Capítulo 24

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-Cecília, volte aqui – Ouço ela gritar, continuo a ignorando e entro para casa, vou em direção a cozinha, mas paro ao ouvir meu pai no telefone com alguém em seu escritório.

-Sim, eu sei que é o direito dela – Ele diz e dá um suspiro frustrado – Ela fica longe por anos e agora acha que é fácil aceitar tudo isso? – Do que é que ele está falando? Me aproximo da porta – Não me importa Matteo, ela ainda é minha filha – Como assim ainda sou filha dele? Arqueio a sobrancelha e sinto alguém tocar no meu ombro, me viro rapidamente e coloco a mão na boca.

-Quer me matar do coração Matil? – Sussurro e saio de perto da porta – Antes que me dê um sermão, ele estava falando de mim!

-Você nem me deixou falar – Ela sussurra – Vem, sua avó está te chamando na cozinha – Sigo ela e entro na cozinha vendo minha vó com um avental por cima do vestido e vários ingredientes no balcão. 

-O que é isso vó?

-Vem, vamos fazer bife à parmegiana para o almoço, eu sei que era seu preferido – Sorrio e ando até ela fazendo um coque no cabelo – Ansiosa para amanhã?

-O que tem amanhã? – Olho para ela e coloco o avental – Sabe que depois vou levar vocês ao shopping né!?

-Querida, amanhã é o jantar de véspera de natal – Ela diz, então eu assinto sorridente, eu ando tão sobrecarregada que acabei esquecendo totalmente – Não podemos fazer algo que não gaste tanto? Seu pai depositou o suficiente para sermos aceitas e para as passagens, mas após a viagem vou devolver tudo!

-Vó, meu pai não está cobrando nada e nem liga para dinheiro, dá para perceber que o que ele menos precisa é do dinheiro que mandou e outra, nós vamos sim – Sorrio e começo a separar os ingredientes – Vai ser legal, qual a graça de sair do país e ficar trancada dentro de casa? Vó, essa cidade é linda e assim como a senhora e a Mel... minha mãe, eu ainda não conheci quase nada, desde que cheguei tive que me adaptar e já começar meus estudos para não ficar atrasada ou perder o ano letivo – Ela ergue a mão em sinal de rendição e eu dou um pulinho a abraçando.

-Aliás, eu vi você e sua mãe conversando no jardim pela janela do quarto e depois ouvi ela gritando seu nome, o que aconteceu?

-Nada não vó, ela só acha que ainda pode mandar em mim ou que consegue apagar um trauma de anos em uma semana – Reviro os olhos – Mas eu não quero falar sobre, quero esquecer para poder termos uma noite agradável – Ela assente.

Passamos algumas horas na cozinha preparando o almoço e conversando sobre como é morar por aqui, se a minha mãe não fosse tão burra e desesperada por homem, estaríamos nos dando bem. Tivemos um almoço mais forçado impossível, todo mundo se forçando a ser simpático com o outro, achei que meus pais estivessem bem, mas pelo jeito me enganei e muito, após o almoço decido me arrumar, pego um vestido florido ombro a ombro e uma rasteirinha branca com algumas pedrarias na tira, deixo em cima da cama e vou para o banheiro, tomo um banho rápido e faço minha higiene, saio do banheiro enrolada na toalha, me sento na penteadeira e faço uma make leve, faço uma trança lateral e me levanto, me troco e pego minha bolsa junto ao celular, desço e vejo minha mãe e minha avó sentadas no sofá, minha mãe estava com o cabelo preso em um rabo de cavalo e minha avó estava ao lado dela.

Minha mãe sempre foi uma mulher bonita e vaidosa, de pele morena, alta, com um corpo de modelo, ela sempre chamava a atenção, até mesmo quando estava grávida ou comprometida todos a elogiavam, mas com o passar do tempo, após se separar do meu pai e se envolver com aquele traste, ela acabou se perdendo e ficando com um aspecto cansado, triste, enquanto minha vó sempre foi muito trabalhadora e religiosa. 

Acordono dia seguinte animada, afinal, é véspera de Natal, teremos um lindo jantar emfamilia, o que daria errado? Me levanto e ando até a porta da varanda do quartoa abrindo, sorrio ao ver o sol iluminando todo o jardim que estava todoenfeitado com lindas renas piscantes que pareciam reais, cascatas depisca-pisca em formato de flocos de neve enfeitavam toda a varanda dos quartos,dois enormes bonecos de neve enfeitavam as escadas da entrada e todos osarbustos da casa estavam cheios de pisca-pisca, pena que o natal aqui não éigual nos filmes, cheios de neve, mas estava tudo tão lindo, todas as casas darua estavam deslumbrantes, com toda essa história e os nervos a flor da pele, eu mal prestava atenção no que acontecia ao meu redor, volto para dentro do quarto e coloco minha pantufa,faço um coque frouxo deixando alguns fios soltos e desço, a casa está cheirando biscoito de gengibre e menta, a árvore de natal estava com uma decoraçãodelicada em vermelho e prata e um anjo de porcelana no topo, sorrio e entro nacozinha vendo a mesa posta com xícaras e pratos com desenhos de papai Noel ebonecos de neve e uma mesa farta de guloseimas, eu realmente amo o climanatalino.

*Cap NÃO revisado.

Destinos cruzados: vôo 8.552Onde histórias criam vida. Descubra agora