Capítulo 6

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Assim que chegamos ao hospital levam ela direto para a emergência e me deixam esperando na recepção, a recepcionista me entrega um copo com água e eu bebo um pouco sentindo um nó no estômago, se acontecer algo a minha mãe tenho certeza de que a Cecília não vai me perdoar, pego meu celular e para mandar uma mensagem para o Juan pedindo para ele me ligar com urgência, minutos depois meu celular toca e vejo que é ele ligando.

-O que aconteceu? – Ele diz sonolento e eu respiro fundo tentando não chorar – Melissa?

-Oi... Não é nada grave, mas queria que soubesse que estou na emergência com a minha mãe.

-Por que? O que foi que o seu digníssimo marido bêbado e drogado fez com a avó da Cecília? – Ouço sua voz se alterando, a única coisa boa que fiz até agora foi dar um ótimo pai pra minha filha.

-Nada, teoricamente – Respiro fundo e olho para a calçada tentando diminuir o estrago – Quer dizer, ele voltou a usar drogas escondido e está devendo uma grana preta para o dono da boca – Coloco a mão na testa e ando de um lado para o outro na frente da porta do hospital – Então o dono resolveu aparecer em casa para me cobrar o dinheiro que ele deve, ele me ameaçou com uma arma e começou a gritar, minha mãe acordou e foi ver o que estava acontecendo e eu disse que tava tudo bem e ele me deu mais doze horas antes de sair e deu um tiro no chão na direção dela, ela deve ter se assustado com o tiro e acabou passando mal, quando eu olhei ela já estava caída no chão, pálida.

-Como você deixou isso acontecer Melissa? – Ele grita do outro lado da linha e eu me assusto, quer dizer, eu esperava por essa reação, mas agora que ela é real, só queria entrar na defensiva.

-Não grita comigo como se eu tivesse culpa de algo, eu não fiz nada – Eu altero o tom de voz mas não muito alto para chamar a atenção das pessoas.

-Como você não tem culpa de nada Melissa? Por favor, não se faça de Santa, você sabia que uma hora isso ia acontecer ou até algo pior – Ele continua berrando – Já pensou se fosse com a Cecília?

-Dá pra você parar de gritar? Ela não morreu, eu ainda não sei o estado dela, mas ela já estava acordada quando a ambulância chegou, eles estão examinando melhor para ter certeza se foi somente do susto ou o susto desencadeou algo pior – Tento retomar a minha calma para não chorar.

-E você fala nessa calma? Você quase matou sua mãe – Ele fica em silêncio – Depois te ligo, acho que a Cecília acordou – Assim que ele desliga sem nem me deixar falar eu respiro fundo e entro novamente para dentro esperando por noticias.

O médico do plantão me chama e diz que vai transferi-la para a Santa Casa assim que surgir uma vaga e que tudo indica que tenha sido um infarto por conta do estresse que ela passou, eu não acredito que eu coloquei minha mãe a risco desse jeito, sento em uma das cadeiras da recepção e começo a chorar, como vou arrumar esse dinheiro todo até amanhã e ainda ficar no hospital com a minha mãe, sinto meu celular vibrar na minha mão e vejo que é o Juan, me levanto saindo de dentro do hospital novamente e atendo.

-Olha Juan, se for me dar um sermão nem tente, eu estou com a cabeça cheia de culpa para você querer bancar meu pai agora – Mesmo errada, preciso desse modo defensivo.

-Não quero bancar seu pai, eu não estou nem ai para as suas decisões, mas quando é algo que envolve a Cecília, eu intervenho sim, imagina se ela estivesse ai ou fosse ela? Antes de você pensar em satisfazer seus fetiches em viver correndo riscos, você deveria colocar na cabeça a responsabilidade como mãe e como filha, é irresponsável de sua parte ainda morar com alguém que não honra nem a roupa que veste e ainda acha lindo ser o fodão, quando não passa de um nada que só estraga a vida dos outros – Ele diz quase em um sussurro e eu volto a chorar pensando em como eu estaria se fosse a Cecília que estivesse no lugar da minha mãe – Já teve noticias dela?

-Sim, ela vai ser transferida para a Santa casa assim que surgir uma vaga, o médico acredita que ela tenha tido um infarto por conta do susto e do estresse.

-Você vai entrar lá e pedir para que transfiram ela para qualquer hospital particular que tiver vaga independe de onde fique localizado e vai me passar o valor que aquele canalha deve e sua conta, vou transferir o dinheiro para ela e você vai pagar essa divida!

-Por que está fazendo isso por mim?

-Não pense que estou fazendo isso por você, estou fazendo pela Cecília e pelo amor que ela sente pela avó, não dormiria bem sabendo que não fiz o suficiente para ajudá-la e pode deixar que eu converso com a Cecília sobre a avó!

-Você não tem que fazer isso pela minha mãe – Não quero ter que ouvir sempre ele jogando na minha cara que me ajudou.

-Eu tenho sim, porque enquanto você corria atrás daquele desgraçado sua mãe fazia o seu papel de mãe e graças a isso, minha filha sempre ficou segura e bem educada!

-Se for para ficar jogando na minha cara e ofendendo não precisa fazer nada disso, eu me viro, sempre me virei desde que você foi fazer sua vida para fora – Tento o ferir com minhas palavras.

-Já disse que estou fazendo pela sua mãe e pela minha filha e não venha querer virar o jogo que eu nunca deixei que faltasse nada para a Cecília e nem para você, agora preciso desligar antes que eu acorde a Cecília novamente, fico esperando a mensagem com o hospital de transferência e a conta bancária!

-Ok – Desligo.

*Capítulo Revisado 

Destinos cruzados: vôo 8.552Onde histórias criam vida. Descubra agora