22- Fala Baixo

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Eu estava pensando em desistir, sei lá, dei uma desanimadinha. Para ser bem sincera. Mas algumas pessoas vieram conversar comigo e resolvi voltar.

Quem sabe uma chuva de comentários ao decorrer do capítulo não me anima/inspira para o próximo?

Prometo que vou tentar.

(...)

- Aconteceu alguma coisa? – Marcela perguntou com as sobrancelhas franzidas. A voz rouca e arrastada devido ao sono.

- A Ivy está vindo para cá com um exército de policiais – ela explicou enquanto vestia a calça às pressas, fazendo a mesma coisa com a camiseta e a jaqueta em seguida. – Não era assim que eu queria que fosse nossa manhã.

- Ah, não? – A loira sorriu de leve, se apoiando nos cotovelos para encará-la de um melhor ângulo. – E como queria que fosse?

- Com um café da manhã bem forte, lógico – a piada fez Marcela rir, embora a sargento tenha esboçado apenas um sorriso leve. Gi bocejou antes de continuar: – Mas a filha da mãe estragou tudo.

Enquanto a loira levantava com calma da cama para também se vestir, Gizelly de sentou sobre a ponta do colchão bagunçado para calçar as botas. Foi impossível não olhar para o corpo curvilíneo e reparar cada detalhe das tatuagens que ela tinha espalhadas pela pele clara como neve. Precisou amarrar a bota esquerda sem prestar atenção no que estava fazendo, afinal estava presa naquela cena de deixar qualquer um com o queixo caído. Estava encantada.

E fodida se não saísse dali correndo.

Só por isso se levantou e foi até o espelho do guarda-roupa para verificar os cabelos, amarrando-os em um coque apressado. Tentou deixá-los o mais apresentável possível. Ao se virar, ela já estava praticamente vestida, então foi até ela, precisava tirar o seu da reta, por isso disse:

- Não foi ideia minha - e deu um selinho rápido nela, algo muito diferente do que aconteceu na primeira noite que passaram juntas. Correu para a porta e se lembrou de algo muito importante: - Pode pedir para a sua babá não contar que eu estive aqui?

- Você sabe que aqui tem câmeras, né?

- Merda - Gizelly fez uma careta. - Depois eu resolvo isso. Preciso ir.

E foi. Desceu as escadas correndo e ignorou o barulho que vinha da cozinha. Provavelmente Manu e Bernardo já estavam acordados. Passou como um raio pelo quintal gramado e saiu, a chave estava no portão dessa vez. Quando chegou no carro, foi no exato momento em que as viaturas viraram na esquina lá embaixo. Só teve tempo para abrir a porta, colocar a chave na ignição – para disfarçar que havia passado a noite inteira ali de vigia - e sair rapidamente para se sentar no capô.

Gizelly contou 5 viaturas ao todo. Muito provavelmente sua amiga estava na da frente e teve a certeza quando o carro se aproximou e estacionou logo a frente do seu. Em seguida os demais foram estacionando, um após o outro. Tinha pelo menos 15 policiais.

A morena de olhos verdes saiu do banco carona e se aproximou com uma expressão julgadora, mas não Gi demonstrou nada para ela quanto a isso. Ivy estava com jeans, botas e uma camisa social preta de mangas compridas dobradas até a altura dos cotovelos. O cabelo escuro e escorrido estava preso em um rabo de cavalo alto.

- Bom dia – disse para ela.

- Como foi sua noite de vigia, sargento? – Ela perguntou, os olhos levemente semicerrados, enquanto os demais policiais se reuniam à espera de ordens.

- Pode parando com a palhaçada – mostrou o dedo do meio para ela. – Eu tenho algumas atualizações para te passar.

- E você ia esperar para fazer isso antes ou depois de tomar café na cama com a loira?

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