eu gostaria, vai me ajudar muito.
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A Informante
Tiểu thuyết Lịch sửSer mulher dentro do departamento de polícia nunca foi um trabalho fácil, mas Gizelly sempre foi uma pessoa que nunca de fato se importou com isso. Destemida e com a vida pessoal repleta de cicatrizes mal curadas, ela se vê responsável por um caso g...