Oi, gente. Sei que eu disse que voltaria ontem, mas não deu tempo de terminar. Esse capítulo ficou GIGANTESCO e eu até pensei em dividi-lo em duas partes, mas aí não quis fazer isso com vocês. Então aproveitem que tem de tudo no capítulo de hoje, viu?
Ah, viram que voltei a responder os comentários com mais frequência? Saudade de interagir com vocês, então me encham de comentários porque eu AMO!
Beijos e até o próximo capítulo!
(...)
Depois que o policial achou a pequena, Gizelly não conseguia mais parar de chorar. A chuva caía de forma torrencial, encharcando ambos os corpos. O homem largou o guarda-chuva e a puxou para um abraço que nunca esqueceria em toda a sua vida. Foi como se estivesse em volta de uma barreira superprotetora.
- Você pode me dizer onde está? – Ele perguntou do jeito mais cuidadoso que conseguiu. Gizelly balançou a cabeça dizendo que sim, soluçando. – É aqui perto?
- Na minha casinha – ela disse, a voz embargada pelo choro.
- Eu me chamo Pedro – o homem sorriu tentando encorajá-la e soltou também a sacolinha com pão doce que tinha compadro para o filho. – Você pode me levar até lá?
Tanto o guarda-chuva quanto a sacola plástica foram deixadas no chão, molhando com a chuva. Gizelly se deixou pegar no colo pelo homem que queria ajuda-la. Mesmo pequenina, sabia que era muito perigoso ir com estranhos, mas o que mais poderia fazer? Era isso ou vagar o resto da noite chorando sem saber o que fazer. Por isso escondeu o rostinho no pescoço dele depois de apontar a direção e se permitiu continuar chorando, já que não conseguia fazer outra coisa que não fosse isso.
No caminho, Pedro ligou para pedir reforços e a deixou com dois policiais que chegaram primeiro ao local do crime. Depois disso, tudo foi como um borrão. Gizelly foi levada para algum lugar que não sabia qual era, estava assustada e chorava muito. Uma mulher de roupas finas chegou e entrou no carro com um pirulito gigante que não encheu os olhos da pequena, mas que pegou mesmo assim. As lagrimas foram indo embora e dando lugar a um sentimento horrível de trauma e angustia, sensações da qual nem ao menos o corpinho e mente miúda não conseguiam saber lidar.
Havia dormido na casa dessa mulher, que quando mais velha descobriu ser uma assistente social e amiga de Pedro. Não havia sido uma noite muito boa, teve pesadelos e acordou chorando pela mãe, mas a mulher a acalentou e garantiu que ela não ficaria sozinha. No dia seguinte, com muita cautela e cuidado vindo da parte dela, ela lhe serviu um café da manhã com tudo que uma criança pode gostar – cereal, achocolatado, pães de queijo, suco da fruta – e foi levada logo depois até a delegacia. Muitas pessoas com armas na cintura andando para lá e para cá em um espaço cheio de mesas abarrotadas de papeis.
Precisou contar o que tinha acontecido, já que havia sido a única pessoa a acompanhar aquilo tudo. No início não conseguiu dizer nada, mas, mesmo tão pequena, sabia que precisava fazer isso, que as pessoas precisavam saber o que seu padrasto fez. Então contou. Tudo. Todas as agressões que tinha testemunhado e o assassinato de fato.
As pessoas evitavam dizer o que tinha acontecido com sua mãe, embora não fosse burra. Já sabia que ela tinha morrido, porém foi ao saber que seu padrasto havia sido preso, que as lágrimas vieram fortes novamente, assim como foi quando precisou testemunhar sozinha – juntamente com a assistência social – o enterro da mãe. O cheiro de formol era horrível, já que havia passado tantos dias do assassinato, mas a pequena só saiu dali quando o caixão foi colocado dentro da gaveta e selado com cimento.
E Gizelly, mesmo tão pequena, sabia que metade da sua alma estava sendo colocada ali dentro juntamente com a caixa de madeira barata.
Na saída do cemitério, Pedro veio com alguns papeis na mão e se agachou bem diante de seu corpo. Ele sorria com ternura e a abraçou. Gizelly confiava nele, sentia carinho por ele, mesmo o conhecendo há tão pouco tempo. Foi ele quem a achou, foi ele quem conduziu tudo para o fim, foi graças a ele que seu padrasto estava preso. Ele tinha um rosto tão jovial, tão repleto de sonhos, Gizelly se sentia segura quando estava com ele.
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A Informante
Tarihi KurguSer mulher dentro do departamento de polícia nunca foi um trabalho fácil, mas Gizelly sempre foi uma pessoa que nunca de fato se importou com isso. Destemida e com a vida pessoal repleta de cicatrizes mal curadas, ela se vê responsável por um caso g...